Para entrar no período quaresmal, os fiéis das paróquias Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora da Assunção e a do Sagrado Coração de Jesus reuniram-se para celebrar a Santa Missa de Quarta-Feira de Cinzas e a abertura da Campanha da Fraternidade 2025 (CF 2025), na noite do dia 05 de março, na praça Minas Gerais, em Mariana (MG).

Diante das igrejas de Nossa Senhora do Carmo e de São Francisco de Assis, o Arcebispo Metropolitano de Mariana, Dom Airton José dos Santos, celebrou a Santa Missa com a praça tomada por famílias, jovens, crianças, adultos e idosos, que ocupavam cada espaço disponível ao longo de sua extensão.

Segundo Geraldo Braga, da paróquia Nossa Senhora da Assunção, essa é uma oportunidade para refletir sobre a CF 2025 e a condição do ser humano, enquanto criatura de Deus. “Durante esse período que se prega bastante a questão ambiental, de que tudo na vida está interligado, nós somos criaturas de Deus, seres pensantes, e que somos responsáveis por cuidar de tudo isso que Deus nos deixou. Iniciar este período recebendo as cinzas e mostrar que a gente não é nada diante de Dele, que viemos do pó, e do pó vamos retornar. É importante que tenhamos essa consciência e aqui é o local ideal para recebermos orientações para viver bem esse momento e repassar esse legado para as gerações posteriores”, evidencia.

Dom Airton, em sua homilia, destaca os três apelos propostos pelo Papa Francisco, em sua mensagem direcionada para este tempo quaresmal, que, também, celebra-se o Ano do Jubileu da Esperança, e, no Brasil, reflete-se sobre a Ecologia Integral, através da CF 2025.

Segundo ele, o primeiro apelo que o Santo Padre faz é o da própria quaresma, o de conversão, porque todos são peregrinos na vida, mas é preciso sair da condição de pecado para seguir firme no caminho rumo ao Pai. O segundo é o de caminhar juntos, ser sinodal, fazer esse caminho em conjunto com os outros. O terceiro é fazer deste caminho a esperança de uma promessa, pois “a esperança não engana” (cf. Rm 5, 5) e  seguir o horizonte rumo a vida eterna.

O prelado afirma que este tempo é propício para ouvir e se dedicar mais à Palavra de Deus, além de colocar em prática o Evangelho naquilo que Jesus nos ensina, que é dar a esmola, fazer o jejum e a oração. Para ele, essas três atitudes é para se proteger do maligno e se aproximar das pessoas.

“Tomamos essas atitudes diante de Deus e é Deus que vê e dá para nós a recompensa. Não queremos a recompensa que o mundo dá, queremos a recompensa que vem de Deus. Então, essas três atitudes modelam o nosso coração, as nossas vontades, os nossos desejos e faz com que a gente seja fraterno. Que nessa quaresma a gente saiba viver bem essa peregrinação para encontrar esse caminho que nos leva a Deus,” afirma o eclesiástico.

Para o casal Bruno Nunes e Izabela Oliveira, da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, participar da celebração é um momento de reforçar o compromisso com Deus. “É muito importante para gente firmar nosso compromisso com Jesus e entender que precisamos fazer o jejum e a caridade, como o Bispo falou em sua homilia, é uma reflexão pra gente ficar mais atento aos nossos atos,” afirma Bruno. Já Izabela ressalta que esta data é importante para ela “por ser uma pessoa muito católica, de muita fé. E para entrar na Quaresma, como foi falado na celebração, é necessário fazer o jejum, a penitência, a caridade e a oração, que isso seja uma forma de ajudar o próximo também,” ressalta Izabela.

No final da celebração, inúmeros fiéis se aproximaram dos sacerdotes e ministros para receberem as cinzas com o sinal da cruz em suas frontes, com os dizeres: “convertei-vos e crede no Evangelho”.

 Significado das Cinzas

As cinzas são os ramos bentos utilizados no Domingo de Ramos do ano anterior, que são queimados, e ela, é sobreposta na testa de cada cristão com a oração: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1, 1-15).

