O Conselho Arquidiocesano de Pastoral (CAP) esteve reunido na última sexta-feira, 23 de fevereiro, em Mariana (MG), para o seu primeiro compromisso de 2024. Na pauta, os presentes refletiram sobre a celebração dos 60 anos do Concílio Ecumênico Vaticano II (1962 – 1965) e os 30 anos dos Grupos de Reflexão na Arquidiocese de Mariana.
Abrindo o encontro, o Arcebispo Metropolitano de Mariana, Dom Airton José dos Santos, recepcionou os presentes, destacando a importância do CAP para as atividades pastorais da Arquidiocese de Mariana. Na oportunidade, ele também enfatizou a missão e o compromisso de cada conselheiro, recordando-os da corresponsabilidade na caminhada desta Igreja Particular.
Em seguida, o Representante Arquidiocesano dos Presbíteros, Padre Mauro Lúcio de Carvalho, adentrou no primeiro assunto da reunião: o Concílio Ecumênico Vaticano II. Em sua fala, o sacerdote enfatizou que a assembleia convocada pelo Papa João XXIII quis renovar e intensificar sua fidelidade a Jesus Cristo.
“O Concílio Vaticano II surge do anseio da Igreja em dialogar e apresentar Jesus como fundamento da fé e das Igrejas. De um certo modo, nas entrelinhas desse Concílio está a máxima do Evangelho, que se tornou o lema da Campanha da Fraternidade 2024: somos todos irmãos. Só isso já faz do Concílio um farol necessário às comunidades paroquiais”, explicou Padre Mauro.
Durante a reunião, os conselheiros do CAP realizaram trabalhos em grupo de modo a pensar como a Arquidiocese de Mariana pode ajudar as suas comunidades eclesiais a conhecerem os documentos do Concílio. Dentre as sugestões apresentadas, estão a realização de cursos, podcasts, vídeos, entre outros.
Para Padre Mauro, esse entendimento é essencial, especialmente, diante das polarizações. “Acredito que muitos erros — polarização e divisões — acontecem por falta de conhecimento ou compreensão equivocada da Doutrina, da Tradição e da Palavra de Deus”, declara.
“Quando falo de conhecimento, penso em algo mais sistemático, teórico, um ir às fontes. Não é um conhecimento de ouvir dizer. Mais do que tornar conhecimento, nós precisamos estudar o Concílio. As comunidades sabem da existência do Concílio Vaticano II, mas conhecem pouco. Em tempos de polarização, o que se divulga nas redes sociais é, na maioria das vezes, descontextualizado. Não precisamos de um terceiro Concílio, mas de vivenciar o que já temos. Nossa Arquidiocese tem leigos, padres, seminaristas e diáconos capazes de fazer propagar a força renovadora e unificadora do Concílio Vaticano II”, defende Padre Mauro Lúcio.
Segundo o Coordenador Arquidiocesano de Pastoral, Padre José Geraldo de Oliveira, abordar esse tema é importante para “relembrar as comunidades que tudo isso que nós temos de organização vem do Concílio e que ele não foi ainda todo colocado em prática”. “É importante nós conhecermos, de fato, os documentos do Concílio, o que o trouxe para nós e o que nós podemos fazer a partir dele”, reforçou.
Padre José Geraldo frisa ainda que o Concílio Ecumênico II não propôs uma nova Doutrina da Igreja e do Evangelho, mas ofereceu uma “nova roupagem” e novos métodos de modo que a Doutrina da Igreja chegasse “a todas as pessoas, em todos os cantos, em todas as condições sociais”.
Ao todo, 16 documentos nasceram do Concílio Vaticano II, sendo: quatro constituições (conteúdo doutrinário), nove decretos (conteúdo disciplinar) e três declarações (juízo sobre). Todos eles estão disponíveis para a leitura no site: www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/index_po.htm
Outro tema em destaque foram os Grupos de Reflexão que, em 2024, completam 30 anos que foram assumidos pela Arquidiocese de Mariana. Antes disso, a iniciativa existia em algumas paróquias e comunidades de forma independente, utilizando o subsídio elaborado pela Diocese de Caratinga (MG).
