O Pároco e Reitor da Catedral Basílica Nossa Senhora da Assunção, em Mariana (MG), Padre Geraldo Dias Buziani, relata, em seu texto abaixo, sua gratidão e sua experiência com Papa Francisco, quando esteve em Roma, aprimorando os seus estudos.

Leia seu relato, na íntegra, abaixo:

Papa Francisco: memória e gratidão

Foi na manhã de 29 de junho de 2021, solenidade dos apóstolos Pedro e Paulo, que me despedi, pessoalmente, pela última vez, do Papa Franciso. Terminando o doutorado em Sagrada Liturgia, prestes a retornar para o Brasil e concluindo os serviços como auxiliar dos cerimoniários pontifícios nas celebrações litúrgicas na Basílica de São Pedro, Monsenhor Guido Marini, na época Mestre das celebrações pontifícias, conduziu-me, junto com mais 3 colegas, para saudarmos o Santo Padre. Ele, sabendo que estávamos retornando para nossos países, nos agradeceu pelo serviço prestado, nos encorajando a prosseguir em frente na missão. Estávamos ainda no período da pandemia, o protocolo pedia que usássemos máscaras e, o Papa, com seu sorriso de sempre, nos saudou e cumprimentou-nos, olhando com gratidão para com cada um.

A primeira vez que pude me encontrar com ele foi na Audiência que ele concedeu para a comunidade do Colégio Pio Brasileiro, na manhã do dia 21 de outubro, de 2017, por ocasião do Jubileu dos 300 anos de encontro da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Nesta ocasião, no momento da saudação, o agradeci pelo seu testemunho para todos nós.

O Santo Padre tinha grande apreço pelo Servo de Deus Dom Luciano. Sempre que ouvia o nome da Arquidiocese de Mariana, exclamava o nome do seu irmão da Companhia de Jesus Dom Luciano Mendes de Almeida. Certa vez, numa Conferência na qual eu estava presente, o Santo Padre referiu-se a Dom Luciano, em público, como o “santo bispo de Mariana”. Muitas vezes, eu enxerguei no Papa Francisco o jeito de viver o evangelho como Dom Luciano aqui viveu entre nós em Mariana.

Momento significativo na minha formação foi quando no dia 24 de agosto de 2017 participei da audiência concedida pelo Santo Padre aos participantes da Semana de Liturgia promovida pelo Centro de Ação Litúrgica na qual o Papa pediu a superação de leituras infundadas e superficiais, de recepções parciais que desfiguram a reforma litúrgica promovida pelo Concílio Vaticano II. Discorrendo sobre o tema de uma liturgia viva para uma Igreja viva, o Papa, ao término, concluiu que, a partir do magistério e do longo caminho percorrido, ele podia afirmar com segurança e autoridade magisterial que a reforma litúrgica é irreversível.

Neste momento de luto e esperança diante do falecimento do Papa Francisco, expresso a Deus e ao querido Papa Francisco meu agradecimento pelo seu frutuoso pontificado. Conservaremos sua memória prolongando seus ensinamentos no nosso caminhar eclesial, procurando ser sempre mais uma “Igreja em saída”, atenta aos pobres e necessitados, que vai até às periferias geográficas e existenciais, anunciando a alegria que brota do Evangelho de Jesus Cristo, sem o medo da verdade, na simplicidade e acolhida de todos, especialmente dos pecadores.

Obrigado Papa Francisco! Receba de Deus a recompensa dos justos. Interceda por nós para que nossa Igreja Católica prossiga na fidelidade ao Evangelho de Jesus sendo como um farol luminoso da salvação e da paz que o mundo tanto almeja e precisa.

Pe. Geraldo Dias Buziani
Pároco e Reitor da Catedral de Mariana e professor no Seminário São José