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Descendimento da Cruz reúne milhares de fiéis na Praça Minas Gerais em Mariana

31 de março de 2018 Arquidiocese

A Praça Minas Gerais, em Mariana, ficou repleta de fiéis para acompanhar o sermão do Descendimento da Cruz realizado nessa sexta-feira (30) pelo arcebispo emérito de Diamantina (MG), Dom João Bosco Oliver de Faria.

Relembrando o sofrimento vivido por Jesus, o pregador citou agonia no horto das Oliveiras e as tenções enfrentadas por Jesus. “A hora mais terrível para Jesus foi sua agonia no horto das Oliveiras. Solidão terrível e atroz. O evangelista Lucas conta que gotas de suor rolavam do rosto de Jesus, o vapor que abriram os poros e as gotas de sangue emergiram de sua pele. O demônio, quando Jesus termina seu tempo de oração no deserto e prepara-se para iniciar a sua vida de pregação, faz as três tentações que conhecemos. E depois, nas palavras sagradas nos contam que o demônio se retirou para voltar no tempo oportuno. Alguns teólogos e estudiosos dizem que este tempo oportuno foi o momento da oração de Jesus no horto das Oliveiras”, disse.

Dom João Bosco ressaltou que todas as pessoas presentes na Praça devem assumir a postura do Anjo consolador e amigo. “Nós, aqui na Praça, não estamos simplesmente para ver uma celebração. Mas, cada um de nós quer ser, hoje, o anjo consolador de Jesus para o seu sofrimento no horto das Oliveiras, na flagelação no caminho do calvário”, contou.

Segundo Dom João Bosco, Jesus mudou a lógica dos valores. “Só se ensina amar, amando. Amar é querer o outro feliz sem nada a esperar em troca. Amar é sofrer pelo amado. Jesus para nos ensinar o amor, o perdão, vence o ódio e o egoísmo. Quem quiser salvar a sua vida deve perde-la. Por Jesus ter colocado a pessoa humana acima da lei, o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado. Porque Jesus colocou o próximo acima dos interesses pessoais. Jesus pagou por ter sido diferente, por ter reagido diante a injustiça e do sofrimento. Por ter ido contra os privilégios de uma minoria que oprimia o outro. Por ter reagido contra um sistema, contra toda uma mentalidade, contra uma religião que tiranizava o povo simples e humilde. Por ser uma ameaça para os sacerdotes, por seus ensinamentos”, ressaltou.

O pregador também sublinhou três desafios que afastam as pessoas de Deus. “Cada um de nós querendo ser fiel a Jesus e seus ensinamentos encontra três desafios, três perigos que nos afastam de Deus e de Jesus. O primeiro deles é o hedonismo, a ânsia de gozar a vida, como se a finalidade de nossa vida fosse o prazer a qualquer custo e sem consequências. O segundo perigo é o consumismo. O gastar por gastar. O terceiro é o relativismo, onde nada é pecado e tudo é permitido”, afirmou.

Dom João Bosco convidou a todos a contemplarem o calvário. “A pessoa humana não é apenas cabeça, pensamento e razão, ela é também sentimento, é coração e vida. A virtude da religião pode ser alimentada pelo estudo e a meditação da palavra de Deus nos ensinamentos de Jesus. Mas nosso coração e nossos sentimentos precisam também se expressar e se alimentar. A celebração desta noite, a contemplação do sofrimentos de Jesus no calvário, nos ajuda a vivenciar o que sabemos, a participar de fato dos sofrimentos de Jesus. Contemplamos o calvário, contemplamos os sofrimentos de Jesus. Contemplamos os sofrimentos pessoais de Nossa Senhora”, disse o pregador.

Para o arcebispo, Maria é a mulher mais mulher de toda a história. “A grandeza e a beleza da mulher vem do seu interior, que lemos na sagrada escritura toda gloria da filha do rei vem do seu interior. Maria é o espelho para quem quer ser o que Deus projetou ao criar a mulher. Maria é também exemplo de fortaleza, ela ficou aos pés da cruz para dar força a Jesus no comprimento da missão”, afirmou.

Dom João Bosco finalizou dizendo que essa noite também é um convite para mudança. “Deus conhece a minha vida e o que Ele quer é que eu me volte e peça perdão pelos meus pecados, pelos meus erros. Precisamos ter coragem para mudar, coragem para deixar o pecado, coragem para experimentar o perdão de Deus. Coragem para experimentar o amor de Deus”, disse.

Após o sermão, os fiéis seguiram a procissão do Senhor Morto para a Praça da Sé em clima de oração e penitência.