“Uma peregrinação ecumênica de paz”: assim o Papa definiu no Angelus do último domingo sua 40ª Viagem Apostólica, que o leva à República Democrática do Congo e ao Sudão do Sul. O voo A 359/AZ² da Ita Airways decolou às 8h29 do Aeroporto Fiumicino. O Santo Padre embarcou no avião que o leva à Kinshasa, primeira etapa da viagem, em cadeira de rodas.
Ainda na manhã desta terça-feira, 31, antes de deixar a Casa Santa Marta e dirigir-se ao aeroporto, Francisco encontrou-se com uma dezena de migrantes e refugiados provenientes justamente da República Democrática do Congo e do Sudão do Sul, acolhidos e apoiados, com suas famílias, pelo Centro Astalli. Com eles estava o prefeito do Dicastério para a Caridade, cardeal Konrad Krajewski.
Ao chegar ao aeroporto de Fiumicino, o carro do Santo Padre parou brevemente na proximidade do Monumento aos Caídos de Kindu, os 13 aviadores italianos mortos no Congo em 11 de novembro de 1961. Às vítimas daquele sangrento massacre e a todos aqueles que perderam a vida participando nas missões humanitárias e de paz, o Papa Francisco dedicou uma oração, e depois seguiu em direção ao avião.
Nesta 40ª viagem internacional, que se realiza a partir deste 31 de janeiro até 5 de fevereiro, levará a estes dois países africanos a palavra de Deus, a esperança da paz e do diálogo. Uma viagem que no Sudão do Sul terá uma forte conotação ecumênica, pois ao lado do Sucessor de Pedro, estará o arcebispo de Cantuária, Justin Welby, e o moderador da Assembleia Geral da Igreja da Escócia, Iain Greenshields. Será “um ecumenismo de testemunho” reiterou o cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin em entrevista ao Vatican News antes da viagem, especificando que esta visita se move na linha da proximidade com as Igrejas e comunidades locais, que estão “vivas e ativas”, e a “sociopolítica” que espera a reconciliação, em duas realidades que por diferentes razões estão vivendo o drama de milhões de refugiados, da guerrilha, das tensões étnicas e políticas.
Francisco se deslocará em carro aberto durante os vários compromissos e se encontrará com representantes de instituições, Igrejas e sociedades locais. Estas incluem vítimas da parte oriental da República Democrática do Congo e pessoas deslocadas internamente do Sudão do Sul. Dois momentos que prometem ser comoventes, como foi a viagem a Bangui, a capital da África Central, uma etapa marcada pela incerteza devido à violência ocorrida alguns dias antes na capital. Na época o Papa quis ir, embora desaconselhado por muitos: “Eu só tenho medo de mosquitos”, havia dito aos jornalistas no avião. E a resposta foi o “ambiente festivo nas ruas”.
O Papa fará sete discursos em Kinshasa e cinco em Juba (todos transmitidos pelo Vatican News, com comentários em português). A Missa de 1° de fevereiro no Aeroporto Kinshasa-Ndolo, celebrada segundo o rito zairense do Missal Romano, deverá ser um dos eventos com maior presença de fiéis da viagem. A área pode abrigar até um milhão e meio de pessoas e, de acordo com a imprensa local este será o número de presentes na celebração do Pontífice. O palco onde a celebração será realizada é o maior já construído na República Democrática do Congo, e também está equipado com um elevador para permitir que o Papa chegue mais facilmente. O coro que animará a Missa também está entre os maiores de todos os tempos: 700 pessoas.
O primaz Anglicano Welby e o moderador Greenshield se unirão ao Papa em Juba, a capital do Sudão do Sul, na margem oeste do Nilo Branco, onde Francisco encontrará também o presidente Salva Kiir. Em Juba, vale a pena mencionar o encontro, ou melhor, o abraço do Bispo de Roma, no Salão da Liberdade, com os grupos de deslocados internos, reunidos em vários campos muitas vezes nas bases das missões da ONU. “Mais de 2 milhões no país, 33 mil somente na área de Juba”. Entre elas, as crianças de Bentiu, capital do Estado de Unity, flageladas por enchentes devastadoras e epidemias de cólera. Parolin havia visitado o acampamento em sua viagem de julho.
Texto e imagem: Vatican News