O Papa Francisco realizou, no último final de semana, a sua 41ª viagem apostólica com o tema “Cristo é o nosso futuro“. Entre os dias 28 e 30 de abril, visitou a Hungria e teve oito compromissos com autoridades civis, com membros da Igreja, com refugiados, crianças e jovens.
Na sexta-feira, o Papa chegou à capital do país, Budapeste, e foi acolhido por autoridades civis. Ele foi ao Palácio Sándor, onde teve encontro com a presidente, Katalin Novák, e o primeiro-ministro, Victor Orbán. Num auditório com cerca de 200 pessoas, entre autoridades políticas, religiosas, corpo diplomático e representantes da sociedade civil e da cultura, o pontífice recebeu a saudação da presidente e o contentamento pela visita. “Nós, húngaros, podemos tocar quase com as mãos a devastadora realidade da guerra”.
Em seu discurso, Francisco ressaltou os valores cristãos testemunhados pelo povo húngaro e relembrou a história, o simbolismo das pontes e a vida dos santos da cidade de Budapeste, “chamada a ser protagonista do presente e do futuro”. Leia na íntegra aqui
Após encontro com autoridades civis, o Papa Francisco encontrou-se com bispos, sacerdotes, diáconos, consagrados e consagradas, seminaristas e agentes da Pastoral na Basílica de Santo Estêvão. À ocasião, ele foi acolhido pelo arcebispo de Esztergom-Budapeste, cardeal Péter Erdo; pelo presidente da Conferência Episcopal, dom András Veres, e pelo pároco. Ainda, o Santo Padre ouviu alguns testemunhos de vida cristã e pastoral locais: de um sacerdote católico romano, de outro greco-católico, de uma religiosa e de uma catequista.
Em seu discurso, o Papa Francisco recordou o tema da viagem apostólica e ressaltou que “Cristo ressuscitado, centro da história, é o futuro. Apesar de permeada pela fragilidade, a nossa vida está firmemente colocada nas mãos d’Ele”. Ele chamou atenção para duas tentações para a vida dos que atuam na Igreja: “uma leitura catastrófica da história atual e a comodidade do conformismo”. Leia o discurso na íntegra aqui
No segundo dia da viagem à Hungria, o primeiro compromisso do Papa Francisco foi a visita ao Instituto católico para deficientes visuais e Casa especial para crianças Beato Lázló Batthyány-Strattmann, em Budapeste. O pontífice foi acolhido pelo diretor do centro e ouviu a execução de músicas pelas crianças e jovens que ali são atendidos.
Em seu agradecimento, de forma espontânea, ressaltou a Oração de São Francisco feita no início do encontro pelo diretor da instituição:
“Obrigado, senhor diretor, porque quiseste começar este ato com a oração de São Francisco que é um programa de vida, porque o Santo pede sempre a graça que onde não há algo eu possa fazer algo, quando falta algo eu possa fazer alguma coisa.. Em um caminho da realidade como ela é, levar adiante, fazendo a realidade caminhar, isso é puro Evangelho”, disse o Papa.
Ainda pela manhã, Francisco encontrou-se com os pobres e os refugiados, na Igreja de Santa Isabel, em Budapeste. E motivou: “a fé nos faz sair ao encontro dos pobres e a falar a linguagem da caridade”.
Essa liguagem foi a falada por Santa Isabel por quem o povo húngaro tem grande devoção e estima. Ele destacou que a santa “não só gastou os seus bens, mas também a sua vida a favor dos últimos, dos leprosos, dos doentes até ao ponto de tratar deles pessoalmente e carregá-los nas costas. Esta é a linguagem da caridade”.
“Os pobres e os necessitados – nunca o esqueçamos – estão no coração do Evangelho: de fato, Jesus veio «anunciar a Boa-Nova aos pobres». Assim eles indicam-nos um desafio apaixonante, para que a fé que professamos não fique prisioneira de um culto distante da vida, nem se torne presa de uma espécie de «egoísmo espiritual», isto é, de uma espiritualidade que eu mesmo construo à medida da minha tranquilidade interior e da minha satisfação”, disse o Papa.
