quarta-feira

, 13 de novembro de 2024

Relatório 2023 da ACN revela que um em cada três países tem a liberdade religiosa violada

28 de junho de 2023 Igreja no Mundo

E se fôssemos impedidos até mesmo de elevar o olhar e rezar ao nosso Deus? Uma resposta detalhada a esta pergunta vem do 16° Relatório sobre a liberdade religiosa no mundo, elaborado pela Fundação de direito pontifício Ajuda à Igreja que Sofre (ACS) e apresentado na quinta, 22 de junho, na Embaixada da Itália junto à Santa Sé.

Conforme o levantamento, em 61 dos 196 países do mundo existem formas de perseguição ou discriminação de natureza religiosa. Na prática, o direito humano fundamental à liberdade de religião é violado em um país em cada três (31%). No total, cerca de 4,9 bilhões de pessoas, ou 62% da população mundial, vivem em países onde a liberdade religiosa é severamente restringida. De maneria geral a perseguição por ódio à fé piorou e a impunidade dos perseguidores está mais difundida.

O estudo abrange o período de janeiro de 2021 a dezembro de 2022 e representa o único relatório não governamental que analisa o respeito e as violações do direito à liberdade religiosa consagrado no artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos. A ser destacado ainda que em 49 países onde se registam violações, são os governos que perseguem os seus cidadãos por motivos religiosos, com pouca reação da comunidade internacional.

Entre as fileiras dos principais perseguidores, além de governos autoritários, certamente aparecem o extremismo islâmico e o nacionalismo étnico-religioso. No Relatório, 28 Estados estão marcados em vermelho, eles denotam os lugares mais perigosos do mundo para praticar livremente a religião. Outros 33 Estados estão em laranja, indicando altos níveis de discriminação.

Na África e da Ásia as áreas com maior sofrimento

A África continua a ser o continente mais violento, com um aumento dos ataques jihadistas que torna a situação da liberdade religiosa ainda mais alarmante. Quase metade dos “países quentes” do planisfério do Relatório, ou seja, 13 dos 28, estão na África. A concentração da atividade jihadista é particularmente evidente na região do Sahel em torno do Lago Chade, em Moçambique e na Somália, e está se espalhando para os países vizinhos.

China e Coreia do Norte continuam sendo os dois países asiáticos com as piores violações de direitos humanos, incluindo a liberdade religiosa. Lá, o Estado exerce um controle totalitário por meio de vigilância e medidas extremas de repressão contra a população.

O Relatório da ACS também presta muita atenção à Índia, onde os níveis de perseguição estão aumentando, por meio da imposição de um perigoso nacionalismo étnico-religioso, particularmente prejudicial às minorias religiosas. Leis anticonversão foram aprovadas ou estão sendo consideradas em 12 dos 28 Estados da Índia; esses regulamentos prevêem sentenças de até dez anos de prisão e incluem benefícios financeiros para aqueles que se converterem ou retornarem à religião majoritária.

Os incidentes de conversões religiosas forçadas, sequestros e violência sexual (incluindo escravidão sexual) não diminuíram no período de dois anos em análise, pelo contrário, continuam amplamente ignorados pelas forças policiais e autoridades judiciais locais, como é o caso do Paquistão, onde jovens cristãos e hindus são freqüentemente sequestradas e submetidas a casamentos forçados.

Piacenza: perseguição com luvas brancas

Por fim, o Relatório da ACS denuncia os crescentes limites à liberdade de pensamento, consciência e religião nos países que pertencem à Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE). Nos últimos dois anos, em relação àqueles que querem exprimir e viver abertamente a sua fé, o Ocidente passou de um clima de “perseguição educada” para uma generalizada “cultura da anulação” e do “discurso forçado”, caracterizado por fortes pressões sociais para induzir o cumprimento das correntes ideológicas mais em voga.

Sobre este último ponto, o cardeal Piacenza citou a expressão “perseguição com luva de pelica” usada pelo Papa Francisco. O cardeal recordou então que o próprio Jesus Cristo viveu a experiência da perseguição e do martírio. “Em mais de vinte séculos de história – observou o presidente da ACS -, nunca houve um tempo em que os cristãos, com maior ou menor virulência, não fossem perseguidos”. O cardeal destacou então que “a liberdade religiosa é a mãe de todas as liberdades, pois a ela estão ligadas: liberdade de pensamento e palavra, liberdade de expressão e agregação, liberdade de consciência e de culto”.

Com informações do Vatican News

Imagem: CNBB

Agenda