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Leiga da Arquidiocese de Mariana conta suas impressões sobre a Assembleia Ecleisial da América Latina e Caribe

30 de novembro de 2021 Arquidiocese

Grupo de trabalho da Assembleia – Foto: Arquivo pessoal de Leci Nascimento

Entre os dias 21 e 28 de novembro a Igreja na América Latina e Caribe viveu uma experiência de sinodalidade com a realização da primeira Assembleia Eclesial da América Latina e Caribe.

Presidente do Conselho Nacional do Laicato no Brasil (CNBL) do Regional Leste 2 da CNBB, a leiga Leci Nascimento, da Arquidiocese de Mariana, compartilhou sobre as suas impressões ao participar do evento. Confira:

Foi, para mim, motivo de gratidão e alegria ter participado da primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe. Uma oportunidade de discutir e de ajudar a repensar a proposta de evangelização deste amado continente. Foi realmente uma iluminação divina do Papa Francisco de propor ao Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) a realização desta Assembleia Eclesial ao invés da Conferência Episcopal. Num processo de sinodalidade, foi um momento histórico de muitas graças para a Igreja Latina e Caribenha.

Os tempos atuais nos pedem criatividade e ousadia, e assim aconteceu. A Assembleia, de forma híbrida, reuniu aproximadamente mil Assembleístas/Delegados de forma virtual e cem de forma presencial, sendo: 20% bispos, 20% sacerdotes, 1,7% diáconos, 40% leigos(as), 0,7% outras religiões, 20% religiosos e religiosas. A pessoa mais jovem tinha 17 anos, da Pastoral Juvenil do Equador e a mais idosa 87 anos, do Instituto Secular da Colômbia. Ainda 36% mulheres e 64% homens.

Um grande desafio, mas também a demonstração da força da tecnologia e a sua importância quando usada para o bem. Por isso, um grande Kairós, um tempo de graça que nos exigiu paciência, resistência, resiliência, escuta, diálogo, discernimento, percepção de nossos limites e principalmente um grande aprendizado de sinodalidade.

Muitos foram os ecos que ressoaram: valorizar e reconhecer o protagonismo dos leigos(as), em especial, da juventude na Igreja e na sociedade; o clericalismo; fortalecimento das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs); a necessidade de uma conversão interior que transborde e transforme realidades; a opção pelos pobres, pelos excluídos, por quem está à margem da sociedade; a defesa do meio ambiente; o cuidado com a casa comum; a vida ameaçada dos (as) trabalhadores(as); o direito e a justiça; a defesa dos povos originários, afrodescendentes, quilombolas, as suas culturas, suas terras e lutas; o fortalecimento dos vários carismas e ministérios que ajudam na construção de uma Igreja Sinodal; a presença mais forte da mulher nas várias instâncias de decisão.

Vimos que entre os cristãos leigos a participação maior foi a das mulheres, como no dia a dia da Igreja, mas ainda são minoria quando trata de espaços de coordenação e decisão. A formação para o laicato que ajuda a gerar um compromisso e interação entre fé e vida, a consciência de “Igreja, Povo de Deus”, que se complementam e se sustentam. Enfim, foram muitas dores e muitas esperanças!

Durante a semana foram riquíssimos as conversas e os debates nos grupos de trabalho e nas reflexões apresentadas. Gostaria de destacar o documento de escuta e discernimento que muito nos ajudou, os testemunhos dados a cada dia, o material produzido pela equipe de sistematização, a organização num todo.

No final, foram tirados 12 desafios prioritários para serem trabalhados pela igreja da América Latina e do Caribe. Saiba quais são AQUI

Ainda temos muito que avançar e isto é bom, porque em cada tempo temos as sua próprias necessidades.

Saímos com uma grande responsabilidade, porque somos testemunhas e partícipes desta história. Convictos que precisamos retornar as bases, ao nosso chão. Em alguns locais o chão é fértil – basta semear, outros teremos de adubar, outros ainda conhecer o terreno, mas em todos semear.

Precisamos conhecer mais profundamente o Documento de Aparecida e colocar em prática suas indicações. Motivar a juventude, reencantar os cristãos leigos e leigas, insistir na formação, na escuta, na SINODALIDADE para sermos verdadeiramente uma Igreja Povo de Deus, lugar de comunhão e participação. Uma Igreja de discípulos missionários em saída para as periferias existenciais e territoriais que se faz presente nas dores do Povo, principalmente os mais pobres e sofridos.

Saímos mais fortalecidos para semear tudo isso em nossas Comunidades, Paróquias, Dioceses, Regionais, em nossas bases, e desejosos por uma maior organização e para uma atuação mais eficaz das nossas ações.

Saio confiante que será frutuosa a preparação para a XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos 2021/2023, principalmente nesta fase Diocesana, quando todos(as) são chamados(as) a participarem.

 

Leci Conceição do Nascimento

Presidente do CNLB/Regional Leste II

Contato Arquidiocesano para o Sínodo 2021/2023

Veja como foi a Assembleia em:

Assembleia Eclesial, mensagem final: a sinodalidade pertence à essência da Igreja, não é uma moda passageira

Assembleia Eclesial busca depurar os convites de Deus e de Jesus para que a Igreja na América Latina e Caribe seja mais sinodal e missionária

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