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Romaria pela Ecologia Integral recorda tragédia em Brumadinho (MG)

25 de janeiro de 2021 Igreja no Brasil

Nesta segunda-feira (25), completa-se dois anos da tragédia de Brumadinho, quando ocorreu o rompimento da barragem do Córrego do Feijão. Por essa razão, desde o último dia 18, a Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário (RENSER) da arquidiocese de Belo Horizonte (MG) promove a II Romaria Regional pela Ecologia Integral a Brumadinho (MG). A mobilização recorda a inundação de rejeitos de minério responsável por soterrar pelo menos 272 pessoas em janeiro de 2019. Devido à pandemia, a romaria deste ano será realizada prioritariamente de forma virtual, com atividades presenciais abertas somente a familiares das vítimas.

De acordo com RENSER, a necessidade de manter o grito da denúncia aceso nos corações motivou a construção da II Romaria Regional pela Ecologia Integral em parceria com diversas organizações, movimentos populares e assessorias técnicas em atuação nos territórios atingidos com quatro pilares: “(1) a memória dos 272 mártires assassinados; (2) a denúncia de um crime que foi cometido pela mineradora Vale; (3) a luta por justiça e reparação integral de todos os atingidos; e (4) o anúncio de uma Ecologia Integral, que coloque a vida acima do lucro”.

“A ideia é construirmos uma grande rede de romeiros e romeiras em todo o país com panos vermelhos em nossas janelas, mostrando que somos todos irmãos e irmãs em luta por Brumadinho”, motivam os organizadores.

“Romaria nos lembra a condição de peregrinos, do povo de Deus que está a caminho, construindo a liberdade, buscando paz e justiça social. Neste sentido, a Romaria Regional pela Ecologia Integral a Brumadinho reforça a memória das 272 pessoas e, mais recentemente, de mais um irmão nosso, que também morreu soterrado por esse crime da Vale. É uma denúncia, uma exigência para que a reparação seja feita e para que a esperança de semear, lutar e buscar uma Ecologia Integral seja possível”, afirma o bispo auxiliar da arquidiocese de Belo Horizonte e membro da Comissão Episcopal para a Ecologia Integral e Mineração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, dom Vicente de Paula Ferreira.

 

Programação

São várias atividades iniciadas desde a última segunda-feira. São trocas vídeo-cartas entre atingidas e atingidos por mineração de todo Brasil e lançamentos do Pacto dos Atingidos por toda a Bacia do Paraopeba de forma online e em pequenos grupos. Na sexta-feira, haverá um webinar Internacional e Live nacional com a Comissão para a Ecologia Integral da CNBB, transmitida pelo canal da Conferência. Também está programada uma edição especial, no dia 24, do Sarau Versos e Preces, na TV Horizonte.

Para o dia 25, quando se completam dois anos do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, estão previstas outras atividades, como projeção gigante, Missa, Celebração e Sarau Virtual. Os eventos presenciais de forma restrita poderão ser acompanhados pelas redes sociais da Renser.

Confira a programação completa. 

 

Pacto dos Atingidos

Lançado no dia 15 de janeiro, o Pacto dos Atingidos é um documento construído coletivamente por atingidos e atingidas de toda a bacia do Paraopeba, como agricultores familiares, indígenas, quilombolas, assentados e acampados da reforma agrária, familiares das vítimas, pessoas que perderam suas casas, suas plantações, sua segurança hídrica e ainda correm, todos os dias, o risco de serem contaminadas pelos rejeitos da mineração que estão na água, no solo e no ar.

Além da denúncia, o documento abrange aspectos sobre como deve ser a reconstrução dos territórios atingidos, evidenciando o quanto o modelo de mineração é predatório. “Ele reúne nossas dores, denúncias e o nosso grito por justiça e pela reparação integral de todos os atingidos. O documento também traz, através do amor, da fé e da esperança, a nossa resistência diária e cotidiana de enfrentamento à mineração, em que defendemos uma Ecologia Integral e pensamos novos horizontes, com alternativas econômicas e um mundo muito melhor, diferente deste, onde a vida esteja sempre acima do lucro”, conta Marina Oliveira, atingida pelo crime de Brumadinho e uma das responsáveis pela organização da Romaria.

O Pacto foi construído ao longo dos últimos dois anos com reuniões mensais conduzidas pela Renser e com participação dos atingidos de diferentes comunidades ao longo da Bacia do Paraopeba, além da participação de diferentes colaboradores. Confira o documento aqui.

 

* Fonte: CNBB

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