Tornar a Palavra de Deus cada vez mais conhecida e amada foi um dos desejos do episcopado brasileiro em 2021. Exemplo disso é que, reunido na 58ª Assembleia Geral da CNBB (AGCNBB), realizada em Aparecida (SP), de 12 a 16 de abril de 2021, os bispos contemplaram o Pilar da Palavra, proposto pelas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE 2019-2023).
Fruto da AGCNBB, o subsídio “E a Palavra habitou entre nós” (Jo 1,14): Animação Bíblica da Pastoral a partir das comunidades eclesiais missionárias foi aprovado pelos bispos e pretende contribuir para a Animação Bíblica e Pastoral da Igreja no Brasil, de modo que a relação pessoal com a Palavra de Deus seja aprofundada e sustente pessoas, grupos e comunidades em missão.
As indicações apresentadas no Estudo querem ser o ponto de partida para um rico processo de atuação da Igreja no Brasil, recordando que o amor à Palavra de Deus e o compromisso missionário nunca se extinguem.
Após os dois anos da aprovação das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE), e dentro do contexto do Estudo 114, aprovado pela 58ª AGCNBB e que engloba o Pilar da Palavra, o portal da CNBB conversou com o Arcebispo de Curitiba (PR) e presidente da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética, Dom José Antônio Peruzzo. Ele também coordenou o grupo que elaborou o texto do tema central da 58ª AGCNBB.
Dom Peruzzo contextualizou o que a Igreja no Brasil tem feito nos últimos dois anos nesta dimensão da Palavra. De acordo com ele, há um caminho longo ainda a percorrer.
“A verdade é que quando se trata da Palavra, a Iniciação à Vida Cristã levou muitos catequistas, agentes de Pastoral, catequizandos, padres, bispos a descobrirem a centralidade da Palavra e de sua potência evangelizadora”, disse.
E foi neste contexto, conforme Dom Peruzzo, que a Iniciação à Vida Cristã favoreceu e muito. “Mas também agora a Animação Bíblica da Pastoral a que se propõe a Igreja no Brasil”, disse.
A Igreja no Brasil, de alguma maneira, vai criar novos hábitos como pede o Papa Bento no Documento Verbum Domini: um novo tempo para que a Palavra de Deus esteja mais profundamente erradicada nos projetos, nas ações e nos serviços que a Igreja se propõe a oferecer, ou seja, é como se quiséssemos voltar àqueles primeiros dias do cristianismo – não tinha muitos recursos, mas tinha a Palavra e a paixão pela Palavra. Com a Palavra que levavam também a alegria os acompanhavam”.
Dom Peruzzo também salientou os frutos mais importantes da vivência da Palavra nas comunidades. De acordo com ele, em tempos de tantos contrastes e confrontos, e em períodos nos quais ideias diferenciadas se tornam focos de conflitos e de tensões, os que se encontram com a Palavra se deixam transformar por ela. “É como diz o Papa Bento: a sacramentalidade da Palavra, a performatividade faz acontecer na pessoa que acolhe o que ela mesmo pronuncia, ou seja, se o Senhor levou a paz, Ele traz a paz para quem acolhe a Palavra”, afirmou.
Se o Senhor se tornou símbolo vivo de compaixão, quem acolhe a Palavra do Senhor compassivo também se torna compassivo. Se o Senhor se aproximou daqueles distantes porque queria aproximá-los de Deus, quem acolhe a Palavra e a Lei e inspira a sua oração a partir da Palavra também até espontaneamente será orientado a aproximar Deus das pessoas e as pessoas de seu Deus”
Por fim, Dom Peruzzo disse que atualmente percebe, especialmente em Curitiba (PR), que o gosto e a difusão da Leitura Orante da Palavra está configurando o modo de ser de muitos discípulos do Senhor.
Estudo da CNBB pretende contribuir para a animação Bíblica e Pastoral da Igreja no Brasil
Texto e imagem: CNBB