Desde o dia 6 de janeiro, padres e diáconos da arquidiocese, juntamente com o arcebispo, Dom Geraldo, estiveram reunidos em Borda do Campo, na Região Pastoral Mariana Sul, para o retiro anual do clero, que tem como tema “Isaías Júnior: Servo da Esperança”. O retiro termina nesta sexta-feira, 10.
O assessor do encontro, Dom Dominique You, bispo da Santíssima Conceição do Araguaia, no Pará, concedeu uma entrevista ao Departamento Arquidiocesano de Comunicação (DACOM), onde ele apresenta a realidade da Igreja em sua região.
Memorias da arquidiocese de Salvador
Nascido na França, Dom Dominique foi ordenado em 1981, pelas mãos do Cardeal Bernardin Gantin. Em 2002, foi nomeado bispo auxiliar de Salvador, pelo Papa João Paulo II. Recebeu a ordenação episcopal no dia 10 de fevereiro de 2003, das mãos do Cardeal Geraldo Majella Agnelo e de Dom Walmor Oliveira de Azevedo e Dom Bernard Louis Marie Charrier.
“Tenho muitas lembranças da arquidiocese de Salvador. O baiano tem uma fé bela. Uma compreensão muito grande do ministério do amor, que é Deus. Uma segunda coisa que me surpreendeu lá, foi a capacidade de suportar sofrimentos duros. Eu vivi em uma favela e foi uma experiência muito enriquecedora. Pois eu descobri a riqueza do coração humano, quando era guiado pela fé. Em toda favela você encontra santos e pessoas destruídas. Eu encontrei muitos santos nesta favela e eles me ajudaram muito na minha caminhada de padre”, lembra o bispo.
Conceição do Araguaia
No dia 8 de fevereiro de 2006, Dom Dominique foi nomeado pelo Papa Bento XVI bispo diocesano de Santíssima Conceição do Araguaia, no Pará. Ele conta dos desafios de ser pastor de uma terra de várias etnias.
“Sofremos muitas mudanças na população. Passamos por seis ondas migratórias em 100 de Diocese. A última foi uma migração provocada pelo governo militar nos anos 70. Hoje posso dizer que das 350 mil pessoas que constituem a diocese, 90% delas chegaram a menos de 35 ano. Somos um povo migrante, desraizado, que vive procurando uma terra melhor. E isso gera dificuldades graves, porque teve muita exploração humana através dos latifúndios. O trabalho escravo foi terrível e ainda continua presente no Pará. Temos conflitos de terras, com muita violência. Tudo isso precisa ser acompanhado”, explica Dom Dominique.
Realidade indígena
“Somos essa parte da Amazônia que foi totalmente desflorestada, que a mata foi destruída. Temos poucos indígenas na diocese. Temos cinco aldeias de 50 a 100 pessoas em cada. A grande maioria dos índios foram embora para o interior da mata, o que corresponde a Prelazia do Xingu”, afirma.
O Clero
Segundo dom Dominique mesmo com uma diocese territorialmente grande o número de sacerdotes é bem pequeno. “Nossa diocese tem o tamanho de dez dioceses do Sul do país e só temos 20 padres. São cinco estrangeiros e o restante brasileiros. Sendo seis diocesanos incardinados, que estão na diocese para sempre e os outros podem ser padres diocesanos, mas de outras dioceses”, finaliza o bispo.