A 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) chegou ao fim no início da tarde desta sexta-feira, 16 de abril, após uma série de partilhas e comunicados de Comissões e organismos. Durante a última sessão, os bispos também rezaram por ocasião do aniversário do Papa emérito Bento XVI, que completa 94 anos hoje, saudaram os administradores diocesanos e lembraram dos membros do episcopado falecidos nos últimos dois anos.
Ao final do encontro, o arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB manifestou gratidão e ação de graças a Deus e cada um dos que se envolveram no trabalho e assumiu um compromisso: “Saímos com a consciência de que temos importantíssimas tarefas legadas por esta 58ª Assembleia Geral”.
Abaixo, alguns destaques das partilhas das Comissões, que apresentaram suas ações, iniciativas, projetos pastorais e pedidos à Assembleia Geral.
O bispo de Chapecó (SC) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e a Cooperação Intereclesial da CNBB, dom Odelir Magri, apresentou o trabalho que tem sido realizado no período de pandemia, voltado para concretizar o Programa Missionário Nacional. A atuação está dividida em três frentes: Ação Missionária, Cooperação Intereclesial e Pastoral dos Brasileiros no Exterior.
Na frente da Ação Missionária, o trabalho tem sido de promover a animação e a formação. No âmbito dos projetos intereclesiais, há o apoio da PUC-Rio e ações no Timor Leste, colaboração remota na formação para Guiné Bissau e formação acadêmica em Moçambique. Já a Pastoral dos Brasileiros no Exterior tem preparado padres candidatos para envio a comunidades de brasileiros nos EUA e na Austrália, formação de um Grupo de Trabalho para reflexão da atuação da Pastoral, além de cartas e vídeos do bispo referencial, dom Adilson Busin aos grupos de brasileiros em diversos países. Dom Odelir também falou sobre a articulação do Conselho Missionário Nacional (Comina), a confirmação do diretor das POM Brasil, padre Maurício Jardim por mais cinco anos, e sobre os cursos ofertados pelo Centro Cultural Missionário, agora também de forma online.
A Comissão fez homenagem póstuma a dom Pedro Zilli, bispo de Bafatá morto em decorrência da Covid-19, que tinha contato direto com a Comissão em projetos intereclesiais; e Maria de Fátima Silva, a Fatiminha, ex-coordenadora do Comire Sul 1.
O bispo ainda demonstrou o desejo de que o tema da missão seja abordado como central em uma futura Assembleia Geral da CNBB. “Assim como o tema geral foi a Palavra de Deus, sonhamos que também chegue o momento que o tema da missão seja o tema central da nossa Assembleia nacional”.
O diretor das Pontifícias Obras Missionárias (POM), padre Maurício Jardim, que teve o mandato renovado por mais cinco anos, falou sobre o processo universal de renovação das POM; sobre a Campanha Missionária 2021, cujo tema será “Jesus Cristo é missão” e o lema “Não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos” (At 4, 20); sobre a coleta missionária e ainda sobre o Congresso Missionário que será realizado em 2023.
Foi apresentado um vídeo do Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Camara (Cefep) sobre a Capacitação de lideranças em Políticas Públicas, realizado em parceria com a Comissão para o Laicato, a Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora e a Assessoria Política da CNBB. Padre Paulo Adolfo Simões, secretário executivo do Cefep, também divulgou a formação para representantes nos conselhos de política públicas, cuja terceira edição, em formato virtual terá como foco o controle do orçamento público. Até o momento, as formações alcançaram 164 lideranças.
O bispo de Puerto Maldonado, no Peru, dom David Martínez de Aguirre, representando a Conferência Eclesial da Amazônia (Ceama), falou aos bispos do Brasil sobre os projetos e iniciativas do organismo que envolve as Igrejas Particulares da região Pan-Amazônica com o intuito de colocar em prática as indicações do Sínodo para a Amazônia, como “delinear o rosto amazônico da Igreja” e “continuar a tarefa de encontrar os caminhos da missão evangelizadora, colocando em prática a ecologia integral”.
“A Ceama assume como missão o que já havia apontado o Documento de Aparecida: assumir essa missão de ajudar a delinear o rosto amazônico da Igreja nessa importante região para o mundo, com a inculturação da fé no território”, destacou.
A Ceama está trabalhando e com 21 núcleos temáticos assumidos como prioridades pastorais. Tais núcleos estão organizados em torno dos sonhos apresentados pelo Papa Francisco na exortação apostólica Querida Amazônia – para cada sonho, um conjunto de prioridades fundamentais.
O arcebispo de Porto Velho (RO) e presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), dom Roque Paloschi, apresentou o cenário político indigenista, caracterizado entre outras condicionantes, pelas violações de direitos humanos dos povos indígenas: mais de mil indígenas mortos e mais de 50 mil infectados pelo novo coronavírus, além da omissão e falta de diálogo do atual governo.
