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Impactos da Mineração são debatidos em Assembleia Popular em Teixeiras

10 de março de 2020 Arquidiocese

Os impactos da mineração na Zona da Mata foram debatidos na II Assembleia Popular realizada no último sábado (7) no ginásio da cidade de Teixeiras (MG). O encontro foi organizado Movimento dos Atingidos pela Mineração (MAM), juntamente com lideranças da comunidade e o Núcleo de Assessoria às Comunidades Atingidas por Mineração (NACAB). O coordenador arquidiocesano da Dimensão Sociopolítica, padre Geraldo Martins, e o pároco de Teixeira, padre Francisco Maria de Castro Moreira, participaram das reflexões.

A assembleia foi iniciada por uma mesa de debate, que foi composta por padre Geraldo, o assessor jurídico do NACAB, José Ignácio Esperança Fonseca, a coordenadora do Laboratório de Estudos Territoriais junto ao departamento de Geografia da UFV, Marilda Teles Maracci, do representante do MAM, Jean Carlos Martins Silva, E dos representantes da comunidade, Rita de Cássia Dias e Gilmar Fialho de Freitas. Após as falas da mesa, os participantes da assembleia tiveram a oportunidade de participar da fila do povo.  

Marlene Fialho, moradora da comunidade São Pedro, acompanhou todo o processo da assembleia e afirmou que a vida de comunidade ficou mais difícil com a mineradora. “Nossa vida mudou muito. Somos perturbados frequentemente, pessoas estranhas na região. Todos que estão na comunidade nasceram ali, sempre tiveram uma boa convivência, mas agora temos muita desunião, briga, conflitos. Sofremos com o barulho de caminhão, com a poeira. Sempre tivemos na comunidade momentos de oração e agora quase não temos. Vivemos com a incerteza do futuro. A mineradora disse que irá ficar 20 anos. Vamos viver muitos anos ao lado da mineração. Muitas pessoas, como meus pais, irão viver o resto da vida ao lado da mineradora”, afirmou.

O representante do MAM destacou que é preciso fazer um debate sobre desenvolvimento da região. “Queremos que os municípios da Zona da Mata, principalmente os que estão na rota de magnetita, façam uma reflexão. Essa é uma atividade econômica nova que está chegando na região. Mas essa atividade econômica pode trazer benefícios e prejuízos. Por isso, precisamos debater o que queremos para a nossa região”, disse Jean.

Envolvimento da Igreja

Segundo padre Geraldo Martins, onde a vida está ameaçada, onde os direitos humanos estão desrespeitados, a Igreja tem o dever moral de participar. “A Igreja não tem uma palavra técnica em relação a mineração, ela se firma nos princípios da Doutrina Social da Igreja: a defesa da vida, da dignidade humana, da ética, da justiça. A reflexão da Igreja é para avaliar até que ponto essa atividade econômica respeita esses princípios. Porque, a medida que qualquer atividade humana, sobretudo uma atividade econômica, falta ou agride alguns desses princípios, ela precisa ser revista”, disse.

O presbítero ressaltou que a questão não é se deve ter ou não mineração, mas qual mineração deve ser feita. “Quem ganha com a mineração? Quais são de fato os impactos que a mineração provoca na comunidade, no meio ambiente, na vida das pessoas? Por isso, a Igreja participa, sem medo de dizer, sempre ao lado dos mais vulneráveis. Daqueles que são atingidos com quaisquer atividades que venham ameaçar os direitos humanos, a dignidade humana. Por isso, a Igreja participa deste encontro e movimentos, por entender que a causa está ligada ao evangelho, a defesa da vida e dos direitos humanos”, destacou padre Geraldo.

Para a moradora da comunidade perceber o apoio da Igreja deixa a luta diferente. “A nossa luta mudou com o apoio da Igreja. Percebemos que este é o caminho e o apoio da Igreja vai nos ajudar. Não somos contra a mineração, só queremos que seja feita uma mineração de forma certa”, disse.

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