Um grito profético, um grito pela vida. Assim foi o 25° Grito dos Excluídos e Excluídas realizado no último sábado, 7 de setembro, em Congonhas (MG), e reuniu centenas de pessoas, entre elas padres e cristãos leigos e leigas.
A caminhada deste ano foi iniciada aos pés da Barragem Casa de Pedra, da CSN, na porta da capela de Santa Luzia, no Bairro Residencial, fez memória às vítimas da tragédia de Mariana e Brumadinho e refletiu sobre a realidade das mineradoras, das barragens e da vida dos atingidos.
“O Grito mostrou a acolhida e a organização Mostrou a sua prioridade que foi envolver a periferia de Congonhas, o bairro Residencial, a área atingida pela barragem. O Grito serviu como um espaço de fortalecimento da participação popular. A escolha de se fazer no Bairro Residencial, perto da barragem, foi um desafio assumido, mas que teve todo o apoio da comunidade. Tivemos clareza dos objetivos assumidos neste grito: a luta contra as barragens, a defesa em favor do povo e das necessidades locais”, disse o padre Paulo Barbosa, pároco da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Congonhas.
Dentro da mística de abertura algumas mudas foram plantadas à margem do rio que passa pela comunidade e a Folia de Reis cantou algumas canções populares. Em seguida, todos participaram da celebração eucarística. Após a missa, os romeiros seguiram em caminhada rumo ao Santuário do Bom Jesus, onde foi realizada a mística de encerramento.
Segundo o assessor arquidiocesano da Dimensão Sociopolítica, padre Marcelo Santiago, o Grito dos Excluídos e Excluídas foi um espaço de unir forças e fazer a diferença. “Não deixemos morrer a utopia do reino, da sociedade do bem viver, de um mundo melhor para todos, a começar dos pequenos e mais necessitados. Nosso povo precisa e merece de independência com direitos, vida e paz para todos. Renovemos com este Grito nossas esperanças, nossas forças e nossas lutas. Que nosso grito seja por amor pela vida, a vida em primeiro lugar”, disse. Padre Marcelo acrescentou “que esse Grito também ajude a dar um passo concreto rumo ao 7º Fórum Social Arquidiocesano pela Vida, que será realizado em Barão de Cocais”.
Para Maria Francisca de Oliveira, coordenadora da Dimensão Sociopolítica na Forania de Ponte Nova, sua motivação para participar do Grito é a oportunidade de olhar para o outro. “O Grito nos permite olhar para os problemas do outro. Nos dá força para lutar e para se organizar. Venho todos os anos para mostrar que não estamos satisfeitos com a nossa sociedade. Venho para buscar esperança de uma sociedade melhor”, disse.
O jovem Waldenier Gomes da Silva, integrante da Pastoral da Juventude, sublinhou que participar do Grito dos Excluídos e Excluídas “é uma oportunidade de unir forças com aqueles que estão oprimidos pela sociedade. É a oportunidade de dar voz e vez para os outros”.