Um tremor de terra que foi sentido por moradores de Congonhas, na noite desta segunda-feira (25), reforçou o clima de insegurança ligados às barragens e a necessidade de ações preventivas. O tremor sentido em vários pontos da cidade, por volta de 20h30, foi identificado pelos centros sismológicos como um abalo sísmico de 3.2 na escala Richter ocorrido em Belo Vale.
O município possui 24 barragens, sendo 23 de rejeito e uma de água, no complexo Casa de Pedra (CSN). Ao todo, 5 mil pessoas estão nas áreas de risco. Em nota publicada, a Prefeitura de Congonhas afirmou que está monitorando as informações sobre a seguranças das estruturas de barragens. “A primeira preocupação foi com a condição de estabilidade da estrutura da Barragem Casa de Pedra, que é a mais próxima da área urbana. A CSN Mineração informou que o tremor sentido em Congonhas não causou nenhuma anomalia na estrutura da barragem Casa de Pedra. Também não houve nenhum dano nas demais estruturas da unidade CSN Mineração”.
Segundo padre Antônio Claret, que acompanha os atingidos na cidade, o episódio desta segunda-feira reforça a necessidade de ações preventivas concretas da autoridades no município. “Não temos nenhuma ação preventiva. A Defesa Civil municipal é extremamente precária. Precisamos de ações preventivas na cidade”, disse.
Insegurança diária
Antes mesmo deste tremor, o clima de insegurança já fazia parte da cidade e vinha modificando a rotina das pessoas. Um desses exemplos é a Creche Dom Luciano, que está fechada desde o início do ano. Ela funcionava no bairro Residencial e atendia 130 crianças. “Após muita luta do povo, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais bloqueou 3 milhões da CSN e esse recurso está à disposição da Gestão Municipal para funcionamento da Creche em local seguro. A proposta nossa é que seja construída uma nova creche fora da área de risco e, enquanto não fica pronta, que possa se instalar em imóvel alugado. A construção pode demorar um ano. A expectativa nosso e que em fevereiro às crianças já tenham creche”, explica o padre Antônio Claret.
Segundo ele, não existe diálogo da empresa com a comunidade. “A CSN e totalmente fechada. A prefeitura é aberta ao diálogo, quando procurada pelo povo. Mas tem suas limitações para a necessária celeridade das ações”, disse.
Parte das iniciativas realizadas com a comunidade são organizadas pelas paróquias Nossa Senhora da Conceição e São José, ambas com partes em área e risco. “Cada uma a seu modo, buscam sensibilizar a sociedade. O Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) tem como trabalho prioritário, desde setembro, a organização de grupos de atingidos por rua. Funciona assim: mobilizadores chamam o povo, no dia marcado vai alguém é coordena a reunião, que é mensal, nas reuniões são debatidos os problemas e propostas de solução é desses debates vão nascendo as pautas que levadas e reivindicadas da Prefeitura ou da empresa. Já temos 6 grupos de atingidos, sendo 5 no Residencial é um no bairro Pires”, acrescentou padre Claret.