quarta-feira

, 03 de julho de 2024

O Papa: Cazaquistão, um país exemplo de civilização e coragem

21 de setembro de 2022 Igreja no Mundo

A viagem apostólica ao Cazaquistão foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira 21 de setembro, realizada na Praça São Pedro.

A viagem do Pontífice a esse “vasto país da Ásia Central”, realizou-se de 13 a 15 deste mês, “por ocasião do sétimo Congresso dos Líderes das Religiões Mundiais e Tradicionais”.

Escutar e respeitar

“A principal razão da viagem foi a participação no Congresso dos Líderes das religiões mundiais e tradicionais. Esta iniciativa realiza-se há vinte anos pelas Autoridades do país, que se apresenta ao mundo como lugar de encontro e de diálogo, neste caso a nível religioso e, portanto, como protagonista na promoção da paz e da fraternidade humana”, frisou o Papa, ressaltando a importância de “colocar as religiões no centro do compromisso para a construção de um mundo onde nos escutamos e nos respeitamos na diversidade. Isso não é relativismo. É escutar e respeitar”.

O Papa recordou que “o Congresso debateu e aprovou a Declaração final, que se põe em continuidade com a que foi assinada em Abu Dhabi, em fevereiro de 2019, sobre a fraternidade humana.

Apraz-me interpretar este passo adiante como fruto de um percurso que vem de longe: naturalmente, penso no histórico Encontro inter-religioso a favor da paz, convocado por São João Paulo II em Assis, em 1986; muito criticado por pessoas que não tinham visão de futuro; penso no olhar clarividente de São João XXIII e de São Paulo VI; e também no das grandes almas de outras religiões – menciono apenas Mahatma Gandhi. Mas como deixar de recordar tantos mártires, homens e mulheres de todas as idades, línguas e nações, que pagaram com a vida a fidelidade ao Deus da paz e da fraternidade? Sabemos que os momentos solenes são importantes, mas depois é o compromisso diário, é o testemunho concreto que constrói um mundo melhor para todos.

Vocação do Cazaquistão a ser país do encontro

Além do Congresso, esta viagem deu ao Papa a oportunidade de se encontrar com as Autoridades do Cazaquistão e com a Igreja que vive naquela terra. “Depois de visitar o Senhor Presidente da República – a quem agradeço mais uma vez a gentileza – fomos à nova Sala de Concertos, onde pude falar com os Governantes, representantes da sociedade civil e o Corpo Diplomático”, disse Francisco, acrescentando:

Sublinhei a vocação do Cazaquistão a ser país do encontro: com efeito, nele convivem cerca de cento e cinquenta grupos étnicos e falam-se mais de oitenta línguas. Esta vocação, que se deve às suas caraterísticas geográficas e à sua história foi acolhida e abraçada como um caminho, que merece ser encorajado e apoiado. Também formulei votos para que ela possa prosseguir a construção de uma democracia cada vez mais madura, capaz de responder eficazmente às necessidades da sociedade como um todo. É uma tarefa árdua, que leva tempo, mas já se deve reconhecer que o Cazaquistão fez escolhas muito positivas, como a de dizer “não” às armas nucleares e a de boas políticas energéticas e ambientais. Isso foi corajoso. Num momento em que esta trágica guerra nos faz ver que alguns pensam em armas nucleares, nessa loucura, este país desde o início diz “não” às armas nucleares.

A Cruz de Cristo permanece a âncora da salvação

O Papa recordou que os católicos são poucos no Cazaquistão, “mas esta condição, se for vivida com fé, pode trazer frutos evangélicos: primeiramente, a bem-aventurança da pequenez, de ser fermento, sal e luz, confiando unicamente no Senhor e não em alguma forma de importância humana”. Segundo o Papa, “a escassez numérica convida a desenvolver relações com cristãos de outras denominações, e também a fraternidade com todos”. “Portanto, pequeno rebanho, sim, mas aberto, não fechado, não defensivo, aberto e confiante na ação do Espírito Santo, que sopra livremente onde e como quer. Recordamos os mártires daquele Povo santo de Deus, porque sofreu décadas de opressão ateísta, homens e mulheres que sofreram tanto pela fé durante o longo período de perseguição. Foram assassinados, torturados, encarcerados por causa da fé “, disse ele.

Francisco recordou ainda a celebração Eucarística celebrada, em Nur-Sultan, na Praça da Expo de 2017, na Festa da Exaltação da Santa Cruz.

Isto nos faz refletir: num mundo em que o progresso e o retrocesso se entrelaçam, a Cruz de Cristo permanece a âncora da salvação: sinal da esperança que não desilude porque está fundada no amor de Deus, misericordioso e fiel. A Ele dirige-se a nossa ação de graças por esta viagem, e a nossa oração a fim de que seja rica de frutos para o futuro do Cazaquistão e para a vida da Igreja peregrina naquela terra.

Papa recorda o Dia Mundial de Alzheimer

No final da audiência, o Papa Francisco fez um apelo para recordar o Dia dedicado à conscientização sobre Alzheimer. Estas foram suas palavras:

“Hoje é o Dia Mundial do Alzheimer, uma doença que afeta tantas pessoas que, por causa desta condição, muitas vezes são colocadas às margens da sociedade. Rezemos pelos pacientes de Alzheimer, por suas famílias e pelos que os cuidam amorosamente, para que sejam sempre e cada vez mais apoiados e ajudados. Também associo em oração os homens e mulheres que se submetem a hemodiálise, diálise e transplante, que estão aqui presentes com uma representação”

Foto: Vatican Media