Um ato político e cultural em solidariedade aos atingidos pelo rompimento da Barragem de Fundão foi promovido pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), na noite desta segunda (4), na Arena Mariana, em Mariana. O evento reuniu os parceiros e aliados do movimento na luta pelo direito dos envolvidos. O representante arquidiocesano dos atingidos, padre Alex Martins de Freitas, o colaborador no trabalho de acompanhamento, padre Antônio Claret Fernandes, e o pároco da paróquia a qual pertence a comunidade de Bento Rodrigues, padre Geraldo Barbosa, estiveram presentes.
Com o tema ”, o encontro teve a intenção de reforçar a continuidade da busca pelos direitos. “Foi um ato de solidariedade aos atingidos e, ao mesmo tempo, de anunciar a esperança através da organização coletiva, mostrando que o povo constrói aquilo que a Vale destruiu”, explica padre Alex.
“Tivemos essa troca de solidariedade entre os atingidos e outros setores da classe trabalhadora para deixar claro, como sinal de esperança, dizendo: essa luta vai continuar, tem atingidos querendo continuar ela, tem aliados que estão levando isso para outros setores da sociedade, para outras áreas, que entendem que essa luta é importante e justa. Tem gente que não é atingido, que não é do MAB, e que apoia essa luta. Essa luta é justa e precisa ser feita”, ressalta a militante do MAB, Letícia Oliveira.
As entidades e instituições parceiras do MAB foram apresentadas e homenageadas durante o ato e convidadas a ressaltarem qual apoio oferecem aos atingidos. Em nome da Arquidiocese, padre Alex ressaltou que a Igreja oferece o apoio espiritual para que possam permanecer firmes na busca pelos seus direitos.
Relacionando a ajuda das instituições a “tijolos” iguais aos que estão sendo utilizados para a construção de uma casa em Barra Longa, como forma de mostrar que é possível construir uma casa em pouco tempo, o MAB pediu que cada uma apontasse qual era o seu tijolo. “O que a Igreja oferece é o tijolo da fé, a fé que gera esperança, que gera compromisso na luta pela justiça”, lembrou o padre. Ele também reforçou a necessidade de todos se apropriarem do slogan “somos todos atingidos”, não apenas dizendo, mas realmente sentindo que são.
“Não é a lama que nos atingiu, mas o crime. Todos nós somos parte desse todo que foi atingido pelo crime da Vale, Samarco e BHP Billiton”, reforçou o padre, incentivando aos presentes a permanecerem na luta e não permitirem que o cansaço vença. “Que possamos permanecer resistentes na luta, sonhando e acreditando que os direitos serão alcançados”.
Casa
Em outubro, os atingidos começaram a construção de uma casa em Barra Longa com a ajuda de uma campanha de arrecadação na internet, da doação de pelo menos um real de cada atingido – simbolizando um tijolo para a casa – e de parceiros e instituições.
“A proposta é fazer uma clara denúncia da prática da Fundação Renova, de que os atingidos são capazes de fazer em 4 meses o que a Renova não fez em quatro anos”, explica Letícia.
A previsão é que a casa fique pronta no final de janeiro. “O lema da construção da casa é a solidariedade constrói direitos, como a solidariedade entre os atingidos, entre a classe trabalhadora, constrói direitos: a moradia, direitos trabalhistas, direito de decidir se vai ter mineração, se vai ter barragem perto da sua comunidade ou não. É essa é a solidariedade que queremos construir: a que constrói direitos”, expõe a militante.
Fotos: MAB