sexta-feira

, 05 de julho de 2024

Praça Minas Gerais é palco da encenação da crucificação de Jesus Cristo, na Sexta-feira da Paixão, em Mariana (MG)

08 de abril de 2023 Arquidiocese

“Eu preciso aprender a amar todos os dias, porque Cristo é amor, é doação.  Então, só vou conseguir ser um pouco melhor se todos os dias eu conseguir amar um pouco mais. A gente vive isso e espera poder sair desta Semana Santa um pouco melhor, viver um ano melhor, com um pouco mais de amor, de esperança e de paz”, disse Arão Corinto Teixeira de Paula, cristão católico e  representante do apóstolo de Jesus, Thiago.

Como Arão, mais onze fiéis vestiram-se de discípulos de Jesus, bem como cristãos representando a Virgem Maria, Poncio Pilatos, Herodes, José de Arimatéia, Caifás, Judas Iscariotes, Adão e Eva, anjos e homens da guarda romana. Também foi representado por meio de imagens: Jesus morto, Dimas e Gestas. Todos esses personagens bíblicos estavam simbolizados na encenação da crucificação de Jesus Cristo realizada, na noite da Sexta-feira da Paixão, na Praça Minas Gerais, em Mariana (MG).

Estiveram presentes na celebração o Arcebispo Metropolitano, Dom Airton José dos Santos, o Bispo Emérito de Colatina (ES), Dom Décio Zandonaide, e os presbíteros: Padre Geraldo Dias Buziani e o Padre Johny Sales de Figueiredo Dias. Além de fiéis marianenses e turistas, que vieram de diferentes cidades para prestigiar a tradicional encenação promovida pela Arquidiocese de Mariana.

À ocasião foi marcada pelo Sermão do Descendimento da Cruz proferido pelo Dom Décio Zandonaide, Bispo Emérito de Colatina (ES), que trouxe a reflexão das consequências das más escolhas humanas, por meio de uma contextualização da crucificação de Jesus Cristo com os acontecimentos atuais.

“Algumas pessoas que se dizem cristãos feriram a instituição e seus princípios, negam o jeito de ser de Jesus Cristo, mas garantem a ascensão econômica e social. Não estão nem aí pela morte prematura da força jovem e dos que apodrecem em nossas prisões, o que importa são: suas mansões; seus carros; seus banquetes; suas orgias e contas polpudas nos Paraísos fiscais; seus quadros artísticos; sua pseudo-segurança.

Contemplando Jesus morto na cruz, vemos os estragos causados no coração de filhos, quando esposos e esposas, covardemente, vivem aventuras amorosas e destrói lares. Contemplando Jesus morto na cruz, vemos milhões de vidas abortadas, impedidas de nascer por uma falsa defesa da ordem, da estética, escolhem matar a esperança embutida no embrião. Não ao aborto, não ao aborto. Ao contemplar o Senhor Bom Jesus morto na cruz, vemos o nosso planeta terra gemendo em dores de parto, em rios e córregos poluídos, carros emitindo gases poluentes, secas prolongadas, floresta destruída, minerações onde a terras e suas riquezas são sugadas; o individualismo a comunidade; o apelo pelo consumo, o status, o interesse por grandes monopólios fecham as portas a soluções comunitárias e aos menos poluentes.

A cruz da humanidade continua sendo carregada dolorosamente. Cristo continuará sendo abatido em milhares de jovens assassinados pelo tráfico; abatido por milhares de jovens, na irresponsabilidades no trânsito ou ainda por uma desvergonhada e falsa repressão e instintos afetivos.

Jesus Continuará tropeçando e caindo nas lábias dos corruptos que consegue convencer a todos e chicoteado e cuspido por falsos profetas com máscaras de pregadores.

E continuará sendo desnudado por meio da comunicação, que ao invés de reforçar os aspectos éticos do ser humano, preferem divulgar com Engenho e Arte, o que lhes dá mais ibope, lucro, ou seja, os instintos baixos e sujos, consequências do pecado. O Bom Jesus continuará sendo despojado na sua dignidade na pessoa dos pobres”, disse.

Em seguida, ocorreu a Procissão do Enterro com a imagem do Senhor morto e a preciosa relíquia do Santo Lenho, direcionada pelas autoridades religiosas, personagens bíblicos e fiéis, que lotaram as ladeiras históricas de Mariana e propagaram muita oração e amor por Jesus Cristo.

Ao final da procissão, os cristãos católicos veneraram a imagem de Jesus morto, na Catedral Basílica Nossa Senhora da Assunção. Como é o caso da dona Cecília Maria Fernandes Marques, presidente da Conferência Vicentina, que emocionada, fez questão de beijar a imagem de Jesus morto e, em profundo silêncio, rezar.

“A gente sabe muita coisa ruim que está acontecendo no mundo e a gente tem que pedir muito a Jesus Cristo para iluminar o nosso caminho e o das famílias. Então, precisamos pedir muito para Ele nos ajudar”, disse dona Cecília.