O Consistório para a criação de 21 novos cardeais da Igreja Católica foi realizado na manhã de sábado, 30 de setembro, na Praça São Pedro. Na homilia, o Papa Francisco apresentou o Espírito Santo como o maestro do Colégio Cardinalício: “Ele cria a variedade e a unidade, Ele é a própria harmonia”. O pontífice também motivou-os a serem “Evangelizadores e evangelizados, e não funcionários”.
Os cardeais são os colaboradores do Papa na condução da Igreja e também têm a missão, dentro do Colégio Cardinalício, de eleger o novo Papa quando se dá a vacância na Sede Romana. Aqueles que têm mais de 80 anos não fazem parte da eleição de um novo pontífice.
Durante o consistório ordinário público para a criação dos novos cardeais, o Papa Francisco refletiu sobre o texto dos Atos dos Apóstolos que narra Pentecostes, destacando a constatação dos judeus sobre os povos presentes naquela ocasião. “são «partos, medos, elamitas…», e assim por diante. Esta longa lista de povos fez-me pensar nos Cardeais, que, graças a Deus, são de todas as partes do mundo, das mais diversas nações. Por isso mesmo escolhi esta passagem bíblica”, afirmou o Papa.
“Depois, ao meditar sobre isto, dei-me conta de uma espécie de «surpresa» escondida nesta associação de ideias, uma surpresa na qual, com alegria, me parecia reconhecer, por assim dizer, o humorismo do Espírito Santo”, e questionou: “Qual é essa surpresa?”:
Francisco convidou os cardeais a observarem a perspectiva que surge dessa “espécie de inversão de papéis”, que é “redescobrir, maravilhado, o dom de ter recebido o Evangelho ‘na nossa língua’”. E motivou “repensar com gratidão no dom de ter sido evangelizados e de ter sido tirados de povos que, cada um no seu tempo, receberam o Kerygma, o anúncio do mistério de salvação, e acolhendo-o foram batizados no Espírito Santo e passaram a fazer parte da Igreja: a Igreja Mãe, que fala em todas as línguas, que é una e é católica”.
“Com efeito, somos evangelizadores na medida em que conservamos no coração a maravilha e a gratidão de ter sido evangelizados; melhor, de ser evangelizados, porque trata-se, na realidade, de um dom sempre atual, que pede para ser continuamente renovado na memória e na fé. Evangelizadores evangelizados, e não funcionários.”
O pontífice ainda recordou que o Pentecostes – tal como o Batismo de cada um – não é um fato do passado, “é um ato criador que Deus renova continuamente” e que a Igreja – e cada um dos seus membros – vive deste mistério sempre atual. Como exemplo, o Papa apresentou a imagem da orquestra: “o Colégio Cardinalício é chamado a assemelhar-se a uma orquestra sinfônica, que representa a dimensão harmônica e a sinodalidade da Igreja. Digo também «sinodalidade», não só por estarmos nas vésperas da primeira Assembleia do Sínodo que tem precisamente este tema, mas porque me parece que a metáfora da orquestra pode muito bem iluminar o caráter sinodal da Igreja”.
“A diversidade é necessária, é indispensável. Mas cada som deve concorrer para o resultado comum”, destacou o Francisco, e prosseguiu com um convite: “Proponho de modo particular a vós, membros do Colégio Cardinalício, na consoladora confiança de que temos como maestro o Espírito Santo:, que é o maestro interior de cada um e o maestro do caminhar juntos: que seja Ele o protagonista, Ele é a própria harmonia”, concluiu.
O Santo Padre finalizou sua homilia, confiando os novos cardeais “à doce e forte orientação, e à guarda solícita da Virgem Maria”.
Confira aqui a homilia na íntegra.
São os novos cardeais da Igreja:
Os três últimos possuem mais de 80 anos e não são eleitores no caso de um conclave para a escolha do novo Papa.
Neste consistório, não foi criado nenhum cardeal brasileiro. Assim, o elenco de cardeais do Brasil fica dessa forma:
Texto: Com informações de Thulio Fonseca – Vatican News
Foto: Vatican Media