domingo

, 22 de dezembro de 2024

Homenagem da Casa do Padre e da Região Pastoral Mariana Sul ao Padre Márcio Vieira Viana

12 de novembro de 2024 Arquidiocese

No dia 9 de novembro, último sábado, os amigos e irmãos presbíteros se despediram de Padre Márcio Vieira Viana.  Durante os seus 63 anos de vida, Padre Márcio conquistou carinho e respeito por onde esteve. Durante o seu velório, no último fim de semana, todos se emocionaram, recordando sua trajetória na Arquidiocese.

O legado de Padre Márcio ultrapassa as paredes da Casa do Padre, localizada em Barbacena (MG), onde residia atualmente para cuidados relativos à sua saúde, tendo como companhia alguns irmãos de sacerdócio e religiosos da Congregação Oblatos de Cristo Sacerdote, responsáveis pela administração da Casa.

Padre Márcio, natural de Pedra do Anta (MG), foi seminarista em Mariana (MG) nos anos de 1974 a 1985, no Seminário Maior e no Menor. Foi diácono em Ouro Preto (MG); pároco nas Paróquias Sant’Ana, em Jequeri (MG) e em Carandaí (MG); Vigário Paroquial na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Ouro Preto (MG); nas Paróquias de São José, em Itabirito (MG); em Congonhas (MG), em Ouro Branco (MG) e em Viçosa (MG), além de servir em outras paróquias.

Além de colocar seus dons a serviço das comunidades, ele foi professor de música do Seminário de Mariana, missionário na Ilha de Marajó (PA); em Guiné-Bissau, na África e na Bolívia. Destacou-se como organista, ajudando em várias paróquias, nas ordenações, nas celebrações e nas festas de padroeiro. “Padre Márcio nos ajudou como organista por vários anos no Jubileu do Bom Jesus”, destaca Padre Paulo Barbosa, atualmente pároco na Paróquia São João Batista, em Conselheiro Lafaiete (MG) .

Seu talento e inteligência se destacaram ao longo de sua vida, definida pela humildade e fé. Relatos e testemunhos de quem o acompanhou em algum momento desses sessenta e três anos retratam sua devoção a Nossa Senhora e a Eucaristia. Uníssonos em suas palavras, transmitiram seu carinho por um padre tão querido e humano, os presbíteros, os paroquianos e os amigos.

“Padre Márcio, vulgo Jevu (do francês “Je vous”- introdução da Ave Maria), era grande amigo. Primeiro, destaco sua humildade. Era simples e não tinha vaidades ou pretensões. Sabia viver com as situações mais elementares. Em segundo lugar, sua inteligência. Era muito inteligente e não deixava que isso transparecesse. Lembra-me a Leitura de Notas do Seminário Menor, quando ele era ovacionado por ter alcançado as melhores notas. Não tinha necessidade de se mostrar sábio e  perspicaz. Era uma inteligência lúcida de tudo e de todos. Outra característica era o dom musical para os teclados e, também, para as cordas do violão. Tocava maviosamente. Dizia ele que a música não poderia ser estridente e alheia aos sentidos. Tocava todos os ritmos e os dominava como ninguém. Era respeitado no toque e na teoria musical.

Discreto, não deixava enaltecer a potencialidade de seus talentos. Foi Missionário no Brasil e outros países. Não teve medo de levar o Evangelho com sua simplicidade e amor ao Cristo e à Igreja. Muitas saudades ficarão no coração de quem o estimava.

Era antenado aos acontecimentos do cotidiano, sempre com um radiozinho por perto. Por vezes, telefonava para cumprimentar os amigos pelos aniversários. Será sempre lembrado! Que o Pai celeste acolha este filho querido. A morte se torna bendita porque é nossa libertação”, descreve Padre. Paulo Barbosa.

Durante seus anos como vigário paroquial na cidade de Carandaí (MG), cativou paroquianos que se encantavam com seu jeito simples de ser. A Coordenadora Paroquial, Leci do Nascimento, fez um breve relato sobre este período, onde teve a oportunidade de acompanhar suas atividades na paróquia. “Hoje agradecemos a Deus os seis anos de convivência com Padre Márcio Viana na Paróquia Sant’ Ana. A sua humildade, simplicidade, sensibilidade e preocupação com os pobres e mais necessitados sempre nos encantava. Eram falas em suas homilias e conversas individuais e são muitas as pessoas nas comunidades em que foram ajudadas por ele. Era muito acolhedor, gostava de receber amigos, falar dos seus conhecidos e contar casos do tempo em que esteve em missões fora do Brasil. Sua passagem por Carandaí como Vigário paroquial nos deixou grandes aprendizados: sermos pacientes, simples, solidários, caridosos, mas, principalmente, a necessidade de estarmos abertos ao acolhimento de todos, como o fez Padre Oscar de Oliveira.  Padre Márcio: presente!”, afirma Leci.

Flávia Maria Heleno, da Comunidade de Pedra do Sino, também da Paróquia Sant’ Ana, em Carandaí (MG), descreveu seu convívio enquanto paroquiana durante o período em que o Padre Márcio esteve na Paróquia. “Padre Márcio, para nossa comunidade, foi uma experiência de muito carinho. Sabíamos de suas limitações, mas o acolhemos com muita caridade e respeito. Ele era muito observador e conhecia cada membro da comunidade pelo nome.  Conversava e dava atenção a todos, mas sua atenção mesmo era para os corais, os tocadores como ele dizia. E uma vez, sentado, participando da Missa salvou o coral que não sabia cantar uma determinada canção. Ele tinha assunto para ficar conversando conosco por horas. E quando foi transferido para Casa do Padre, por duas vezes, visitou nossa Comunidade. Ele gostava muito de estar em nosso meio, tanto que sua irmã providenciou uma casa para ele aqui.  E volta e meia ele e sua família se reuniam. E todos sempre o trataram com respeito e carinho, hoje fica a saudade, vamos levar em nossos corações as risadas, a preocupação e o carinho que ele tinha com cada um de nossa comunidade. Que junto de Deus, o Senhor reencontre aquela paz que tanto sonhava”, declara Flávia.

Padre Afonso Moreira Gomes, religioso da Congregação Oblatos de Cristo Sacerdote, que conviveu nos últimos dois anos com Padre Márcio, enfatizou sua admiração por ele, destacando sua dedicação as orações e sua simplicidade como pessoa. “A vida dele era baseada em oração, realmente um homem de uma fé. Frequentava diariamente as celebrações eucarísticas na Casa. Rezava a Liturgia das Horas todos os dias. Não reclamava de absolutamente nada, pelo contrário, seu jeito simples era visto por todos como uma pessoa que não incomodava ninguém, conquistava o carinho dos demais. A sua vida pautada na simplicidade e humildade, até mesmo no jeito como se vestia, é um espelho para todos nós sacerdotes. Destaco sua devoção a Nossa Senhora, característica que me chamou atenção desde quando o conheci”, destaca Padre Afonso.

Padre Márcio Vieira Viana será sempre lembrado por sua dedicação à música, sua fé e seu modo humilde de vida, de acordo com as pessoas que estavam junto a ele em algum momento de sua trajetória na Arquidiocese de Mariana.  Continuará como referência para aqueles que seguirão aprendendo com os seus feitos.

Texto: Ana Paula Mendes dos Santos e Padre Paulo Barbosa