O versículo bíblico “a Esperança dos pobres jamais se frustrará”, do Salmo 9-19, escolhido pelo Papa Francisco como mote do terceiro Dia Mundial dos Pobres foi o fio condutor que motivou a partilha de experiências de cerca de 70 lideranças de diferentes organizações sociais da sociedade e da Igreja em roda de conversa realizada hoje, 7 de novembro, pela Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em parceria com a Cáritas Brasileira e pelas Pastorais Sociais da Igreja no Brasil.
Os representantes das organizações foram convidados a falar dos desafios enfrentados na atual conjuntura e sobre as alternativas e principais ações do grupo na superação das desigualdades. Duas representantes do Kairós Pensamento Visual sistematizaram, em um quadro, os principais pontos de reflexão apontados pelo grupo.
Para o bispo auxiliar de Curitiba, dom Francisco Cota, membro da Comissão Sociotransformadora da CNBB, a roda foi muito significativa para conhecer as iniciativas que estão sendo realizadas dentro da Igreja, por meio das Pastorais Sociais e organismos voltados para a ação sociotransformadora, e também para ouvir tantos organismos da sociedade civil com suas experiências de lutas e esforços para a garantia de direitos à população que vive em situação de pobreza e exclusão.
Segundo dom Francisco, com o Dia Mundial dos Pobres, o Papa Francisco nos convoca a sermos uma Igreja solidária. Para isto, segundo ele, é necessário atuar na assistência imediata aos pobres e, ao mesmo tempo, desenvolver ações para mudar a realidade da pobreza. Ele chamou a atenção para a pesquisa divulgada, dia 6 de novembro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontou a existência de 13,500 mil brasileiros vivendo em condições de extrema pobreza no país.
Para a representante da Pastoral da Mulher Marginalizada, Maria Augusta, de São Paulo (SP), só a organização de uma rede humana será capaz de propôr alternativas ao modelo de exclusão e alimentar a esperança de transformação da realidade da miséria no Brasil.
Sintonia com o Papa
Fernando Zambam, diretor executivo da Cáritas Brasileira, destacou que a atividade marca o lançamento, na Igreja no Brasil, da 3ª Jornada Mundial dos Pobres a partir de uma convocação do Papa Francisco que instituiu o Dia Mundial dos Pobres. “Por isto buscamos, em sintonia com o Papa, realizar este momento importante onde as pessoas pudessem sair da realidade e ir ao encontro de situações de pobreza de nosso país”, disse.
Para ele, esta experiência busca ser um impulso para que em outras comunidades, paróquias e dioceses do Brasil realizem ações que mobilizem para a realidade de mais de 13 milhões de pessoas que vivem na miséria no Brasil. “Esta jornada é um exercício de conversão à solidariedade e do reconhecimento de que há esta situação e, portanto, um convite para nos sensibilizar e nos solidarizar com as pessoas que vivem a extrema pobreza e, junto com elas, encontrar as soluções que vão desde pequenas ações em coletas nas comunidades, passando pelo desenvolvimento e construção de projetos à incidência em instâncias maiores junto a governos para a construção de políticas públicas mais adequadas”, disse.
A atividade terminou com o plantio de uma muda de pequi, uma árvore do Cerrado brasileiro, no pátio da sede da CNBB. Enquanto dom Francisco e lideranças das pastorais sociais e organizações sociais plantavam a muda, o grupo cantava o refrão da música: “A terra é Santa, a terra é de Deus, a terra é do povo, a terra é de todos nós”.
Participaram da roda de conversa representantes da Cáritas Brasileira, Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), Rede Celebra de Liturgia, Comissão Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano e Comissão para o Laicato da CNBB, Serviço Pastoral dos Migrantes, Conselho Pastoral de Pescadores, Pastoral da Mulher Marginalizada, povo indígena Akratikatêjê do Pará, Assentamento Renascer e Ecovila de Sobradindo (DF), Pastoral do Migrante da Arquidiocese de Brasília, Movimento de Mulheres Camponesas e Movimento Nacional de População de Rua.
Fonte: CNBB