Ao final dos compromissos na manhã do segundo dia de sua viagem à Hungria, o Papa Francisco recebeu em visita privada o metropolita de Budapeste e Hungria Hilarion. Este cargo foi assumido em junho de 2022, após treze anos como presidente do Departamento de Assuntos Eclesiásticos Externos do Patriarcado de Moscou.
Ainda no sábado, Francisco encontrou os jovens no estádio de esportes da capital. O discurso de acolhida de dom Ferenc Palánki, responsável pela Pastoral Juvenil, marcou a recepção ao pontífice, junto com cantos e testemunhos de alguns jovens.
Em seu discurso, o Papa destacou a importância de haver alguém que provoque e ouça as perguntas da juventude e não dê respostas fáceis e pré-fabricadas, mas ajude a enfrentar sem medo a aventura da vida à procura de respostas grandes. Também motivou os jovens a refletirem sobre o que procuram para suas vidas, e a buscarem metas altas.
“Não penses que são desejos irrealizáveis, mas investe sobre os grandes objetivos da vida! E, depois, treinar-se. Como? Em diálogo com Jesus, que é o melhor treinador possível: ouve-te, motiva-te, acredita em ti, sabe como tirar o melhor de ti. E sempre nos convida a fazer equipe: nunca sozinhos, mas com os outros; na Igreja, na comunidade, juntos, vivendo experiências comuns”.
Francisco também motivou os jovens a valorizarem o silêncio como momento propício de encontro com Deus, mas chamou atenção para não virtualizar a vida.
“Contudo o silêncio não é para se ficar preso ao celular e às redes sociais. Isso não, por favor! A vida é real, não virtual; não acontece num visor, mas no mundo! Por favor, não virtualizem a vida! Eu repito, não virtualizem a vida que é concreta.”
Neste quarto domingo da Páscoa, o Papa Francisco presidiu a celebração eucarística na Praça Kossuth Lajos, com a presença de milhares de fiéis húngaros. A imagem do bom Pastor guiou a reflexão do Santo Padre que ressaltou as ações que Jesus, segundo o evangelho, realiza por suas ovelhas: de chamar para perto e depois fazer sair, tornando-se como Jesus, “uma porta aberta”.
“Por favor, abramos as portas! Procuremos ser também nós – com as palavras, os gestos, as atividades quotidianas como Jesus: uma porta aberta, uma porta que nunca se fecha na cara de ninguém, uma porta que a todos permite entrar para experimentar a beleza do amor e do perdão do Senhor.”
Leia a homilia na íntegra aqui
Antes da oração da Regina Caeli, neste domingo, o Papa colocou-se diante do ícone de Nossa Senhora Magna Domina Hungarorum, venerada como protetora e padroeira da Hungria. A prece do pontífice foi uma súplica universal à Mãe de Deus por um continente, o europeu, dilacerado por conflitos, divisões, tensões, perspectivas nefastas para o futuro.
Ele pediu para infundir “nos corações dos homens e dos líderes das nações o desejo de construir a paz, de dar às jovens gerações um futuro de esperança, não de guerra; um futuro cheio de berços, não de túmulos; um mundo de irmãos, não de muros”.
“Virgem Santa, olhai para os povos que mais sofrem. Olhai sobretudo para o vizinho povo ucraniano martirizado e para o povo russo, a Vós consagrados. Vós sois a Rainha da paz.”
Em seu último compromisso, durante a Viagem Apóstolica para a Hungria, Francisco encontrou-se com o mundo universitário e da cultura na Universidade Péter Pázmány, na Faculdade de Tecnologia da Informação e Biônica que celebra neste ano seus 25° aniversário.
Texto: CNBB
Fotos: Vatican Media