Após celebrar a missa na Basílica Vaticana neste Domingo da Misericórdia, o Papa Francisco rezou a oração do Regina Coeli.
Aos milhares de fiéis e peregrinos na Praça São Pedro, o Pontífice comentou o Evangelho deste último dia da Oitava de Páscoa, concentrando-se no Apóstolo Tomé, “que representa todos nós”.
Assim como ele, disse o Papa, também nós temos dificuldade em acreditar que Jesus ressuscitou. Mas não devemos nos envergonhar, pois Cristo não busca cristãos perfeitos, que ostentam uma fé segura sem jamais duvidar. “Tenho medo quando vejo cristãos ou associações de cristãos que se creem perfeitos.”
A “aventura da fé”, como a definiu Francisco, é feita de luzes e sombras, alternando momentos de consolação e entusiasmo, com cansaços e perdições.
Mas não devemos temer as crises, “não são um pecado”, afirma o Papa, pois ajudam a nos reconhecer necessitados, nos tornam humildes, reavivam a necessidade de Deus.
Diante das incertezas de Tomé, observou Francisco, a atitude de Jesus é única: Ele “pôs-se no meio”.
“Jesus não se rende, não se cansa de nós, não se assusta com nossas crises e fraquezas. Ele sempre volta.”
Jesus volta quando as portas estão fechadas, quando duvidamos, e o faz não com sinais poderosos, mas com as suas chagas.
Ele espera somente que O chamemos, o invoquemos ou, como fez Tomé, protestemos, apresentando nossas necessidades e incredulidades. Ele volta porque é paciente e misericordioso, vem para “abrir os cenáculos dos nossos medos”.
Francisco concluiu convidando os fiéis a lembrarem da última vez que viveram um momento de crise e se fecharam em seus problemas, deixando Jesus de fora. E a prometeram que, da próxima vez, irão em busca de Jesus.
“Assim, também nos tornaremos capazes de compaixão, de aproximar sem rigidez e sem preconceitos as chagas dos outros. Que Nossa Senhora, Mãe de misericórdia, nos acompanhe no caminho de fé e de amor.”
Após a oração do Regina Coeli neste II Domingo de Páscoa, o Papa Francisco renovou seu apelo por uma trégua pascal na Ucrânia.
Ao saudar as várias Igrejas orientais, católicas e ortodoxas, que celebram hoje a Páscoa de acordo com o calendário juliano, o Pontífice afirmou:
“Seja Ele a doar a paz, ultrajada pela barbárie da guerra. Justamente hoje recorrem dois meses desde o início desta guerra: ao invés de parar, a guerra se agravou.”
Nesses dias que são os mais santos e solenes para todos os cristãos, prosseguiu o Papa, é triste que se sinta ainda mais o tilintar das armas, ao invés do som dos sinos que anunciam a ressurreição. E é triste que as armas estejam ocupando sempre mais o lugar da palavra.
Dirigindo-se aos fiéis, Francisco pediu que intensifiquem a oração pela paz e que tenha a coragem de dizer e manifestar que a paz é possível. Aos líderes políticos, exortou que ouçam a voz do povo, que quer a paz e não uma escalada do conflito.
Outro pedido de paz foi dirigido a Camarões. Os bispos realizam este domingo uma peregrinação com seus fiéis ao Santuário mariano de Marianberg, para consagrar novamente o país à Mãe de Deus e colocá-lo sob a sua proteção.
“Rezemos em particular pelo regresso da paz ao país, que há mais de cinco anos, em várias regiões, foi dilacerado pelas violências”, suplicou o Papa.
“Elevemos também nós a nossa súplica, junto aos irmãos e irmãs de Camarões, para que Deus, por intercessão da Virgem Maria, conceda em breve uma paz verdadeira e duradoura a este amado país.”
Texto: Bianca Fraccalvieri – Vatican News
Imagem: Vatican News