Silenciar e colocar-se à escuta de Deus, acolhendo a sua voz para além dos nossos esquemas e superando os medos com a sua ajuda.
Antes de rezar o Angelus com os peregrinos reunidos na Praça São Pedro sob um calor de 36 °C, o Papa comentou o Evangelho de João proposto pela liturgia do XIX Domingo do Tempo Comum, que fala da reação dos judeus à afirmação de Jesus: “Desci do céu”, e “se escandalizam”!
Eles se perguntam como é possível que um filho de um carpinteiro, cuja mãe e parentes são pessoas comuns, conhecidas, normais, como tantos outros, poderia ter “descido do céu”. Em outras palavras, de “como Deus poderia se manifestar de forma tão comum?”. E o Santo Padre explica:
Eles estão bloqueados na própria fé, pelo preconceito, bloqueados pelo preconceito em relação às suas origens humildes e também bloqueados pela presunção, portanto, de não terem nada a aprender d’Ele. Os preconceitos e a presunção, quanto mal nos fazem! Impedem um diálogo sincero, uma aproximação entre irmãos. Estejamos atentos aos preconceitos e à presunção. Eles têm seus próprios esquemas rígidos e não há espaço em seus corações para o que não tem a ver com eles, para o que não conseguem catalogar e arquivar nas estantes empoeiradas de suas seguranças.
No entanto – observou o Papa – “são pessoas que observam a lei, dão esmolas, respeitam os jejuns e os momentos de oração”. E mesmo Cristo tendo realizado vários milagres, isso “não os ajuda a reconhecer n’Ele o Messias”. Por quê?
Porque realizam as suas práticas religiosas não tanto para ouvir o Senhor, mas para encontrar nelas a confirmação do que pensam. São fechados à Palavra do Senhor e buscam uma confirmação para os próprios pensamentos. Isto é demonstrado pelo fato de sequer se preocuparem em pedir uma explicação a Jesus: limitam-se a murmurar entre si a respeito dele, como que para se tranquilizarem, uns aos outros, sobre aquilo de que estão convencidos, e se fecham, são fechados como que em uma fortaleza impenetrável. E assim não conseguem acreditar. O fechamento do coração, quanto mal faz, quanto mal faz!
E isso – observou o Papa – pode acontecer também a nós, na nossa vida de fé e na nossa oração:
Pode acontecer-nos, isto é, que em vez de ouvirmos verdadeiramente o que o Senhor tem para nos dizer, nós buscamos d’Ele e dos outros somente uma confirmação daquilo que pensamos, uma confirmação das nossas convicções, nossos juízos, que são pré-conceitos. Mas este modo de nos dirigirmos a Deus não nos ajuda a encontrar Deus verdadeiramente, nem a abrir-nos ao dom da sua luz e da sua graça, para crescer no bem, para fazer a sua vontade e para superar os fechamentos e as dificuldades.
Então, o convite do Santo Padre a nos perguntarmos:
Na minha vida de fé, sou capaz de realmente fazer silêncio dentro de mim e de me colocar na escuta de Deus? Estou disposto a acolher a sua voz para além dos meus esquemas e superar também, com a sua ajuda, os meus medos?
Que Maria – disse ao concluir – nos ajude a ouvir com fé a voz do Senhor e a fazer com coragem a sua vontade.
“Rezemos também pelas vítimas do trágico acidente aéreo ocorrido no Brasil”. Com essas palavras, pronunciadas diante de uma multidão reunida na Praça São Pedro, o Papa Francisco expressou sua proximidade às vítimas do acidente aéreo ocorrido na tarde de sexta-feira, 9 de agosto, em Vinhedo (SP), que matou os 58 passageiros e quatro tripulantes a bordo do voo 2283.
O avião, um turboélice ATR-72, voava com destino ao Aeroporto de Guarulhos, proveniente de Cascavel (PR), e caiu por volta das 13h22, a cerca de 80 km a noroeste de São Paulo. Apesar de ter caído em uma área residencial, ninguém ficou ferido em terra com o impacto da aeronave.
Texto: Jackson Erpen – Cidade do Vaticano
Com informações do Vatican News