A conferência “O sínodo da Pan-Amazônia e o mês missionário extraordinário” encerrou as atividades do Simpósio Filosófico-Teológico promovido pela Faculdade Dom Luciano Mendes (FDLM) e o Instituto Teológico São José (ITSJ) da Arquidiocese de Mariana na última sexta-feira (7), no Espaço cultural Dom Oscar de Oliveira da Faculdade. A conferência foi ministrada pelo padre Geraldo Martins, que participou de uma experiência missionária no Amazonas, e contou com a presença de professores, leigos, dos seminaristas e dos padres formadores.
Padre Geraldo iniciou sua fala citando o Papa Paulo VI “Cristo Aponta para Amazônia”. “Essa fala do Paulo VI foi dita há quase 50 anos, em uma mensagem dirigida a peregrinos de Belém do Pará. Vejo essas palavras do Papa como palavras proféticas. Carregadas de esperança, compromisso e, na minha leitura, tem o seu cumprimento no Sínodo para a Amazônia”, disse.
“O Sínodo veio responder uma demanda que já se fazia sentir nos documentos produzidos pela Igreja Amazônica, em seus vários encontros”, afirmou padre Geraldo. Ele destacou que “só um Papa com a sensibilidade, coragem e a ousadia de Francisco para responder aos apelos do Espírito Santo e convocar um sínodo para discutir questões relativas a Amazônia”.
Padre Geraldo pontuou duas razões para este Sínodo, uma de ordem evangelizadora e pastoral e a outra político e socioambiental. “A primeira razão, a evangelizadora e pastoral, nasce dos desafios de evangelização nesta região. Extensão territorial, a escassez de padres, de evangelizadores, falta de recursos”. Para ilustrar mais sobre esses desafios, o presbítero citou a realidade da Arquidiocese de Humaitá, onde ele esteve em missão.
Segundo padre Geraldo, o Papa disse que o Sínodo é filho da Encíclica Laudato Si. “Cujo o conhecimento é condição para entender o Sínodo para Amazônia. Quem não conhece a Laudato Si irá reforçar uma posição contrária ao Sínodo”, afirmou.
Ele também destacou que o Sínodo foi realizado no mesmo período do Mês Extraordinário Missionário. “São dois eventos distintos, cada um tem o seu objetivo e motivações próprias. Mas é possível estabelecer um diálogo sobre esses dois eventos”.
Padre Geraldo convidou os presentes a olharem para o Sínodo em três momentos: a preparação, a realização e a recepção. “Para falar da preparação, eu uso Apocalipse 2,7 ‘quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas’. O processo de preparação do Sínodo pode ser resumido na palavra ‘escutar’. Um processo de escuta de mais de 80 mil pessoas”, disse. “As contribuições do processo de escuta foram fundamentais para a elaboração do instrumento de trabalho do Sínodo. Esse instrumento serviu de base para as discussões dos padre Sinodais”, disse. Padre Geraldo comentou sobre as partes do documento e sobre a repercussão do documento na Igreja e na mídia.
Ele afirmou que a realização do Sínodo é um convite à conversão. “Se a preparação para o Sínodo é um convite para escutar a Amazônia, a sua realização resultou em um fortíssimo apelo à conversão. Escuta é a palavra de preparação e essa escuta é um apelo à conversão”, disse.
Durante sua fala, padre Geraldo também falou sobre os objetivos do Sínodo para a Amazônia, sobre a urgência da conversão integral, pastoral, cultural, ecológica e sobretudo sinodal em uma Igreja de muitas facetas: “rosto indígena, camponês, afrodescendente, migrante e jovem”. Ele também destacou que é preciso ser uma Igreja samaritana, misericordiosa, solidária, mariana, servidora, querigmática e educadora sob o crivo do diálogo ecumênico inter-religioso e cultural.
Simpósio
O Simpósio Filosófico-Teológico foi iniciado no dia 4 de fevereiro. Ao longo da semana, os participantes puderam refletir sobre vários temas e participar de minicursos. A iniciativa fez parte da atividades de abertura do ano acadêmico da Faculdade Dom Luciano e do Seminário São José.