Procissão de Enterro na saída da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Padre Viegas — Mariana (MG). Foto: Paulo César Gouvêa/Arquidiocese de Mariana.

A triste dor da despedida invadiu os corações dos amigos e familiares do inesquecível Cônego Jadir Trindade Lemos. Com o clima cinza e triste, nessa terça-feira, 22 de abril, o sacerdote foi sepultado no distrito marianense de Padre Viegas, onde foi pai e pastor por mais de 30 anos.

O féretro chegou à capela da Casa de Teologia do Seminário São José, em Mariana (MG), às 22h da noite do dia 21 de abril, onde foi velado até a manhã do dia seguinte.  Rosimeire Fonseca, amiga do cônego e colaboradora do Seminário São José, expressou o privilégio em ter convivido com o sacerdote por 11 anos.

Familiares, amigos, sacerdotes e seminaristas durante a noite do dia 21 de abril, na capela da Casa de Teologia. Foto: Claudiana Magalhães/Arquidiocese de Mariana.

“Foi meu confessor, mestre, amigo, o admirava no cotidiano que vivi com ele aqui no Seminário, pela sua simplicidade, humildade, generosidade, sobretudo a caridade para com todos que aqui o procuravam. No dia a dia sempre mansinho, mas alegre e bem-humorado. Deixo o meu abraço mais carinhoso possível em agradecimento pelos anos de convivência que tive com ele”, falou Rosimeire, muito emocionada com a chegada do féretro.

Nessas três décadas em que conduziu a comunidade de fé em Padre Viegas, ele também acumulou a importante função de formador do Seminário São José, tendo orientado muitas gerações de seminaristas.

Missa das 10h do dia 22 do mesmo mês. Foto: Paulo César Gouvêa/Arquidiocese de Mariana.

Na Santa Missa de Exéquias das 10h, o Bispo Emérito de Oliveira, Dom Francisco Barroso Filho, em sua homilia, disse que o cônego deixou a marca indelével de um Pastor dedicado com os projetos pastorais da Igreja.

“Homem Santo e sábio, que marcou uma presença muito forte na formação dos nossos seminaristas e sacerdotes. Foi um grande colega de turma, muito amigo. Por onde passou deixou uma marca muito forte. Que Deus lhe conceda alcançar aquilo que ele lutou a vida toda, que é a glória eterna”, desejou Dom Barroso em entrevista ao Departamento Arquidiocesano de Comunicação (Dacom).

Dezenas de pessoas foram prestar suas últimas homenagens na cerimônia que também contou com a presença do Bispo de São João del-Rey, Dom José Eudes Campos do Nascimento, padres e seminaristas.

Na oportunidade, Dom Eudes expressou suas condolências afirmando que o cônego foi um grande exemplo para todos os padres e bispos formados no Seminário São José, sobretudo pelo testemunho deixado de sua simplicidade e humildade.

O Bispo de São João Del Rei confidenciou ter vindo participar da despedida, pedindo que lá do céu o Cônego Jadir possa olhar por todos, principalmente pelos seminaristas, a quem ele tanto se dedicou na equipe de formação.

Ao final da Missa, com uma forte salva de palmas, o féretro desceu da capela no carro funerário até o portão de entrada da Casa de Teologia. De lá foi levado no caminhão do Corpo de Bombeiros com destino a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, em Padre Viegas. Por volta do meio-dia, pela última vez na história, o brilhante presbítero fez o trajeto Mariana — Padre Viegas.

Às 14h foi celebrada a última Missa de Exéquias, presidida pelo Arcebispo Metropolitano de Mariana, Dom Airton José dos Santos, e concelebrada pelo Bispo de Colatina, Dom Lauro Sérgio Versiani Barbosa; pelo Pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, Padre Marcelo Moreira Santiago, e cerca de outros 20 presbíteros que também marcaram presença.

Em sua homilia, Dom Airton disse ser grato a Deus pela vida que habitou este irmão, e celebrar a Eucaristia no seu último momento e na sua última encomendação é uma homenagem a ele. O Arcebispo finalizou sua fala expressando que Deus se utilizou da vida de Cônego Jadir para se apresentar a todos.

A comunidade de fé realizou homenagens ao seu antigo pastor, cantando sua música preferida das missas celebradas, e uma mensagem que relembrou os bons tempos do pastoreio na localidade. Leia um trecho abaixo:

“Quem do meu tempo não se lembra das brincadeiras com as crianças do catecismo, o futebol com os jovens, os piqueniques com as crianças da escola, as Missas de Natal que eram celebradas às 23h59. […] Sua piedade e devoção nas celebrações foram sempre marcantes. Quantas homilias edificantes nos alimentaram espiritualmente e nos orientava para a vida.

Quando veio a ser nosso pároco passamos a ter missas todos os domingos aqui na paróquia. Por muito tempo Cônego Jadir celebrava aqui duas missas dominicais, 7h e 10h. Ele retornou gradativamente com as celebrações da Semana Santa até a realização de praticamente todas as solenidades, como hoje ainda é feito.

[…] Seremos eternamente agradecidos ao Cônego Jadir e principalmente a Deus por ter nos dado a graça de conviver com uma pessoa tão singular, tão maravilhosa, fiel a sua vocação ao serviço a Deus e ao próximo”, proferiu Afonso Jales, paroquiano e maestro da Corporação Musical Sagrado Coração de Jesus.

Após a encomendação da alma realizada por Dom Airton, o féretro foi levado em procissão ao som dos toques fúnebres dos sinos da igreja e da banda regida por Afonso até o cemitério local, onde ocorreu o sepultamento por volta das 15h30.

O Arcebispo Dom Airton no cemitério local, durante o sepultamento. Foto: Paulo César Gouvêa/Arquidiocese de Mariana.

Texto: Paulo César Gouvêa/Arquidiocese de Mariana

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