Neste domingo, 01 de maio, a Igreja Particular de Mariana celebra 116 anos de sua elevação à Arquidiocese. O fato foi importante, pois marcou também a criação da primeira Província Eclesiástica em Minas Gerais.
O ano era de 1906, quando, em 1° de maio, São Pio X, à época Papa, elevou a Diocese de Mariana, juntamente com o bispado de Belém do Pará, à Arquidiocese por meio do documento pontifício “Sempiternam Humani Generis”. A partir daquele momento, e após 160 anos, a Igreja Primacial de Minas Gerais se tornava sede metropolitana da Província Eclesiástica de Mariana, a primeira do estado.
“Para nós, é uma alegria muito grande celebrar este importante fato histórico para a Arquidiocese de Mariana, para o estado de Minas Gerais e para o país, o Evangelho com a sua mensagem e isso, para nós, é uma grande riqueza”, pontua o Arcebispo Metropolitano de Mariana, Dom Airton José dos Santos.
Apesar de serem 116 anos como Arquidiocese, a história de evangelização e devoção desta Igreja Particular é quase tricentenária. Isso porque, como ressalta Dom Airton, no contexto histórico de 1745, quando foram criadas pela bula “Candor lucis aeternae” do Papa Bento XIV, as Dioceses de Mariana e São Paulo, eram as únicas que estavam localizadas no interior do território brasileiro.
Em artigo publicado pela Revista de Filosofia Inconfidentia, no ano de 2019, o Arcebispo Emérito de Mariana, Dom Geraldo Lyrio Rocha, explicou que como a colonização portuguesa se iniciou no litoral, nessa região foram estabelecidas as primeiras Dioceses: São Salvador da Bahia (1555), São Sebastião do Rio de Janeiro (1676), Olinda (1676), São Luís do Maranhão (1677) e Belém do Pará (1719).
Até então, as paróquias e comunidades da Igreja Particular de Mariana davam obediência à Diocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Por muitos anos, a Igreja Primacial de Minas Gerais compreendia um extenso território mineiro, correspondendo, conforme informações do Guia Geral da Arquidiocese de Mariana (2016-2017), às regiões centro e sudeste mineiras, que eram habitadas à época. “Nós temos, nesse período, um desenvolvimento enorme da Arquidiocese de Mariana”, destaca Dom Airton.
A partir do desmembramento territorial da Igreja Particular de Mariana, seja de forma total ou parcial, várias outras foram criadas: as Arquidioceses de Diamantina (1854), Pouso Alegre (1900), Belo Horizonte (1921) e Juiz de Fora (1924), e as Dioceses de Campanha (1907), Caratinga (1915), Luz (1918), Leopoldina (1942), São João del-Rei (1960) e Itabira-Coronel Fabriciano (1965). Atualmente, a Província Eclesiástica de Mariana é composta por outras três Dioceses: Caratinga, Itabira-Coronel Fabriciano e Governador Valadares.
Segundo o Código de Direito Canônico, no Cân. 369, Diocese é a porção do Povo de Deus confiada ao pastoreio do Bispo com a cooperação do presbitério.
Já a Arquidiocese, apesar de atuar da mesma forma que uma Diocese, se diferencia por reunir em torno de si outras Igrejas Particulares, normalmente, menores e mais novas, chamadas de sufragâneas. Juntas, constituem uma Província Eclesiástica que, conforme o Cân. 431, tem como objetivo promover uma ação pastoral comum às Dioceses vizinhas. Normalmente, o título de Arquidiocese é atribuído às Igrejas Particulares mais importantes devido a sua antiguidade ou ao seu tamanho.
* Texto originalmente publicado na edição nº 317 do Jornal Pastoral