O rito que dá início ao caminho de penitência dos fiéis durante os 40 dias da Quaresma, faz uma recordação dos 40 anos que os Hebreus passaram pelo deserto em direção à Terra Prometida e aos 40 dias que Jesus ficou no deserto sendo atordoado pelo maligno e sempre resistente a ele.

A frágil condição humana diante de Deus, que é o autor de toda criação, é lembrada nesta celebração, através de várias passagens bíblicas. Abraão em Gênesis diz: “Sou bem atrevido em falar a meu Senhor, eu que sou pó e cinza” (Gên 18, 27).  Jó também se assemelha ao pó: “Arremessam-me ao lodo e eu me confundo com a poeira e a cinza” (Jó 30, 19).  No livro da Sabedoria e do Eclesiástico: “De repente nascemos, e logo passaremos, como quem não existiu. Fumaça é a respiração em nossas narinas e o pensamento, uma centelha ao pulsar do coração: quando ela se apaga, nosso corpo se tornará cinza e o espírito se dispersará como o ar inconsistente. (Sab 2, 2-3); “Por que se ensoberbece quem é terra e cinza, aquele que ainda em vida expele as próprias entranhas?” (Eclo 10,9).

Diante disso, a Palavra de Deus traz a importância de todo ser humano reconhecer a sua fragilidade e converter-se para seguir o caminho do Evangelho. Despir-se das coisas do mundo e revestir-se da graça de Deus, através de jejuns, penitência e muita oração para vencer as forças malignas.

Abertura da Campanha da Fraternidade 2025

A Campanha da Fraternidade 2025 (CF 2025) traz o tema Fraternidade e Ecologia Integral e o lema: “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31) e sua abertura é realizada na Quarta-feira de Cinzas em todo o Brasil.

Este ano, ela fala sobre a Ecologia Integral, que engloba tudo que Deus criou: a fauna, a flora e o ser humano. Uma reflexão a cerda de tudo o que está acontecendo no planeta, principalmente a respeito do aquecimento global, provocado pelas fortes emissões de gás carbono, que descontrola o clima e provoca grandes desastres ambientais excessivos.

O Papa Francisco chama o Planeta Terra de “Casa Comum” em sua encíclica Laudato Sí, publicada em 2015, e chama a atenção de todas as pessoas para que cuidem e preservem essa “Casa Comum” criada por Deus e dada de presente para o ser humano.

Durante os 61 anos de existência das CF’s, o assunto sobre o Meio Ambiente já foi abordado em oito oportunidades. São elas:
CF 1979, “Por um mundo mais humano: Preserve o que é de todos”;
CF 1986, “Fraternidade e a Terra: Terra de Deus, terra de irmãos”;
CF 2002, “Fraternidade e povos indígenas: Por uma terra sem males”;
CF 2004, “Fraternidade e água: Água, fonte de vida”;
CF 2007, “Fraternidade e Amazônia: vida e missão neste chão”;
CF 2011, “Fraternidade e a Vida no Planeta: ‘A Criação geme em dores de parto’” (Rm 8,22);
CF 2016, “Casa comum, nossa responsabilidade: ‘Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca’” (Am 5,17) e
CF 2017, “Fraternidade: Biomas Brasileiros e defesa da vida: ‘Cultivar e guardar a Criação’” (Gn 2,15).

O objetivo da campanha deste ano é “promover, em espírito quaresmal e em tempos de urgente crise socioambiental, um processo de conversão integral, ouvindo o grito dos pobres e da Terra” (Objetivo Geral da CF 2025).

Volta e meia o assunto entra em pauta e, novamente neste ano, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) convida para o debate e para a reflexão devida a urgente reparação do clima.

Para tanto, é preciso trabalhar a conscientização de que é necessário e importante a preservação desta “Casa Comum” para que seja deixado um bom legado, uma “casa boa” para as futuras gerações viverem e que, também, possam cuidar bem dela.

Texto e foto: Dacom/Arquidiocese de Mariana com informações da CNBB e do Vatican News

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