À ocasião, o Assessor da Dimensão Comunitária e Participativa, Padre Paulo Barbosa, pontuou que os Grupos de Reflexão são essenciais para a iluminação, a formação e a criação das comunidades, além de abrir espaço para a coparticipação. “As comunidades se encontram nos pequenos grupos onde as pessoas interagem, comungam, refletem, buscam ações concretas para o dia a dia, do ponto de vista espiritual, catequético e bíblico”, afirma.
Outro ponto frisado por Padre Paulinho, como é conhecido, é que a partir dos Grupos de Reflexão, as principais ações pastorais da Arquidiocese de Mariana e da Igreja são fomentadas. “Os roteiros têm sido preparados com muito zelo e, de fato, eles norteiam a caminhada do Grupo de Reflexão. São 30 anos de uma história vitoriosa, uma vez que o roteiro é nosso e trabalha a caminhada e a ação pastoral da Arquidiocese de Mariana”, ressaltou. Além disso, pontuou-se que nas comunidades rurais e mais afastadas, muitas vezes, a única maneira que um assunto chega é por meio dos roteiros de reflexão.
Em sua colocação, Padre Paulinho expôs que a tiragem dos roteiros de reflexão já chegou a mais de 60 mil exemplares. Atualmente, esse número é de cerca de 18.450 exemplares, distribuídos em 77 paróquias e/ou comunidades arquidiocesanas e à Diocese de São João del-Rei (MG).
“Nós podemos chegar a ter mais presença a partir do momento que todos compreenderem a necessidade dos Grupos de Reflexão, porque ele chega à família como se fosse a Igreja doméstica e, ali, se reúne a partir da palavra de Deus, que ajuda a iluminar a realidade do dia a dia”, ponderou Padre Paulinho.
A partir da explanação do Assessor da Dimensão Comunitária e Participativa, os presentes foram chamados a pensarem sobre quais são os fatores positivos dos Grupos de Reflexão e o que fazer para despertar e criá-los nas comunidades. Algumas das propostas apresentadas foram mais incentivo por parte dos párocos a participação; ver na realidade da paróquia que pode ser o “pontapé” inicial para a criação dos grupos; e, assumi-los, de fato, como prioridade arquidiocesana. Dentre os aspectos positivos, estão a linguagem e as temáticas.
“Nós pedimos que as coordenações, em todos os seus níveis, levem a frente essa prioridade porque ela é a prioridade máxima da Arquidiocese de Mariana. Então, que os Conselhos Regionais e das Foranias implementem essas decisões, por meio do estudo, da formação e da preparação também dos grupos nas várias comunidades”, sublinhou Padre Paulinho.
Após o almoço, os Vigários Episcopais e/ou Secretárias Regionais apresentaram aos presentes os encaminhamentos das regiões após suas Assembleias, bem como o calendário das atividades pastorais para 2024 e o que já foi feito nos primeiros meses deste ano. Na oportunidade, também foram apontadas as dificuldades enfrentadas nos regionais, especialmente, relacionada às assessorias das pastorais e movimentos.
Outro assunto abordado foram os 150 anos da primeira consagração da Arquidiocese de Mariana ao Sagrado Coração de Jesus. Na reunião, o Diretor Arquidiocesano do Apostolado da Oração, Padre Euder Canuto, apresentou a proposta de programação para a data, de modo a envolver toda Arquidiocese. Vale lembrar que o Papa Francisco concedeu à tradicional festa da Basílica do Sagrado Coração de Jesus, em Conselheiro Lafaiete (MG), o título de Jubileu. (Saiba mais aqui)
Por sua vez, o Assessor Arquidiocesano da Dimensão Bíblica-Catequética, Padre Bruno Gomes, falou sobre as assembleias regionais realizadas em 2023 e as previstas para este ano. Outras informações repassadas foram sobre a constituição de uma Equipe Arquidiocesana de Animação Bíblica-Catequética e a atualização do Plano da Catequese.
Por fim, a Coordenação da Dimensão Sociopolítica da Evangelização utilizou a palavra para fazer repasses de algumas atividades de sua agenda, como o 10º Encontro de Mulheres da Arquidiocese de Mariana, que acontece nos dias 1º e 2 de março em Lamim (MG), o encerramento da 6ª Semana Social Brasileira, a 32ª Romaria dos Trabalhadores e Trabalhadoras e a 7ª Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce.
Texto e fotos: Thalia Gonçalves/Arquidiocese de Mariana