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Formação reflete sobre a economia e os modelos econômicos vigentes

30 de março de 2022 Arquidiocese

Pensar sobre a economia e os modelos econômicos vigentes. Com essas propostas, aconteceu no último sábado, 26 de março, a segunda live formativa sobre a 6ª Semana Social Brasileira (6ª SSB). O encontro foi realizado on-line, pela plataforma Zoom, e transmitido pelas redes sociais (Facebook e YouTube) da Arquidiocese de Mariana.

Promovida pela Equipe Executiva Arquidiocesana da 6ª SSB, em parceria com a Escola Fé e Política Dom Luciano, a iniciativa faz parte da série de formações mobilizadoras para a 6ª SSB na Igreja Particular de Mariana. A partir das discussões trazidas no segundo caderno, subsídio elaborado pela articulação nacional da 6ª SSB e intitulado “Mutirão por Economia: alternativa ao modelo econômico”, a formação foi dividida em dois painéis, com duas palestras cada, e contou com a assessoria de quatro conferencistas. 

Economia de Francisco e Clara

Eduardo Brasileiro em sua fala.

A primeira exposição foi conduzida pelo sociólogo e membro da Articulação Brasileira pela Economia de Francisco e Clara (ABEFC) Eduardo Brasileiro que, em sua fala, discorreu sobre a temática. “O Papa Francisco nos convida a olhar para experiências que a 800 anos atrás, São Francisco de Assis, Santa Clara e toda uma fraternidade, fizeram e partilharam um modelo econômico de solidariedade; construíram relações políticas de fraternidade e buscaram essa comunhão universal com a casa comum”, disse destacando que a Economia de Francisco e Clara é o grande ímpeto a uma nova geração de debates a partir de um novo pacto econômico global.

Refletindo sobre as economias transformadoras e o processo Sinodal vivenciado por toda Igreja, Eduardo pontuou que, quando o Papa Francisco fala sobre Sinodalidade, não é só sobre discutir para dentro da Igreja, mas um caminhar juntos enquanto sociedade. Na visão do sociólogo, há atualmente alguns obstáculos que são do campo da Sinodalidade econômica que precisam ser enfrentados. 

“Pensar em Sinodalidade econômica é nos colocarmos no desafio das nossas vidas, do nosso dia a dia, a construir um caminhar juntos que beba desse modelo eclesial e de ser Igreja nos desafios contemporâneos. Então, a Sinodalidade econômica para dentro da esfera paroquial, comunitária e pastoral é de fato desenvolver um enfoque na reflexão social e política à luz dessa crítica ao mercado e ao interesse hegemônico da economia. Mas é também a gente colocar a serviço as nossas disposições econômicas, enquanto paróquia e Igreja. Então, as paróquias, comunidades, as Dioceses e Arquidioceses precisam pensar: ‘A que serviço está colocado o nosso modelo econômico?’”, afirmou Eduardo. 

Economia Popular Solidária 

Conceição Maria em sua fala.

A segunda fala da manhã foi com a educadora popular Conceição Maria, mais conhecida como Tutuca. Citando Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida e trazendo exemplos de momentos de convívios e ações desenvolvidas com o quarto Arcebispo Metropolitano de Mariana, ela pontuou que economia solidária é comprar e fazer o dinheiro “girar” entre “os nossos”, ou seja, pessoas do mesmo convívio social, e que essa ideia é originada das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). 

“A Economia solidária é fazer o Reino de Deus acontecer aqui, onde todos partilham o conhecimento e os bens”, destacou. Ainda, ela criticou a romantização da pobreza. “O Reino de Deus fala em ter vida e ter vida em abundância. Temos que achar a ponte disso, sem o egoísmo e o acúmulo”, disse.

De acordo com ela, uma Economia Solidária é uma Economia do bem-viver, da cooperação, da autogestão, da solidariedade, do respeito à natureza, da promoção da dignidade e da valorização do trabalho humano. “Onde o centro da vida, o centro de tudo, é o ser humano e não o dinheiro”, enfatizou.

Dívida Pública

Fernando Almeida durante sua fala

Após breve intervalo, foi iniciado o segundo painel da formação com a conferência sobre “Sistema da Dívida Pública, desafios para superação do modelo atual” proferida pelo administrador e auditor anticorrupção Fernando Almeida. Traçando uma contextualização histórica, dos surgimentos de diversos povoados próximos aos rios e os recursos naturais serem limites fronteiriços, Fernando afirmou que quando um povo vive em um território, ele vive do território. “A vida só acontece se você estiver alinhado com o recurso que a Mãe Terra vai te oferecer”, frisou.

Terra, Trabalho e Dinheiro

Com o tema “Terra, Trabalho e Dinheiro no contexto de uma Economia Humana e Ecológica”, a última fala da manhã foi feita pela representante da Comissão Permanente do Fórum Social pela Vida na Coordenação da Dimensão Sociopolítica, Flávia Ribeiro, a partir do texto de Guilherme Delgado, que integra o segundo caderno de formação da 6ª SSB. 

Crédito: Divulgação 6ª SSB

A partir das manifestações claras do Papa Francisco, seja na Exortação Apostólica Evangelli Gaudium, na Encíclica Laudato Si ou nos seus pronunciamentos aos movimentos populares, Flávia destacou a preocupação do pontífice com a economia pelas suas implicações na vida humana e o seu testemunho profético contra esse modelo econômico-financeiro “que governa ao invés de servir” (EG 57) e à “idolatria do dinheiro” (EG, 55), sendo uma “economia que mata”

Partindo dos desafios cruciais impostos pela economia real, que Guilherme Delgado reuniu em um triplo “D”, desemprego estrutural, desigualdade econômica e social e depredação ambiental, Flávia discorreu sobre as três transições necessárias para uma economia humana e ecológica, a exemplo da Economia de Francisco que são: mudança de mentalidade com relação à terra planetária (Laudato Si); transição relevante também em relação ao trabalho humano; e transição em relação direta com a categoria dinheiro. 

Essas três transições propostas, como enfatiza Guilherme Delgado, clamam por aprofundamento ético-teológico da economia humana e ecológica, porque, como fica cada vez mais claro, o empenho por essa mudança de mentalidade econômica e cultural “é uma espécie de longa travessia, à imagem e semelhança do ‘cativeiro à libertação’, para o que estamos sendo convidados a participar e reconstruir caminhos”.

Próximas formações

Ao longo do primeiro semestre de 2022, outras três lives sobre a 6ª SSB serão realizadas: 

  • 30 de abril, 8h às 12h: Estudo do caderno nº 03 com o tema “Mutirão sobre Soberania: Autonomia democrática e desenvolvimento territorial”;
  • 28 de maio, 8h às 12h: Estudo do Caderno nº 04 com o tema “Mutirão por Terra, Teto e Trabalho: Território, direitos sociais e cidadania”;
  • 25 de junho, 8h às 12h: Estudo do Caderno nº 05 com o tema “Ecologia Integral: O sagrado e o Bem Viver dos povos”.

Assista à formação na íntegra AQUI

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