Assim o Papa começa o vídeo de intenção de oração para o mês de agosto sobre a vocação da Igreja, que é a de evangelizar. Francisco nos convida a ajudar nesse processo de transformação, partindo de uma reforma de “nós mesmos” com experiências de oração, caridade e serviço. As próprias imagens do vídeo descrevem na prática esse caminho a ser percorrido ao mostrar, por exemplo, a figura do Padre Renato Chiera, missionário italiano que salvou mais de 100 mil vidas durante quase 35 anos junto à Casa do Menor no Rio de Janeiro que acolhe “as crianças não amadas do Brasil”.
Para realizar o sonho do Pontífice de uma experiência ainda mais missionária, como explicou na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, “cada cristão e cada comunidade deve discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede, mas todos somos convidados a aceitar este chamado: sair da nossa própria comodidade e ousar chegar a todas as periferias que precisam da luz do Evangelho”. O primeiro passo é avançar nesse sentido, como nos pede o Papa, deixando-nos guiar pelo Espírito Santo para que “nos lembre do que Jesus ensinou e nos ajude a colocá-lo em prática”.
O Vídeo do Papa, publicado nesta terça-feira (3) com a intenção de oração que Francisco confia à Igreja Católica por meio da Rede Mundial de Oração do Papa, acaba por fazer, então, uma profunda reflexão sobre a situação da Igreja, sua vocação e identidade, chamando a renová-la “a partir do discernimento da vontade de Deus na nossa vida diária”. Para Francisco, em tempos de crise e dificuldades, a Igreja precisa de uma reforma que deve começar pela “reforma de nós mesmos” e “à luz do Evangelho”.
Há poucos meses, foi tornada pública a carta com a qual Francisco rejeitou a renúncia oferecida pelo cardeal Marx. Nela, ele não só concordou que “toda a Igreja está em crise por causa do problema dos abusos”, mas também encorajou o cardeal a continuar seu trabalho como pastor e enfatizou que “a reforma não consiste em palavras, mas em atitudes que tenham a coragem de se colocar em crise, de assumir a realidade seja qual for a consequência. E toda reforma começa por si mesmo. A reforma da Igreja foi feita por homens e mulheres que não temeram entrar em crise e se deixar reformar pelo Senhor”.
O Pe. Frédéric Fornos, diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa, comentou que, “já no final do ano passado, alguns dias antes do Natal, Francisco queria desenvolver o tema da diferença entre conflito e crise, para deixar claro que de uma crise pode sair algo positivo. É um momento propício para o Evangelho e a reforma da Igreja. Como diz o Santo Padre: ‘Devemos ter a coragem de estar prontos para tudo; devemos deixar de pensar na reforma da Igreja como um remendo em uma roupa velha.’ Diante da crise, a primeira coisa que podemos fazer é aceitá-la, como um momento propício para buscar e reconhecer a vontade de Deus. Isso significa não se cansar de rezar, como insiste o Papa; não cansar de seguir o exemplo de Jesus no serviço, na caridade, no encontro com o outro, com quem sofre, com os mais vulneráveis e com quem mais precisa. ‘O caminho sempre tem a ver com verbos de movimento. A crise é movimento, é parte do caminho’, disse o Papa também”, finaliza, então, o diretor internacional. E Francisco encerra o vídeo assim: