quarta-feira

, 19 de março de 2025

Um ano de Ordenação Episcopal de Dom Geraldo de Souza Rodrigues

27 de janeiro de 2025 Arquidiocese

Há exatos um ano, a Arquidiocese de Mariana ordenava mais um de seus filhos como Bispo, Dom Geraldo de Souza Rodrigues, em sua cidade natal, em Porto Firme (MG).
A cerimônia foi realizada as 10h e, mesmo com o tempo chuvoso, os fiéis não deixaram de comparecer e expressar alegria diante de fato histórico.

A cerimônia foi celebrada pelo Arcebispo Metropolitano de Mariana, Dom Airton José dos Santos, juntamente com centenas de fiéis, padres, diáconos, religiosos e religiosas, bem como dez bispos brasileiros que, em comunhão e fraternidade, participaram daquele momento.

No dia 3 de fevereiro de 2024, Dom Geraldo tomou posse na Diocese de Januária, situada no Norte de Minas.

Para marcar esta data, o prelado conversou com a equipe do Departamento Arquidiocesano de Comunicação (Dacom) e nos contou um pouco sobre o seu pastoreiro na Diocese de Januária (MG), seus desafios e esperanças.

Leia, na íntegra, a conversa com Dom Geraldo.

Dacom: Dia 27 de janeiro de 2025, o senhor faz um ano de Ordenação Episcopal. Como se sente celebrando este primeiro aniversário?
Dom Geraldo: Os sentimentos são da presença de Deus muito forte em minha vida. Se há 1 ano atrás, vivíamos naquela tensão e preocupação, em relação ao que viria pela frente, hoje podemos dizer que junto com os desafios, os problemas e as alegrias vieram também a presença de Deus e suas graças a nos ajudar. 
Além desta presença de Deus, o que é muito importante, encontramos também a disposição das pessoas em colaborar em tudo o que se faz necessário. 
Nem é necessário dizer que o episcopado constitui nosso grande incentivo para responder a cada dia, com generosidade ao chamado que a Igreja nos fez.

Dacom: Já tem alguma programação especial para esse momento único?
Dom Geraldo: Nada de especial, embora eu saiba que muita gente reza nestes dias e nessa intenção. 
O que não tem como fazer é deixar passar em branco esta data, pois, afinal, já temos muitos motivos para agradecer a Deus. Desde Já, meus agradecimentos aos que se lembrarem de nós através de suas orações.

Dacom: Sabemos que o senhor é um missionário e que já esteve em vários locais como presbítero anunciando a Palavra de Deus, mas agora o senhor está em outra terra como Bispo. Para o senhor qual é a diferença de ser missionário como presbítero e ser missionário como Bispo? Muda a responsabilidade? Como?
Dom Geraldo: A missão como Padre ou Bispo é a mesma, mudam as funções e os serviços. 
Naturalmente as responsabilidades aumentam de acordo com as funções. 
Como padre, há responsabilidades específicas inerentes à sua função; como bispo também, há responsabilidades que recaem sobre os nossos ombros, em razão de suas funções diante da igreja.
Alguns exemplos: 
O cuidado para com os Padres;
A atenção para com o atendimento das comunidades;
O fato de representar a Igreja Particular.
Cada função dessa, dentre outras representa uma responsabilidade maior.

Dacom: Durante esse primeiro ano de pastoreiro em Januária, quais foram os principais desafios que o senhor enfrentou?
Dom Geraldo: Este primeiro ano foi muito útil para conhecer: os padres, as paróquias, o povo e suas dificuldades. 
Mas, nem tudo que se configura como desafio para quem chega o é para os que aqui já se encontram. Aliás, entre os bispos, já tive a oportunidade de conhecer situações desafiadoras incomparáveis às nossas.
Mas, para não fugir da pergunta, posso dizer que:
As distâncias e as condições das estradas constituem desafios para as comunidades que estão a 130 km de suas sedes paroquiais, com percurso de duas horas e meia da sede paroquial à comunidade;
Não temos paróquias Vacantes, mas precisamos trabalhar melhor o despertar vocacional;
Para quem chega, as altas temperaturas constituem um desafio e exige esforço para adaptação.
Mas convenhamos, onde não há desafios? Eles também são apenas diferentes, variando de lugar para lugar. Aliás, eles são necessários e nos obrigam a uma permanente avaliação e planejamento das nossas atividades.

