segunda-feira

, 08 de julho de 2024

Cônego Agostinho, sacerdote mais idoso do Clero Marianense, celebra 102 anos

04 de abril de 2022 Arquidiocese

O saudoso Dom Hélder Câmara disse certa vez: “Feliz de quem atravessa a vida tendo mil razões para viver”. É assim que traduzimos a vida do nosso querido Cônego Agostinho, um legado de dedicação ao Reino e seus desafios, cheio de motivos para dar significado a cada momento deste presente de Deus. Somos todos responsáveis por fazer com que nossa existência tenha um real sentido. Há os que simplesmente deixam-se levar pelos acontecimentos, sem conseguir enxergar sua parcela na dimensão comunitária; outros há que fazem, a cada dia, um contínuo colocar de tijolos na construção de algo maior, por um mundo melhor.

Na celebração dos cento e dois anos de vida do Cônego Agostinho de Lourdes Coimbra Oliveira, não só a comunidade paroquial de Cristo Rei como também todas as outras de nossa Ouro Preto, unidas, homenageiam seu grande maestro, a quem nos acostumamos chamar simplesmente “Padre Agostinho”.

A tarefa de falar sobre sua vida torna-se complexa, pois algum detalhe importante (um gesto, uma ação, uma presença) poderia ficar esquecido. Afinal, a vida da Paróquia se confunde com a sua própria. Como seu primeiro pároco, ainda jovem, juntos cresceram, aprendendo e ensinando, numa reciprocidade construtiva.

Um dos significados do termo homenagem é o de manifestar respeito pelo agraciado. Como poderíamos traduzir de maneira clara o nosso respeito pelo Padre Agostinho, com quem convivemos há quase quatro décadas? Primeiro, enfatizando o seu conhecimento, que enriquece o nosso saber e nos faz constantemente aprendizes; sempre tivemos o privilégio de homilias preparadas, que davam continuidade ao nosso processo catequético. O lema da Campanha da Fraternidade deste ano, “Fala com sabedoria, ensina com amor (Pr 31, 26)”, também nos remeteu a ele, professor nato, com seu jeito sereno de se expressar. 

Da mesma forma, chamou-nos à atenção o seu espírito participativo, sempre aberto à atuação do leigo nas atividades paroquiais; é só lembrar a organização pioneira dos conselhos paroquiais, iniciativa fundamental para a representatividade da comunidade. Analogamente citamos o seu espírito aberto ao novo, que dava liberdade de criação aos seus catequistas, de crianças e de adultos, confiando sem reservas nas pessoas a quem creditava a corresponsabilidade na tarefa de evangelização. A catequese renovada da Paróquia buscou mães donas de casa, com o carisma próprio de cada uma, reservando a elas o papel de evangelizar as crianças. Percebíamos sua entusiasmada energia dando espaço aos jovens, que levavam descontração e alegria para dentro das missas, com encenações ou instrumentos musicais variados e canções animadas, o que lhes facilitava a prática religiosa.

Ainda vale destacar a inserção das Irmãs da Caridade de Otawa nos trabalhos paroquiais, a quem Padre Agostinho recebeu com a acolhida amiga habitual. As atividades exercidas por elas, além de constituir um diferencial, ajudaram-nos a amadurecer como Igreja mais atuante e misericordiosa. 

A sua alegria também se manifestava pelas músicas da liturgia, as quais cantava com sua voz robusta e cuja sonoridade ecoava por toda a igreja. Isso sem falar no Coral Cristo Rei por ele idealizado, ao qual, diligentemente, dedicava precioso tempo como regente. Da mesma forma, os bate-papos na porta da sacristia ou um encontro casual imprimiam sempre sua maneira de ser e de se comunicar com o seu largo sorriso. E não havia nada que o impedisse de cumprir, com disciplina e organização, os horários dos compromissos assumidos, nem mesmo um jogo do Galo, o time do coração. 

Poderíamos citar vários outros pontos marcantes dessa longa convivência em Cristo Rei, entretanto, na missão de representar toda a nossa comunidade, chamamos a atenção para aquilo que é essencial em um cristão: o espírito de serviço e a dedicação. Setenta e sete anos de vida sacerdotal a serviço da evangelização! Tratase de uma vida inteira de entrega generosa à promoção do bem da comunidade, também retratada dentro de sua própria casa, por meio de exemplos de acolhimento verdadeiro, testemunhando valores e deixando-se guiar pelos ensinamentos de Jesus.

O sentimento dos muitos amigos e paroquianos é o mesmo: o de alegria e o de orgulho por tê-lo como pastor, por tanto tempo, à frente de nossa Paróquia, administrando-a com visão de futuro, adiante de seu tempo. Sentimo-nos honrados pela experiência de partilha com pessoa tão especial, cristão vocacionado à santidade. Rendemos graças por vida tão digna e consagrada à construção do Reino de Deus!

Parabéns pelo aniversário, querido Cônego Agostinho! Sinta-se abraçado por todos nós, sua grande família!!!

Texto: Magda e Fábio Salmen – Paróquia de Cristo Rei