O bispo de Caxias do Maranhão (MA) e presidente da Comissão Especial para a Ecologia Integral e Mineração da CNBB, dom Sebastião Lima Duarte, comunicou que o colegiado acompanha e lamenta o cenário de destruição, impunidade e de implantação de grandes projetos no contexto socioambiental brasileiro. Recordou as notas divulgas desde o ano passado, nas quais a comissão manifestou preocupação com os riscos a que trabalhadores estão expostos por conta do coronavírus nas atividades de mineração e questionou o acordo do Governo de Minas Gerais com a Vale e o Tribunal de Justiça do Estado nos casos de rompimentos de barragens. Também destacou a construção de uma carta ao governo brasileiro construída junto com o Movimento Católico Global pelo Clima para alertar o pedido de investidores católicos por compromissos de preservação ambiental.
O secretário da Comissão, dom Vicente Ferreira, recordou a incidência internacional da Comissão em cinco países com encontros em instituições religiosas e civis; as reuniões virtuais, as lives da Semana Laudato Si’ e do Tempo da Criação; os encontros virtuais de escuta com movimentos, instituições eclesiais e sociais, e com bispos de dioceses onde há conflitos de mineração. O grupo ainda prepara um estudo sobre arquitetura da impunidade em relação às mineradoras e sugeriu que em 2025 a CF fale sobre o tempo da Criação, na comemoração dos 10 anos da encíclica Laudato Si’ – sobre o cuidado da casa comum.
O bispo emérito de Barra do Piraí-Volta Redonda (RJ), dom Francisco Biasin, fez uma apresentação que arrancou aplausos dos bispos ao abordar a relação dos bispos eméritos com os bispos diocesanos e as ações da Comissão Especial para os Bispos Eméritos, aqueles que deixaram o governo diocesano por atingir a idade de 75 anos ou por outro motivo acolhido pelo Papa.
Atualmente, são 165 bispos eméritos no Brasil. Durante a pandemia, três eméritos morreram em decorrência da covid-19.
Dom Biasin agradeceu em nome da comissão pelo cuidado das Igrejas particulares com seus bispos eméritos, “não aposentados”. E recordou alguns pronunciamentos e reflexões do Papa que reforçam e incentivam a missão dos prelados idosos e doentes.
Ele ainda apresentou propostas de trabalho da Comissão: que seja oferecido ao bispo emérito algum trabalho concreto determinado; que sejam comunicados testemunhos de boa convivência entre titulares e eméritos; que se possa visibilizar as necessidades mais prementes e emergenciais dos eméritos e promover a interação, como em grupos regionais de Whatsapp; possibilitar a organização de um momento de convivência e partilha para a preparação para o emeritato.
A Comissão está desenvolvendo uma pesquisa entre os eméritos; também um aprofundamento teológico, eclesiológico e pastoral da vida e da presença do emérito à luz da colegialidade episcopal e da sinodalidade; e prepara um encontro nacional dos eméritos para o final de agosto dest ano, de forma virtual.
Em 2021, a Igreja no Brasil celebra os 50 anos do Mês da Bíblica. O arcebispo de Curitiba (PR) e presidente da Comissão Episcopal para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB, dom José Antônio Peruzzo, falou sobre a preparação para este momento e pediu atenção e adesão das dioceses para difusão da Palavra de Deus por meio do aproveitamento do cinquentenário do Mês da Bíblia.
A Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB também apresentou suas atividades e projetos. O bispo de Valença (RJ) e presidente, dom Nelson Francelino, junto com os assessores, ressaltou a “intensificação da formação na sinodalidede, partilha, inclusão” e a criatividade da Pastoral Juvenil na ação solidaria É tempo de cuidar.
Também foi apresentada a alteração do processo formativo ligado à Jornada Diocesana da Juventude e ao Dia Nacional da Juventude. A Comissão está pensando em alteração do caminho formativo por conta da alteração de datas pelo Papa Francisco. O Plano de Evangelização Juvenil também será reformulado, num processo de revitalização da Pastoral Juvenil já iniciado.
A Comissão também tem atuado por meio de cursos e capacitações oferecidos pela modalidade EaD; atividades online como lives, encontros, lectio-divina nas redes sociais e campanha; além de Campanhas publicitárias de evangelização.
O arcebispo de Feira de Santana (BA) e referencial para a Pastoral Afro-Brasileira, dom Zanoni Demettino Castro, agradeceu o apoio da CNBB ao trabalho junto às comunidades negras e pela publicação do texto de estudos sobre a Pastoral Afro-Brasileira, de número 85. Ressaltou o compromisso da Igreja com o povo negro e o desejo de que o texto de estudo seja um documento da Conferência. Dom Zanoni também pediu que a CNBB assuma com todo empenho a causa do negro com uma Comissão Episcopal voltada para ao tema.
