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Nota de pesar pelo falecimento de Angelina Marinho que dedicou 70 anos prestando serviços à Igreja

21 de outubro de 2021 Arquidiocese

No momento da Comunhão Eucarística da Missa das 19 horas, da quarta-feira, dia 20 de outubro, a ligação telefônica, direto do CTI do Hospital São João Batista, em Viçosa, trouxe-nos a notícia que não gostaríamos de receber: após alguns dias de internação, acometida das comorbidades próprias de seus 92 anos, Angelina celebrou a sua Páscoa.

Ao longo da História muitas figuras humanas são alvo de grande prestígio. Certamente construíram a casa de seu ser alicerçada no altruísmo. Afinal, qual teria sido o encanto das amizades protagonizadas por uma pessoa tão despretensiosa como a Angelina? Ela mesma! Por certo, a mais justa resposta seja assegurar que é ela própria. Todos nos sentimos pequenos diante da sinceridade de uma vida que só sabe doar-se ao próximo.

Angelina da Conceição Marinho é a quinta filha, entre os onze gerados pelo casal João Barnabé Marinho e Maria Augusta Marinho.  Nasceu em Guaraciaba (MG), aos 7 de junho de 1929.

Dedicou-se às lutas de uma camponesa naquele próspero município da zona da mata mineira, juntamente com seus familiares, até os vinte e dois anos de idade. Foi quando, no dia 15 de fevereiro de 1952, atendendo ao convite, seus pais a apresentaram ao Pároco. Passando a residir em companhia do virtuoso Padre Joaquim Dimas Guimarães, dedicou-se às prendas domésticas, responsabilizando-se por todo o trabalho da Casa Paroquial. Prendada nas artes culinárias, Angelina mostrou-se tão eficiente em forno e fogão como a abelha é capaz de fazer o mel, sem nunca errar, conforme afirmou Dom Homero Leite Meira. Desde as saborosas quitandas aos mais finos pratos, passando pela base cotidiana de um cardápio singelo, porém substancioso, à base de verduras e legumes, em tudo sobressai o tempero da criatividade em que somente o amor é capaz de persistir.

Antes do romper do dia, (durante vinte e sete anos, quatro meses e quinze dias), Angelina fazia o café. Caso o Padre demorasse a acender a luz do quarto, era infalível o seu “toc… toc… toc”. Ao chegar ao refeitório ele brincava com ela: “pensou que eu morri?!” Em seguida, ia abrir as portas da Matriz. Uma rotina de trabalho que ela manteve todos os dias, até o falecimento do Monsenhor Dimas, no dia 30 de junho de 1979, aos 73 anos. Foi quando viveu um grande sofrimento pela perda do amigo, pastor e guia espiritual. Assim que chegou o novo Pároco, Cônego Joaquim Quintão de Oliveira, Angelina retoma a lida da Casa Paroquial, permanecendo ali por mais oito anos. Após esse período, a convite de seu conterrâneo, Padre Francisco Maria de Castro Moreira, Angelina passa a residir em sua companhia e, através dele, aceitou meu convite e veio fazer parte de minha história.

Em sua vida simples, divide-se em atenções à sua família, à sua querida Guaraciaba (MG) e ao Santuário Santa Rita de Cássia, em Viçosa. Nestes 69 anos de profícua dedicação e amor aos sacerdotes ela se revelou como um anjo de bondade iniciando o ano septuagenário!

Texto: Padre Paulo Dionê Quintão

Pároco de Santa Rita de Cássia, em Viçosa (MG)

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