No último sábado, 23 de julho, cerca de 115 pessoas estiveram presentes na Reunião Arquidiocesana Pré-Sinodal, realizada no Colégio Arquidiocesano de Ouro Preto (MG). Além da Equipe de Animação para o Sínodo, foram convidados os membros do Conselho Arquidiocesano de Pastoral (CAP) e um representante de cada paróquia. O encontro teve como objetivo a apresentação da síntese do processo de escuta realizado nas cinco regiões da Arquidiocese de Mariana.
O documento final contempla cinco eixos: Acolhida; Celebração; Comunhão e Participação; Diálogo na Igreja e na Sociedade; e Ecumenismo e Juventude, apresentando os pontos positivos e os desafios partilhados, bem como as inspirações para a caminhada pastoral. Durante o encontro, foram apresentados três pontos positivos e três desafios relacionados a cada eixo, que se destacaram nas respostas apresentadas pelas regiões e pelo questionário on-line, disponibilizado pelos meios de comunicação da Arquidiocese.
Em seguida, os presentes se reuniram em grupos a fim de discutirem sobre a síntese apresentada e refletirem, diante do que foi exposto, o que o Espírito Santo ainda suscita para que a Arquidiocese de Mariana cresça no caminho da Sinodalidade. As respostas fruto desse momento de diálogo também serão acrescidas ao documento final.
O Coordenador Arquidiocesano de Pastoral, Padre José Geraldo de Oliveira, indica que a partir do que foi ouvido, o CAP deverá, nas próximas reuniões, propor as ações a serem realizadas no âmbito arquidiocesano. Por sua vez, cada paróquia, a partir do seu próprio relatório de escuta, também deve fazer o mesmo, planejando suas ações a partir do seu contexto.
Solange Aparecida Oliveira Silva, da Paróquia Nossa Senhora da Luz, em Conselheiro Lafaiete (MG), ao ser convidada a falar como leiga sobre a experiência de participar do processo sinodal, partilhou que para ela, “caminhar junto é essa referência de olhar para o outro, estar atento à opção de cada um. Nós temos que caminhar juntos dentro da nossa Arquidiocese, e eu agradeço muito por isso. O meu crescimento como pessoa, como mãe, como católica foi através do conhecimento. Nós temos essa responsabilidade de, ao ouvir um comentário, uma pergunta, ter atenção de responder. O que eu conheço? Em que posso ajudar essa pessoa a crescer?”.
Por sua vez, o Contato Arquidiocesano Sinodal, Padre Edmar José da Silva, destaca a riqueza da caminhada desta Igreja Particular, em sintonia com a proposta de ser uma Igreja Sinodal. “A Arquidiocese de Mariana tem uma história rica e bela de caminhada sinodal. Isso fica evidente nos Conselhos, nas assembleias e no modo como desenvolvemos os nossos projetos pastorais. Isso não significa que tenhamos alcançado o ideal neste aspecto. Temos muito ainda que crescer e aprender no sentido do ‘caminhar juntos’. Nesse sentido, a fase diocesana do Sínodo convocado pelo Papa Francisco, marcada por este processo de escuta, reafirma ainda mais a nossa caminhada e aponta novos desafios a serem enfrentados”, diz.
A síntese será finalizada e enviada para a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), além de ser repassada ao CAP e encaminhada para as paróquias com o objetivo de tornar conhecido o resultado da fase diocesana do Sínodo.
Para o Arcebispo Metropolitano de Mariana, Dom Airton José dos Santos, a experiência sinodal tem sido muito gratificante. “O retorno que as pessoas trazem é muito positivo. A gente precisa fazer o caminho que a Igreja está propondo e o Papa Francisco vem insistindo, esse processo de escutar os outros, compreender, acolher, fazer com que a palavra da Igreja seja compreendida também pelas pessoas”, pontua. Dom Airton destaca que toda essa preparação para a 16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em 2023, ajuda a perceber que devemos melhorar o jeito de fazer as assembleias, fortalecer a comunhão, a proximidade e utilizar melhor a comunicação que temos hoje.
Na Arquidiocese de Mariana, 112 paróquias realizaram, por diferentes meios, o processo de escuta. Segundo a Equipe de Animação para o Sínodo, algumas paróquias “alegam que participaram do processo, mas não conseguiram produzir a síntese final em tempo hábil para ser entregue à Região pastoral, mesmo com a prorrogação do prazo para a entrega da mesma”. Além das comunidades, foram ouvidos, de modo especial, os seminaristas, as juventudes, os religiosos e religiosas, os afastados e excluídos.
Para o Arcebispo, esse empenho mostra que a Arquidiocese está se dispondo a, de fato, caminhar junto. “O que me chamou a atenção foi a grande maioria das pessoas participando. E outra característica interessante é que isso está dentro do processo que já estamos fazendo: revisão das normas e orientações sobre os sacramentos, revisão dos estatutos de Conselhos e Organismos”, declara.
Ao falar sobre a experiência vivida nesse tempo de escuta como Contato Arquidiocesano Sinodal, Leci Conceição do Nascimento ressalta: “A palavra forte para mim foi que o caminho da Sinodalidade, necessariamente, tem que passar pela misericórdia. A gente tem que compreender, enquanto leigo, enquanto cristãos, os nossos trabalhos, os nossos desafios, mas também a beleza do doar-se, do entregar-se na missão. Essa compreensão de que nós somos chamados porque Deus nos ama muito, mesmo nas nossas imperfeições. A Igreja traz essa esperança de que é possível o reino de Deus acontecer”.
A abertura da Igreja ao diálogo e à presença da mulher nas várias instâncias é outro ponto de destaque. “Foi muito interessante ter sido convidada pelo Bispo, uma mulher, uma mulher negra, para estar na equipe, não à frente, mas caminhando junto”. E completa: “Queria muito agradecer a Dom Airton pela confiança. Foi muito importante ele caminhar conosco nas reuniões, nos momentos de partilha, e dizer que nós estamos aqui para caminhar junto com ele”, pontua.
Por fim, o Arcebispo Metropolitano de Mariana, em entrevista, deixou uma mensagem de agradecimento a todos que se envolveram na fase diocesana do processo sinodal: “Quero aproveitar para agradecer às paróquias, aos leigos, padres, diáconos, religiosos e religiosas, pelo empenho em fazer com que isso caminhe. Se isso aconteceu desse jeito, é porque todos fizeram um esforço. Acho que isso já é um processo bonito de comunhão, participação, que é o intuito do processo sinodal. Em segundo lugar, [quero] pedir que as pessoas não se deixem vencer pelo desânimo, nem pelas coisas ruins que acontecem no meio do caminho, mas mantenham firme a esperança, a alegria de serem discípulas de Cristo, de serem católicas, e de serem anunciadoras da Boa nova do Reino. Acho que essa alegria é importante, nós não podemos perder os testemunhos que ouvimos, pessoas que fizeram um caminho e perceberam muita coisa boa. Tem coisa ruim no meio do caminho? Claro que tem! Você tropeça, cai, levanta, mas vamos valorizar aquilo que é positivo, aquilo que é bom. Isso vai ensejar também um crescimento enorme para todos nós”.
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Texto: Laene Medeiros
Fotos: Mateus França