A Comissão de Cultura e Educação, por meio de seu presidente, dom João Justino de Medeiros Silva, arcebispo de Montes Claros (MG), também destacou as atividades durante a pandemia, como as Lives de Quarta Webinar; as reuniões; as ações dos Setores Educação, Universidades, Bens Culturais e Cultura com oferta de subsídios e iniciativas pastorais.
Foi destaque a apresentação sobre o Acordo de Cooperação Técnica entre a CNBB e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), cujo objetivo é realizar ações conjuntas para preservação e valorização do Patrimônio Cultural e Material da Igreja Católica.
A Comissão também comunicou da preparação de um textos de estudos sobre o Ensino Religioso.
O bispo de Brejo (MA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora da CNBB, dom José Valdeci dos Santos Mendes, falou da proximidade com as 26 Pastorais Sociais e organismos desde o início da pandemia e contou que o questionamento sobre “como ser Igreja profética e samaritana no tempo desafiador de pandemia” tem norteado as reflexões nos últimos meses. Desde maio do ano passado, são realizadas reuniões mensais com prioridade de partilhas em campos afins: mobilidade humana, pastorais do campo, pastorais urbanas e pastiasis pelo direito à saúde, – articulação e ações conjuntas.
Dom Valdeci partilhou as percepções a partir das reuniões com relatos de dores e desafios enfrentados pelos agentes Brasil afora. Também comentou do envolvimento e apoio à CFE 2021; do diálogo com entidades da sociedade; e o planejamento e realização de formações. A Comissão ainda está envolvida nas redes eclesiais na América Latina, como a do Aquífero Guarani e do Grande Chaco.
Ao apresentar os destaques do trabalho nos últimos meses, o bispo de Tocantinópolis e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato, dom Geovani Pereira de Melo, convidou o bispo de Floresta (PE) e membro da Comissão, dom Gabriel Marchesi, para falar do 15º Intereclesial das CEBs, que será de 18 a 23 de julho de 2023, em Rondonópolis (MT). O tema será “CEBs: Igreja em saída em busca de vida plena para todos e todas” e o lema “Vejam! Eu vou criar novo céu e uma nova terra (Is 65, 17ss)”.
Dom Gabriel Marchesi destacou que os intereclesiais “ajudam as comunidades e escutar a realidade, encontrar pistas e respostas para continuar na missão”. Os Intereclesiais ajudam ainda a “encontrar caminhos e estimular comunidades a crescer na fé”.
Após a apresentação sobre o intereclesial, dom Geovani informou da construção dos parâmetros básicos para formação do Laicato por parte do Setor Leigos da Comissão; divulgou o Seminário dos Bispos Referenciais dos Setores Leigos e Cebs nos dias 10 e 11 de agosto, de forma virtual; e ressaltou a importância de incentivar a pesquisa sobre os profissionais cristãos.
A última Comissão a apresentar suas ações e projetos foi a Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação. O bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG) e presidente da comissão, dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, divulgou o Mutirão de Comunicação, marcado para os dias 23 e 24 de julho, em formato on-line, e o programa da CNBB – Igreja em Saída, a Igreja no Brasil – produzido e retransmitido pelas emissoras de TV de inspiração católica e que vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 11h35.
Dom Mol ainda destacou o processo dos Prêmios de Comunicação, que são entregues pela CNBB e operacionalizados pela Comissão para a Comunicação, com previsão para a cerimônia o dia 20 de outubro de 2021.
Informou ainda a instituição do Observatório da Comunicação Religiosa no Brasil, uma iniciativa da CRB; destacou a “intensa atuação durante a pandemia” da Pastoral da Comunicação, cujos agentes receberão ofertas de formação; e comentou da preparação do Plano Estratégico de Comunicação da CNBB.
O bispo auxiliar do Rio de Janeiro e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, dedicou um momento para saudar os administradores diocesanos, que estão à frente de uma arquidiocese e outras oito dioceses vacantes. Alguns que disseram adeus a seus bispos recentemente, fizeram memória dos pastores falecidos.
Ainda no contexto da memória, foi apresentado ao final do encontro, antes da oração, um vídeo para recordar os bispos que faleceram desde a última assembleia. Ao som de “Eu o ressuscitarei”, a homenagem emocionou os presentes ao recordar grandes pastores e suas entregas à missão da Igreja.
Os bispos também homenagearam o Papa emérito Bento XVI. Com uma Ave-Maria conduzida por dom Antônio Emídio Vilar, rezaram pela vida do aniversariante do dia, que completa 94 anos de vida.
Texto e imagens: CNBB