O portal da Conferência conversou nesta segunda-feira, 10 de janeiro, com a representante da Cáritas Brasileira, Valquíria Lima, sobre a situação das pessoas atingidas pelas fortes chuvas nos estados da Bahia e Minas Gerais.
Valquíria integrou a delegação que realizou visitas presenciais nas comunidades afetadas com o objetivo de “ouvir o que elas têm a dizer sobre o que vêm atravessando neste momento e, a partir daí, somar forças para salvar vidas, atender as necessidades imediatas e oferecer acolhimento e proteção”.
A delegação é composta por representantes da CNBB, Cáritas Brasileira, Cáritas Suíça, União Europeia e Unicef Brasil e se soma à Ação SOS Bahia e Minas Gerais, que visa arrecadar fundos para ajudar as mais de 640 mil pessoas afetadas pelas enchentes ocorridas no sudoeste, sul, extremo-sul da Bahia e norte de Minas Gerais.
Segundo Valquíria a missão foi muito importante porque a comitiva pôde perceber o quanto a Igreja tem atuado nessa dimensão e no atendimento às famílias necessitadas. “A Igreja chegou onde nem o poder público chegou e isso foi extremamente importante”, disse.
Nos primeiros momentos da tragédia, Valquíria relatou que as igrejas foram as primeiras a abrir suas portas para acolher as famílias e possibilitaram que muitas ações de solidariedade acontecessem. “Isso abriu portas para que as pessoas se mobilizassem para doar comida, roupa e acolhessem àqueles que perderam completamente tudo e precisam reconstruir suas vidas”.
A representante da Cáritas disse, ainda, que muitas dessas pessoas se encontram abrigadas nas paróquias, em escolas e espaços públicos por perderem completamente suas casas. “Elas dependem muito que os poderes públicos possam se integrar e para que as ações e programas possam contribuir na reconstrução de suas vidas”, disse.
Nessa missão, Valquíria também salientou que foi de extrema importância conversar com o poder público local, com os prefeitos dos municípios, com o governador, senadores, e perceber onde o poder público está atuando. “Isso é muito importante para que as nossas ações enquanto Igreja e campanhas de atendimentos a essas famílias possam vir a somar forças, não sobrepor ações. Nós não queremos em nenhum momento substituir a ação do estado”, falou.
“Percebemos relatos de famílias surtadas e realmente traumatizadas e abaladas com a situação. Foram muitos relatos de dor, de perda, de medo e essas famílias precisam de um acolhimento necessário. Elas dependem que as políticas públicas hajam de forma eficiente, e o nosso papel é acompanhar a aplicação e a ação do poder público”, enfatizou Valquíria.
Na ocasião, Valquíria falou sobre a Campanha #SOS Bahia e Minas Gerais. “Pedimos que as famílias continuem contribuindo para que a gente possa pensar no pós enchente. As águas abaixaram, quem teve como voltar para as suas casas está voltando e muitas ainda precisam reconstruir seus lares do zero. E é nesse momento que a gente vai atuar e vai ajudar”, salientou.
“Precisamos atuar para que nas condições dos abrigos que muitos se encontram, eles possam ter dignamente o mínimo necessário para a reorganização da sua vida. O poder público precisa atuar efetivamente nessa situação. Os mais pobres são os que mais tem sido atingidos”.
Ainda, segundo Valqúiria, a missão pôde colocar todos em contato direto com a realidade e com o que a Igreja está fazendo e tem tido a oportunidade de fazer. “A sintonia também nos colocou em contato em como o poder público está agindo e aquilo que ele precisa fazer. Por isso que pedimos que qualquer contribuição na Campanha é válida nesse momento”, disse.
Também o bispo da diocese de Bom Jesus da Lapa, no oeste da Bahia, e presidente do regional Nordeste 3 da CNBB, dom João Santos Cardoso, falou em entrevista à Rádio Vaticano – Vatican News, nesta segunda-feira, sobre a grande solidariedade suscitada pela tragédia das enchentes que atingiram o sudoeste, sul e extremo sul da Bahia.
“Quando acontece uma catástrofe natural dessa, quem ajuda é a própria população, muitas pessoas arriscam a própria vida para salvar aqueles que se encontram em situação de perigo”, disse o bispo.
Dom João Cardoso cita como exemplo o município de Dário Meira, no centro-sul da Bahia, um dos mais atingidos no Estado, cuja cidade ficou 90% debaixo d’água. Apesar da proporção da catástrofe, ele destacou que não houve vítimas fatais, justamente porque a solidariedade em socorro às pessoas em dificuldade não permitiu uma tragédia maior ainda.
A Campanha #SOS Bahia e Minas Gerais: Solidariedade Que Transborda é realizada desde o dia 11 de dezembro de 2021 pela Cáritas Brasileira e pela CNBB. Os recursos arrecadados serão destinados ao apoio às pessoas afetadas pelas fortes chuvas na Bahia e em Minas Gerais.
Saiba como participar em: Arquivos #SOS Bahia e Minas Gerais – CNBB
Texto e imagem final: CNBB
Imagem de capa: Assessoria de Comunicação da Cáritas Brasileira
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