Todos os anos a Campanha da Fraternidade (CF) busca debater temas sensíveis ao cotidiano da vida. Neste ano de 2025, a CF traz para o centro o tema: “Fraternidade e Ecologia Integral” e o lema: “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31). Para se aprofundar nessa proposta, a Arquidiocese de Mariana promoveu uma live, na noite do último dia 3 de fevereiro, onde buscou discutir sobre essa temática, os desdobramentos na vida de cada pessoa e o grande convite a conversão a que são chamados.
Ao todo serão 3 lives sobre a CF 2025 seguindo o método Ver, Julgar e Agir.
– Ver: as belezas de Deus no mundo, dia 3 de fevereiro;
– Julgar: o que pode ser cultivado e preservado, dia 3 de março;
– Agir: colocar em prática o que foi aprendido com o ver e o julgar, dia 7 de abril.
Diante de uma crise socioambiental, a Campanha tem o objetivo de proporcionar um processo de conversão integral, ouvir os povos vulneráveis e cuidar do Planeta Terra, a Casa Comum, citada na Encíclica Laudato Si, do Papa Francisco, em 2015.
Durante o encontro foi abordado a importância da Campanha da Fraternidade como gesto concreto da Quaresma, o significado, a importância e os desafios da Ecologia Integral e a conversão ecológica.
Para falar sobre o assunto foram convidados o Coordenador Arquidiocesano de Pastoral, Padre José Geraldo de Oliveira e o Assessor Arquidiocesano para os Grupos de Reflexão, Padre Francisco Maria de Castro Moreira.
Logo no início, foi apresentado o Hino Oficial da Campanha que reflete sobre a criação de Deus na terra:
“Ao entregar o Paraíso ao ser humano
Deus contemplou sua beleza e seus dons
Louvado seja nosso Pai, o Criador
Deus viu que tudo, tudo era muito bom!”
Para falar sobre a importância de viver a CF 2025 nas comunidades, Padre José Geraldo, ressaltou que ela deve ser vivida no contexto do Tempo Quaresmal, onde os fiéis são convidados a terem três atitudes: a de oração, que define a ligação entre o ser humano e Deus; a prática do sacrifício e do jejum, que mostra o relacionamento do ser humano consigo; e a prática da esmola/caridade que indica a proximidade com o outro.
Segundo ele, a Campanha está inserida na terceira prática, isto é, na esmola/caridade, “mas a esmola no sentido de caridade, comoção humana, de cuidado com todas as pessoas e com toda a obra criada”, destaca.
Citando as Campanhas desde 1964, ressalta que elas “têm o objetivo de despertar o espírito comunitário e cristão no povo de Deus, na busca do bem comum, da promoção humana, da vida plena […] Nos educa para a vida em fraternidade a partir da justiça e do amor, exigência central do Evangelho. Também visa renovar a consciência da responsabilidade de todos pela ação da Igreja na Evangelização, na promoção humana em vista de uma sociedade justa e solidária”, acentua Padre José Geraldo.
Ele ainda chama a atenção dos grupos das comunidades que fazem encontros e retiros durante o carnaval e em outros momentos paroquiais para que coloquem em suas pautas a Campanha da Fraternidade, pois “é um momento de vivermos a sinodalidade e caminhar juntos com a Igreja de Jesus Cristo”.
Padre Francisco Maria relembrou que o tema da Ecologia já foi abordado em oito Campanhas, a saber: em 1979, 1986, 2002, 2024, 2007, 2011, 2016 e 2017 e, agora, em 2025.
Ele adverte que, abordando mais uma vez a temática ambiental, significa que é preciso ter a consciência de que se trata de algo urgente. “Nós estamos acreditando na urgência desse tema, desse cuidado com o nosso planeta, ou mudamos, ou convertemo-nos, ou provocaremos, com nossas atitudes individuais e coletiva, um colapso planetário”, adverte.
O sacerdote também traz algumas reflexões contidas na Laudati Si, apresentando os diversos componentes da Ecologia Integral: a Ecologia Ambiental, que estuda as relações entre os organismos vivos e o meio ambiente onde se desenvolvem. A Ecologia Econômica, sendo que o crescimento da economia deve incluir a proteção ao meio ambiente, do qual todos fazem parte. A Ecologia Social que diz respeito a atuação de grupos organizados que defendem o meio ambiente e a qualidade de vida humana. A Ecologia Cultural que inclui o cuidado com as riquezas culturais da humanidade, atenção às realidades locais e a valorização da linguagem popular. A Ecologia do Cotidiano, sobretudo nas cidades, que escuta a população, na criação de espaços de convivência, no acesso à moradia e ao transporte público digno.
Para ele e de acordo com a Encíclica do Papa, a Ecologia Integral não diz respeito somente a preservação do verde, mas a tudo que leva a uma vida de comunhão, respeito e colaboração entre as pessoas e o mundo criado, no campo e na cidade.
Ao citar o versículo bíblico de Gênesis: “…e Deus viu que tudo era bom”, Padre Francisco convida a todos para colocar em prática o “ver” da Campanha. Olhar um pouco ao redor e observar a natureza, o bioma, a Amazônia, o cerrado, a caatinga, o mundo, a sociedade e toda riqueza natural que Deus criou e perceber o que estamos fazendo com isso tudo.
Além disso, ele destaca a necessidade de cuidar, zelar e bem administrar o meio ambiente, pois, infelizmente, existem muitos desafios para que isso aconteça, uma vez que, existem muitos grupos que não entendem a importância e urgência da preservação da Casa Comum.
Elenice Simões, que participou da live através do chat, observa que “o tema da Campanha da Fraternidade é oportuníssimo. A natureza está nos mostrando que está no limite, através das tragédias climáticas que estamos vendo”, observa.
Já Reinaldo Silva afirma que “todos os cristãos devem tomar conta e cuidar do bem comum, para que todos possam viver com dignidade e comprometimento com meio ambiente”, afirma.
Ao encerrar o encontro, Padre José Geraldo convida a todos a um gesto concreto: divulgar e participar da Romaria da Terra e das Águas que será realizado dia 09 de novembro, em Mariana (MG). Por fim, fez uma oração e deu a todos a bênção.
Clique aqui e baixe a Encíclica Laudato Si.
“Ó Deus, nosso Pai, ao contemplar o trabalho de tuas mãos, viste que tudo era muito bom! O nosso pecado, porém, feriu a beleza de tua obra, e hoje experimentamos suas consequências.
Por Jesus, teu Filho e nosso irmão, humildemente te pedimos: dá-nos, nesta Quaresma, a graça do sincero arrependimento e da conversão de nossas atitudes.
Que o teu Espírito Santo reacenda em nós a consciência da missão que de ti recebemos: cultivar e guardar a Criação, no cuidado e no respeito à vida.
Faz de nós, ó Deus, promotores da solidariedade e da justiça. Enquanto peregrinos, habitamos e construímos nossa Casa Comum, na esperança de um dia sermos acolhidos na Casa que preparaste para nós no Céu. Amém!”