A oração da “Hora Média”, às 14h, desta terça-feira, 21 de março, marcou o início da reunião do Conselho Permanente (CP) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em sua sede em Brasília (DF) antes da 60ª Assembleia Geral.
O arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, disse que a CNBB poderia escolher por continuar realizando a reunião do CP de modo virtual, mas que optou por realizar todas, a partir desta, de modo presencialmente.
“É muito importante que estejamos, de forma sinodal, juntos na sede da CNBB para povoar as paredes e espaços de nossa Conferência com a alegria e a comunhão fraterna que nos caracteriza”, disse.
O presidente da CNBB lembrou também que trata-se da última reunião do CP no quadriênio (2019-2023) que chega ao fim antes da 60ª AG CNBB, assembleia na qual se abre um novo ciclo para a entidade com eleições gerais (nova presidência e responsáveis pelas Comissões)
Ao apresentar os 17 ítens da pauta que serão discutidos até a próxima quinta-feira, 23 de março, entre os quais as análises de conjuntura social e eclesial, a avaliação do último quadriênio (2019-2023) e a 60ª AG CNBB, o bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, disse ser “muito bom ver a casa cheia” e que será necessário, novamente, reaprender a fazer reuniões presenciais com a mesma eficácia das reuniões on-line.
De forma remota, o bispo de Carolina (MA), dom Francisco Lima Soares, mestre em sociologia e doutor em Ciências da Educação, apresentou a análise de conjuntura social e política com o título “90 dias que marcarão o nosso futuro” e foco nos últimos três meses (dezembro de 2022 e 2023).
“O Brasil e o mundo estão submetidos à uma época e um cenário com um conjunto de acontecimentos – velhos e novos – que marcarão nosso futuro”, apontou a análise.
A análise detectou um mundo em convulsão, em razão de crises nos âmbitos econômico, ambiental, social e cultural. Neste contexto, apontou o bispo de Carolina, elementos novos convivem ao mesmo tempo, com velhos elementos da realidade. Os pontos que mereceram maior destaque foram a guerra na Ucrânia, que se tornou uma guerra mundial em pedaços, e o registro de conflitos armados em 28 países além da Europa em 2022.
Os ataques e a depredação dos prédios que simbolizam os três poderes da República Federativa do Brasil dia 8 de janeiro também foi objeto de reflexão dos prelados. O mês de janeiro, na visão do grupo de análise de conjuntura, foi um misto de decepção profunda e fortalecimento de uma ampla correlação de forças em torno da Democracia. Outro ponto aprofundado é a percepção de que a desigualdade viceja em vários cantos do planeta e também no Brasil, nos dados sobre a miséria e a fome divulgados em pesquisas recentes.
“O mundo enfrenta também uma crise da democracia aprofundada por governos autoritários que fazem o uso perigoso das tecnologias digitais e de uma infocracia, fato que tem provocado, cada vez mais, polarizações ideológicas que se refletem no processo eleitoral, nas sociedades e também se refletem no interior da Igreja Católica e em outras religiões”, disse o coordenador do grupo de Análise de Conjuntura Social.
Na avaliação da gestão do quadriênio (2019-2023) os prelados, membros do Conselho Permanente, destacaram alguns pontos, a saber: o processo de atualização e renovação do Estatuto da CNBB, num contexto de muitas provações com a pandemia da covid-19; o jeito de conduzir da presidência da CNBB que ajudou atravessar os tempos difíceis, um verdadeiro teste de prova para todos e que manteve a unidade do episcopado e também manteve a independência da Igreja na conjuntura.
A avaliação apontou que houve um reposicionamento da CNBB na mídia na perspectiva da cooperação e amizade social, com ênfase para o Pacto pela Vida e pelo Brasil, e um esforço para manter a animação pastoral usando as novas tecnologias, inclusive tornando-se exemplo para as Igrejas Particulares de que é possível continuar animando os processos eclesiais e pastorais sem perder a qualidade, mesmo de forma virtual.
Outros destaques da avaliação do quadriênio foram a aprovação do Missal; o trato respeitoso com os assessores e a sintonia entre eles e os bispos que presidem as Comissões; a promoção dos encontros com a presidência dos regionais; a criação do regional Leste 3 da CNBB; a sintonia, liderança firme, serena e a composição da presidência com dois vice-presidentes; a estratégia de comunicação funcionou bem; também foi destacado que a atual gestão expressou um compromisso profundo com a espiritualidade, com a sinodalidade e com seriedade com a implementação de uma gestão moderna na sede, organismos e regionais.
Outras pautas discutidas no primeiro dia do Conselho Permanente foram a Portaria GM/MS nº 230, de 7 de março de 2023, que institui o Programa Nacional de Equidade de Gênero, Raça e Valorização das Trabalhadoras no Sistema Único da Saúde (SUS) e um conjunto de pautas que colocam as diferentes portarias do Governo Federal relacionados à bioética, novas tecnologias e a outros temas de interesse da Igreja Católica; a gestão da CNBB com o relatório das demonstrações financeiras 2022/2023 e de auditoria externa (primeira vez que o relatório é apresentado pelo Comitê Gestor na reunião do Conselho Permanente antes da assembleia que encerra o período da gestão). Na assembleia serão apresentados os relatórios que serão previamente apreciados pelo Conselho Fiscal; Foi apresentada uma prestação de contas do edital do FNS 2022 e definidos os eixos e prazos para o edital de 2023 cujo foco é na Campanhas da Fraternidade 2023. Ainda foram apresentados o tema/lema e objetivos da CF 2024.
Texto e fotos: CNBB