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Francisco se despede de Quebec: último dia da sua peregrinação

29 de julho de 2022 Igreja no Mundo

Sexto e último dia de Francisco em terras canadenses. A intensa “peregrinação penitencial” chega à sua conclusão nesta sexta-feira com o encontro com os jovens e com os idosos em uma escola primária na cidade de Iqaluit, capital do território canadense de Nunavut, localizada a sudeste da ilha de Baffin, cerca de 300 quilômetros ao sul do círculo polar ártico. A localidade, que tem 7.740 habitantes, hospeda a maior comunidade Inuit (cerca de 3.900 pessoas), uma população indígena das Costas da América, distruibuida entre a Groelândia e o Alaska e presente também na Ásia.

O dia de Francisco tem início com a missa em privado no arcebispado de Quebec onde pernoitou nos últimos dois dias. Na mesma sede do arcebispado o Santo Padre se encontra, em privado, com membros da Companhia de Jesus presentes no Canadá. Em seguida o encontro com uma delegação de indígenas de Quebec.

Depois de se despedir da Cidade de Quebec e de seus habitantes Francisco se dirigirá para Iqaluit, um voo de 3 horas e 5 minutos. No aeroporto da cidade o Papa será acolhido pelo bispo de Churchill-Hudson Bay, dom Antonhy Wieslaw Krotki e por cinco autoridades locais. A diocese tem 2.300.000 quilômetros quadrados com uma população de somente 39.353 habitantes, dos quais 11.270 são católicos. Possui 19 paróquias, 8 igrejas, 9 sacerdotes.

O primeiro compromisso nesta terra próxima do Ártico será o encontro privado com alguns alunos das ex-escolas residenciais em uma escola primária.

Mas o que são as ex-escolas residenciais, ou internatos? Com a chegada dos europeus, os povos indígenas, desde o início sofreram humilhações e hostilização por parte dos recém-chegados que os confinaram dentro de reservas em áreas geográficas pré-determinadas, iniciando assim um processo de assimilação forçada, com a aplicação de leis, tais como a Lei indígena de 1876, e a criação pelo governo canadense de escolas residenciais, confiadas às igrejas cristãs locais, incluindo a Igreja Católica, com escassos recursos financeiros. O objetivo dessas instituições, de acordo com as políticas da época, era remover as crianças da influência cultural de suas comunidades indígenas e assimilá-las à nova cultura ocidental. As crianças, muitas vezes punidas severamente, eram proibidas de falar em sua língua de nascimento e seguir sua fé religiosa. Elas viviam nestas escolas, na maioria das vezes retiradas à força de suas casas, sofrendo abusos, em superlotação, em condições sanitárias precárias e sem cuidados médicos. De acordo com o Relatório da Comissão para a Verdade e a Reconciliação, publicado em 2015, mais de três mil crianças morreram de doenças, desnutrição e maus-tratos durante um período de cerca de cem anos, desde a criação destas escolas em 1883. Outras fontes ampliam o número de vítimas.

O Papa encontra de forma privada alguns alunos dessas ex-escolas residenciais. Alguns dirigirão algumas palavras ao Santo Padre e a oração em conjunto do Pai Nosso.

Em seguida Francisco se dirigirá para o pátio da escola para o encontro com os jovens e com os idosos. Último compromisso de sua intensa peregrinação penitencial que o levou primeiramente a Edmonton e Quebec.

Foram dias de memória, de encontros, de pedidos de perdão misturados com a vergonha, como disse várias vezes Francisco. Mas também de esperança em um novo caminho, de um caminhar juntos para construir um novo horizonte, um novo futuro, todos juntos, sem distinções, sem opressões, tendo como base o respeito por cada ser humano.

Sementes lançadas por Francisco que hoje retorna a Roma, esperando que o futuro dê frutos de perdão, misericórdia e reconciliação.

Texto: Silvonei José, Quebec – Vatican News

Foto: Vatican News

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