Sob um sol de 35 graus, o Papa rezou com os fiéis na Praça São Pedro a oração do Angelus. Antes, porém, comentou o Evangelho deste XIV Domingo do Tempo Comum, 09 de julho, que propõe uma oração muito bela de Jesus, que se dirige ao Pai dizendo: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos” (Mt 11,25).
Em sua alocução, Francisco se deteve sobre dois aspectos: as coisas pelas quais Jesus louva o Pai e os pequeninos que sabem acolhê-las. O Papa retrocedeu alguns versículos do Evangelho de Mateus, onde o Senhor recorda algumas de suas obras: “Os cegos voltam a ver, os leprosos são purificados, aos pobres é anunciado o Evangelho” (Mt 11,5), e revelou o significado, dizendo que são os sinais do agir de Deus no mundo.
A mensagem então é clara, afirmou o Pontífice: Deus se revela libertando e curando o homem com um amor gratuito que salva. Por isto, Jesus louva o Pai, porque a sua grandeza consiste no amor e jamais atua fora do amor.
“Mas esta grandeza no amor não é compreendida por quem tem a presunção de ser grande e constrói um deus à própria imagem: poderoso, inflexível, vingativo. Em outras palavras, não consegue acolher Deus como Pai quem está cheio de si, orgulhoso, preocupado somente com os próprios interesses, convencido de que não precisa de ninguém.”
Jesus cita, a propósito, os habitantes de três cidades ricas do tempo, Corazim, Betsaida e Cafarnaum, onde realizou muitas curas, mas cujos habitantes ficaram indiferentes à sua pregação. Para eles, os milagres foram só eventos espetaculares, úteis para fazer notícia e alimentar as fofocas: terminado o interesse passageiro, os arquivaram, talvez para se ocupar de qualquer outra novidade do momento. Não souberam acolher as grandes coisas de Deus.
Os pequeninos, ao invés, sabem acolhê-las e Jesus louva o Pai por eles: “Eu te louvo porque revelastes o Reino dos Céus aos pequeninos”. Louva pelos simples, que têm o coração livre da presunção e do amor próprio. Os pequeninos são aqueles que, assim como as crianças, se sentem necessitadas e não autossuficientes, estão abertas a Deus e se deixam maravilhar pelas suas obras. Eles sabem ler os seus sinais, maravilhar-se pelos milagres do seu amor.
“Irmãos e irmãs, a nossa vida, se pensarmos, é repleta de milagres: é cheia de gestos de amor, sinais da bondade de Deus. Diante deles, porém, também o nosso coração pode permanecer indiferente e se tornar habitudinário, curioso mas incapaz de se maravilhar, de se deixar ‘impressionar’. Impressionar: é um belo verbo que traz à mente a película de fotógrafo. Eis a atitude justa diante das obras de Deus: fotografar na mente as suas obras para que se imprimam no coração, para depois revelá-las na vida, através de muitos gestos de bem, de modo que a ‘fotografia’ de Deus-amor se torne sempre mais luminosa em nós e por meio de nós.”
Francisco concluiu convidando os fiéis a se questionarem: na maré de notícias que nos submergem, eu, como nos mostra Jesus hoje, sei contemplar as grandes coisas que Deus realiza? Deixo-me maravilhar como uma criança com o bem que silenciosamente transforma o mundo? E louvo o Pai todos os dias por suas obras?
“Que Maria, que exultou no Senhor, nos torne capazes de nos maravilhar com o Seu amor e louvá-Lo com simplicidade.”
Após rezar o Angelus, o Papa Francisco anunciou para setembro a realização de um Consistório para a criação de novos cardeais, o nono de seu Pontificado. O primeiro foi em 22 de fevereiro de 2014, seguiu-se o de 14 de fevereiro de 2015; 19 de novembro de 2016; 28 de junho de 2017; 28 de junho de 2018; 05 de outubro 2019; 28 de novembro de 2020; 27 de agosto de 2022.
“Queridos irmãos e irmãs, tenho o prazer de anunciar que no próximo dia 30 de setembro realizarei um Consistório para a criação de novos cardeais. A sua proveniência exprime a universalidade da Igreja, que continua a anunciar o amor misericordioso de Deus a todos os homens da terra. Além disso, a inclusão de novos cardeais na Diocese de Roma demonstra o vínculo inseparável entre a Sé de Pedro e as Igrejas particulares espalhadas pelo mundo”.
1 – Dom Robert Francis PREVOST, O.S.A. (EUA), Prefeito do Dicastério para os Bispos
2 – Dom Claudio GUGEROTTI (Itália), Prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais
3 – Dom Víctor Manuel FERNÁNDEZ (Argentina), Prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé
4 – Dom Emil Paul TSCHERRIG (Suíça), Núncio Apostólico
5 – Dom Christophe Louis Yves Georges PIERRE (França), Núncio Apostólico
6 – Dom Pierbattista PIZZABALLA (Itália), Patriarca Latino de Jerusalém
7 – Dom Stephen BRISLIN, Arcebispo da Cidade do Cabo (África do Sul)
8 – Dom Ángel Sixto ROSSI, S.J., Arcebispo de Córdoba (Argentina)
9 – Dom Luis José RUEDA APARICIO, Arcebispo de Bogotá (Colômbia)
10 – Dom Grzegorz RYŚ, Arcebispo di Łódź (Polônia)
11 – Dom Stephen Ameyu Martin MULLA, Arcebispo de Juba (Sudão do Sul)
12 – Dom José COBO CANO, Arcebispo de Madri (Espanha)
13 – Dom Protase RUGAMBWA, Arcebispo coadjutor de Tabora (Tanzânia)
14 – Dom Sebastian FRANCIS, Bispo de Penang (Malásia)
15 – Dom Stephen CHOW SAU-YAN, S.J., Bispo de Hong Kong
16 – Dom François-Xavier BUSTILLO, O.F.M. Conv., Bispo de Ajaccio (França)
17 – Dom Américo Manuel ALVES AGUIAR, Bispo auxiliar de Lisboa (Portugal)
18 – Rvdo. Ángel FERNÁNDEZ ARTIME, s.d.b., Reitor-Mor dos Salesianos.
Juntamente com eles unirei aos membros do Colégio Cardinalício dois arcebispos e um religioso que se distinguiram pelo serviço à Igreja:
19 – Dom Agostino MARCHETTO (Itália), Núncio Apostólico
20 – Dom Diego Rafael PADRÓN SÁNCHEZ, Arcebispo emérito de Cumaná (Venezuela)
21 – Pe. Luis Pascual DRI, OFM Cap., confessor no Santuário de Nossa Senhora de Pompeia, Buenos Aires (Argentina)
Rezemos pelos novos cardeais, para que, confirmando a sua adesão a Cristo, Sumo Sacerdote misericordioso e fiel (cf. Hb 2, 17), me ajudem no meu ministério de Bispo de Roma para o bem de todo o Santo Povo fiel de Deus.”
Texto: Bianca Fraccalvieri – Vatican News/adaptado
Foto: Reprodução do vídeo