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Os cinco anos de luta das famílias atingidas foram lembrados em missa

05 de novembro de 2020 Arquidiocese

“Estamos aqui reunidos para lembrá-los e não deixar para trás o que aconteceu”, ressaltou o arcebispo de Mariana, Dom Airton José dos Santos, na celebração em memória aos cinco anos do rompimento da barragem de Fundão. A missa foi celebrada no Santuário de Nossa Senhora do Carmo e contou com a presença dos padres de Mariana, do governador Romeu Zema, do prefeito de Mariana, Duarte Júnior, e das famílias atingidas.

“Estamos reunidos para lembrar do evento que a há cinco anos marcou a vida de muita gente, e continua a marcar. Não podemos deixar esse fato na história. Estamos aqui para lembrar tudo o que foi vivido e colocar nas mãos de Deus aquilo que somos, temos e vivemos, para ganharmos força, força para continuarmos na luta diária”, acrescentou Dom Airton.

Dom Airton também lembrou de Brumadinho e das inúmeras pessoas que vivem apavoradas com medo do rompimento das barragens em suas cidades. “Quando rompeu a barragem de Fundão algumas pessoas já diziam: ‘se ninguém fizer nada, haverá um outro rompimento’. O tempo passou, e outro rompimento aconteceu. Precisamos ficar atentos, nos ajudarmos. As autoridades e todas as pessoas que têm alguma autoridade, precisam ficar atentas para isso e tomar as decisões adequadas e justas”, disse.

Segundo o arcebispo, é preciso acompanhar as pessoas atingidas ao longa de toda a bacia do Rio Doce. Ele também afirmou sobre a importância de se comprometer com essas famílias.

Cinco anos de dor

No final da celebração, a representante dos atingidos, Rosilene Gonçalves da Silva, relatou sobre a dor vivida pelas famílias nesses cinco anos. “Hoje completa cinco anos de Dor. Dor que transpassa o nosso coração. Estamos morrendo aos poucos, com uma dor sem igual. Mas vamos renascer”, disse.

“Durante todo esse tempo tivemos muitos altos e baixos. Muitas vezes lutamos muitas vezes perdemos, muitas vezes choramos, mas também sorrimos com o dia tivemos todos juntos. Muitas vezes deprimimos, não tivemos vontade de sair de casa. Tudo isso se soma a nossa história nos últimos cinco anos”, acrescentou.

“Bento não morreu. Bento Rodrigues somos nós, a comunidade que está aqui dentro de Mariana. Perdemos a moradia, amigos, vizinhos e filhos naquela tragédia. Tragédia essa que ainda continua a nos matar. Tragédia essa que marcou a nossa vida. Não tem dinheiro, nem bens, que possam pagar o nosso sentimento”, destacou Rosilene.

Missa em Paracatu de Baixo

Em Paracatu de Baixo também foi celebrada uma missa em memória às vítimas do rompimento da barragem. A celebração foi presidida pelo padre Harley Lima de Carvalho, pároco da comunidade. 

Na homilia, padre Harley ressaltou sobre o dom da vida, a união e importância de preservar a memória. “Temos que ter um coração agradecido a Deus pelo Dom da Vida. 19 pessoas morreram com o rompimento da barragem de Fundão, quase 300 morreram Brumadinho, muitas pessoas estão morrendo nesses cinco anos, mas nós estamos aqui. Vamos agradecer a Deus pelo dom da vida. O outro aspecto é a unidade. Vivendo como comunidade, precisamos viver unidos, principalmente neste tempo de luta pelos direitos. Que vocês permaneçam unidos. O terceiro aspecto é a memória. Não deixem a memória das comunidades se apagarem. Vamos preservar a nossa fé e a nossa cultura”, disse.

Encontro com os atingidos

No final da tarde, Dom Airton participou do encontro que os atingidos tiveram com o governador Romeu Zema no Centro Arquidiocesano de Pastoral.

Projeções

Com o objetivo de ampliar as vozes que ainda vivem diariamente o crime continuado projeções foram realizadas na Praça Minas Gerais e em outras cidades do Brasil. As projeções foram motivadas pela pergunta “Onde você estava em 05 de novembro de 2015?”.

O ato foi organizado pela Comissão dos Atingidos pela Barragem de Fundão – Mariana (CABF) e a Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais.

Fotos: Larissa Gonçalves – prefeitura de Mariana