Dacom: Sabemos que esses desafios nem sempre são fáceis de lidar, principalmente em uma região, como Januária, que carece de políticas públicas em muitos casos. Como está sendo lidar com esses desafios?
Dom Geraldo: Os desafios são grandes, mas não maiores que a bondade, o fervor e a generosidade do povo desta região. Aqui o povo nos ensina a não perder facilmente a alegria, apesar dos sofrimentos. Repito, os desafios são grandes, mas a alegria é maior.

Dacom: O senhor iniciou, a nível diocesano, algum trabalho pastoral em prol dos Ribeirinhos e demais pessoas em situação de vulnerabilidade? Se iniciou, já podemos ver os resultados? Descreva-nos um pouco sobre essa experiência.
Dom Geraldo:
Trabalhos de iniciativa própria ainda não, mas já existem iniciativas, organizações e articulações neste sentido. 
Dos grandes desafios enfrentados por eles estão o olhar e as atitudes dos “chamados grandes”, que inescrupulosamente os exploram e os descartam. 
São muitos sofrimentos resistidos com muita luta. E quem luta sempre consegue alguma vitória.

Dacom: O senhor tem como referência outros bispos ou outras (Arqui)Dioceses para pastorear suas ovelhas em Januária? Ex.: como Dom Luciano e outras Dioceses…
Dom Geraldo: Existem outros bispos referenciais, mas o primeiro já foi citado na pergunta. Dom Luciano é referência para todo o Episcopado Brasileiro. Ao seu lado, colocamos muitos outros como Dom Geraldo Lyrio, Dom Pedro Casaldáliga, Dom Mauro Morelli etc.
Agora,   bispo   entre    os    bispos,   esta    lista    de    referências   cresce consideravelmente. 
Somos gratos por estes nossos irmãos e pesam sobre nós o legado que eles nos deixaram.

Dacom: Quais os principais exemplos de Jesus Cristo que o senhor carrega em si para estar à frente da Diocese de Januária?
Dom Geraldo: É difícil escolher um, mas nesta semana rezamos um dia com o Evangelho em que Jesus convida para o centro um homem da mão seca. Admiro muito a pedagogia de Jesus, não de colocar no centro um homem portador de deficiência física, mas o jeito como ele faz para trazer para o centro da comunidade o próprio problema dela.

Dacom: Qual é a maior esperança/sonhos do senhor como Bispo?
Dom Geraldo:
Sonho e Esperança: Ser bispo a cada dia assumindo a missão do Cristo e exercendo as funções a mim confiadas pela Igreja.

Dacom: O que o senhor espera para os próximos anos como bispo a frente da Diocese de Januária?
Dom Geraldo:
Uma Igreja viva, forte na fé, comprometida com o povo e acolhedora dos pobres.

Dacom: Espaço livre para outras considerações, anseios, medos etc.
Dom Geraldo:
Ao final, agradeço a oportunidade e expresso mais uma vez eterna gratidão à minha Arquidiocese de origem. 
Meu abraço a Dom Airton, aos padres e a todas as comunidades, especialmente aquelas por onde passei.
Gratidão enorme ao nosso Seminário, por acolher de forma diferenciada os seminaristas da Diocese de Januária.
Aprendi e continuo aprendendo muito com a Arquidiocese de Mariana. A todos a minha bênção.

 

Dom Geraldo de Souza Rodrigues
Bispo Diocesano de Januária

Fotos: Thalia Gonçalves

 

 

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