Na noite de sábado, dia 9 de novembro, retornou para a casa do Pai, Padre Márcio Vieira Viana. O velório do sacerdote teve início logo pela manhã de domingo, 10 de novembro, em sua terra natal, Pedra do Anta (MG). Marcado por orações e homenagens, durante toda manhã, vários amigos, familiares, conterrâneos e sacerdotes se fizeram presentes e deram seu adeus ao clérigo.
Segundo o Diretor da Casa do Padre, em Barbacena (MG), Padre Sebastião César Moreira, OCS, Padre Márcio estava bem e tinha, recentemente, estado em sua casa, em Pedra do Anta (MG). Padre Márcio foi um dos primeiros padres a compor a Casa do Padre, que acolhe sacerdotes da Arquidiocese.
A Celebração da Eucaristia com o Rito das Exéquias aconteceu às 13h, na matriz de São Sebastião, em Pedra do Anta (MG), e foi presidida pelo Arcebispo de Metropolitano de Mariana, Dom Airton José dos Santos. Juntamente com os presbíteros presentes e diácono, Dom Airton fez a encomendação e, ao som do hino do Terço dos homens e do toque fúnebre dos sinos, o féretro deixou a Igreja Matriz e seguiu para o sepultamento no Cemitério local.
“Estamos aqui para agradecer a Deus e nos despedirmos do Padre Márcio. [Ele] cumpriu aquilo que Deus lhe pediu em vida. Superou tantas dificuldades. Para cumprir a vontade de Deus não é fácil. Cumprir a vontade de Deus significa colocar-se nas mãos de Deus. Talvez, essa seja a grande característica do Padre Márcio. Sempre se colocou nas mãos de Deus”, afirmou Dom Airton no início da homilia.
Visivelmente emocionado, o Pároco da Paróquia Nossa Senhora Mãe da Igreja, em Congonhas (MG), Padre Geraldo Barbosa, relatou sua emoção e amizade, de longa data, com o sacerdote.
“Há 50 anos nos conhecemos, 5 anos no [Seminário] Menor e 5 no [Seminário] Maior. Formávamos um quarteto, com Oscar e Gilson. Sempre próximos, mesmo quando a distância era maior [quando ele estava em] Guiné Bissau, Santa Cruz de La Sierra e, por último, na casa dos padres. Partiu sem dizer ‘adeus’, para entregar-se definitivamente a Deus. Oh, ‘Jevous’, estimado pe. Márcio e querido amigo, desfrute das alegrias eternas, seja perpetuamente iluminado pela luz divina. Interceda por nós, junto aos seus pais, nosso irmão Antônio Eustáquio e tantos outros que nos precederam. Esperamos e cremos na vida eterna”, disse Padre Geraldo.
Nas redes sociais, Padre Márcio também foi muito lembrado e homenageado. Entre as homenagens, ganha destaque o singelo e profundo relato feito pelo Pároco da Paróquia São João Batista, em Conselheiro Lafaiete (MG), Padre Paulo Barbosa. Nele, Padre Paulinho (como é mais conhecido), destacou a simplicidade do Padre Márcio. “Pe. Márcio, vulgo Jevu (do francês “Je vous”- introdução da Ave Maria), era grande amigo. Primeiro, destaco sua humildade. Era simples e não tinha vaidades ou pretensões. Sabia viver com as situações mais elementares. Em segundo lugar, era muito inteligente e não deixava que isso transparecesse. Lembra-me a Leitura de Notas do Seminário Menor, quando ele era ovacionado por ter alcançado as melhores notas. Não tinha necessidade de se mostrar sábio e perspicaz. Era uma inteligência lúcida de tudo e de todos”, destacou o sacerdote.
Outra virtude do Padre Márcio era a sua desenvoltura e domínio da arte da música. Além de ser um grande conhecedor e amante da música, durante muito tempo, foi professor de música no Seminário. “Outra característica era o dom musical para os teclados e, também, para as cordas do violão. Tocava maravilhosamente. Dizia ele que a música não podia ser estridente e alheia aos sentidos. Tocava todos os ritmos e os dominava como ninguém. Era respeitado no toque e na teoria musical, como professor de Música do Seminário. Discreto, não deixava enaltecer a potencialidade de seus talentos”, conta Padre Paulinho.
Padre Márcio faleceu com 63 anos, e atuou em várias paróquias da Arquidiocese de Mariana, ainda foi missionário em outros países como Bolívia e Guiné-Bissau.
“Não teve medo de levar o Evangelho com sua simplicidade e amor ao Cristo e à Igreja. Muitas saudades ficarão no coração de quem o estimava. Era antenado aos acontecimentos do cotidiano, sempre com um radinho por perto. Vez em quando, telefonava para cumprimentar pelos aniversários. Será sempre lembrado! O Pai Celeste acolha este filho querido”, finaliza Padre Paulo Barbosa.
Fotos: Cristiana da Silva Lopes
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