No Domingo de Pentecostes, 28 de maio, o Papa Francisco presidiu a missa na Basílica de São Pedro. Durante a homilia, enalteceu a ação do Espírito Santo em três momentos: na criação do mundo, na Igreja e nos corações dos homens. O prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, o cardeal brasileiro João Braz de Aviz, concelebrou a liturgia.
Na criação, “se tudo tem a sua origem no Pai, se tudo é criado por meio do Filho, qual é o papel específico do Espírito?”, começou questionando o Santo Padre. Para responder, citou São Basílio, que indica a harmonia propiciada pela presença do Espírito. “Faz passar as realidades criadas da desordem à ordem, da dispersão à coesão, da confusão à harmonia”. Diante da realidade atual, Francisco denunciou alguns problemas contemporâneos para citar a importância do Paráclito:
“Estamos conectados e, contudo, vivemos desligados uns dos outros, anestesiados pela indiferença e oprimidos pela solidão. Tantas guerras, tantos conflitos! Parece incrível o mal que o homem pode fazer… É que, para alimentar as nossas hostilidades, existe o espírito da divisão, o diabo (…).E sabendo o Senhor que, perante o mal da discórdia, os nossos esforços para construir a harmonia não são suficientes, Ele, no momento mais alto da sua Páscoa, no ponto culminante da salvação, derrama sobre o mundo criado o seu Espírito bom, o Espírito Santo, que Se opõe ao espírito divisor, porque é harmonia, Espírito de unidade que traz a paz”.
Espírito unitivo a agir nos corações e na Igreja
No segundo momento do qual havia falado, o pontífice enalteceu a diversidade de dons que surgiram a partir de Pentecostes. “O Espírito não dá início à Igreja propondo instruções e normas à comunidade, mas descendo sobre cada um dos Apóstolos: cada um deles recebe graças particulares e carismas diversos”, afirmou.
A partir disso, lembrou o caminho sinodal vivido atualmente pela Igreja. O processo de escuta permite que todos participem, desde que sejam dóceis para se abrir e ouvir o Espírito. “Para se mostrar ao mundo, Ele escolheu o momento e o lugar em que todos estavam juntos. Portanto o Povo de Deus, para estar cheio do Espírito, deve caminhar em conjunto, fazer sínodo. Assim se renova a harmonia na Igreja: caminhar juntos, tendo no centro o Espírito”, exortou o Papa.
Por fim, Francisco falou sobre a ação do Espírito Santo nos corações. Para ele, o Paráclito é enviado para “perdoar os pecados, isto é, reconciliar os ânimos, harmonizar os corações dilacerados pelo mal, quebrantados pelas feridas, divididos pelo sentido de culpa”. Somente o Espírito Santo é capaz de proporcionar essa harmonia.
Então o Santo Padre questionou todos se têm sido dóceis ao Espírito Santo e abertos à vontade de Deus. E convidou: “se o mundo está dividido, se a Igreja se polariza, se o coração se fragmenta, não percamos tempo a criticar os outros e a zangar-nos com nós mesmos, mas invoquemos o Espírito: Ele é capaz de resolver estas coisas”.
Solenidade de Pentecostes na Igreja do Brasil
A Igreja Católica no Brasil também comemorou com alegria a Solenidade de Pentecostes, a exemplo da celebração acontecida no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo, que reuniu fiéis no Altar Central, para uma missa presidida pelo arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes e concelebrada por dom Bertilo Morsch, bispo auxiliar de Porto Alegre e os demais sacerdotes presentes.
Dom Orlando iniciou sua reflexão falando sobre quem se fecha para o Espírito Santo e não o recebe. Em seguida, falou também sobre os dons que Ele nos dá e como devemos agir diante desses dons.
“Ouvimos que o Espírito Santo dá dons diferentes. Mas para que dá dom? Pra gente fazer o bem para o irmão. Todo dom que temos não é para se exibir, todo o dom que temos é para servir. Então, vamos colocar em prática os dons do Espírito Santo”.
O Arcebispo continuou sua reflexão falando sobre o pecado que cometemos quando criticamos o dom do outro: “Nós somos tão fracos, irmãos e irmãs, tão pecadores, que a gente tem ciúmes do dom do outro, crítica o dom do outro. Vamos parar com esses pecados contra o Espírito Santo, vamos nos alegrar, aplaudir e louvar a Deus pelo dom dos outros, porque é um dom para todos”.
Dom Orlando lembrou os fiéis presentes de como foi o momento em que o Espírito desce sobre Maria e os Apóstolos.
“De repente, veio do céu um barulho como se fosse uma forte ventania, que encheu a casa onde eles se encontravam. Então apareceram línguas como de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os inspirava”
E enfatizou: “Espírito Santo é força, por isso barulho, fogo e ventania. Espírito Santo é dinamismo, é energia, é o impulso. E nós somos tão apáticos, tão anestesiados, tão parados sempre na mesmice e quando o Espírito Santo traz coisas novas, nós dizemos: Não, eu vou viver o antigo”.
O arcebispo ainda refletiu sobre como o Espírito Santo nos consola e nos acalma, nos convidando a sermos como Ele.
“Espírito Santo é chamado de paráclito, isso quer dizer que é consolador. Você e eu devemos ser paráclitos, consoladores, vamos nos consolar. Precisamos de consolação, vamos nós ser o paráclito, ser a boca e a voz do Espírito Santo consolando e confortando. E quando as pessoas precisam de nós, seremos instrumentos do Espírito Santo, paráclitos consoladores. Espírito Santo, paráclito e advogado, vamos nós ser advogados do bem, da verdade e da justiça”.
Texto – CNBB