Nesta segunda-feira (25), o Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) realizou, em Congonhas, e outras cidades brasileiras, ato simbólico para marcar os dois anos do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), e prestar uma homenagem às 272 vítimas da tragédia. Em Congonhas, a ação teve como parceiros o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (SINASEFE IFMG), Sindicato Metabase Inconfidentes, NASCON, Pastorais Sociais, Movimento Mulheres em Luta e dos partidos políticos PSTU e PT.
O ato, que reuniu cerca de dez pessoas, teve início em frente a portaria da Fábrica da Vale, durante a chegada dos funcionários. À ocasião, os participantes lembraram as vidas perdidas em Brumadinho, e também em Mariana (MG), quando, em 05 de novembro de 2015, o rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, causou a morte de 19 pessoas.
“Depois viemos para a cidade e ficamos no semáforo, próximo ao Correio, e na Basílica para expor o objetivo da nossa luta e aproximá-la da vida cotidiana dos congonhenses, porque esta é uma luta de todos moradores de Congonhas”, conta a ativista do MAB, Olívia Santiago. Segundo ela, outra pauta da ação foi em relação ao turno de 12 horas que a empresa está querendo implantar.
O padre Paulo Barbosa, o padre “Paulinho”, que está à frente da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Congonhas, destaca a importância de não se esquecer a data. “Este rompimento trouxe para o Alto do Paraopeba e para todos o descaso para com a vida. A economia de uma empresa quer valer-se mais que as pessoas, os trabalhadores e o meio ambiente. Justiça se exige diante da inoperância do estado frente ao povo e aos pobres”, pontua o pároco local.
“Os atos simbólicos são importantes para prestar homenagem às 272 pessoas mortas em Brumadinho, lembrando que 11 delas ainda não foram encontradas. Mas, em Congonhas, é especialmente relevante esta luta porque nós já somos atingidos pela barragem de Casa de Pedra, da CSN Mineração, mesmo que ela não tenha se rompido, principalmente, os moradores da Zona de Autossalvamento (ZAS) que sofrem há anos com o risco de rompimento. Os crimes de Mariana e Brumadinho revelaram a situação de emergência em que várias cidades de Minas Gerais estão expostas”, ressalta Olívia.
De acordo com a militante, uma das pautas de luta do movimento em Congonhas é a reconstrução da creche e da escola do bairro Residencial Gualter Monteiro, que foram fechadas há mais de dois anos, sejam reconstruídas em local seguro, assim como toda a população que está na ZAS.
“Por isso, o futuro das famílias das ZAS tem de estar na pauta das organizações sociais, do governo municipal, das instituições públicas e principalmente da CSN, para que ocorra um debate justo sobre questões sociais, econômicas, ambientais e culturais que são impactadas pela barragem Casa de Pedra. É importante relembrar que a barragem não oferece risco apenas aos moradores de sua proximidade. Toda a cidade de Congonhas e a região será devastada caso haja um rompimento. Estamos localizados no Alto do Rio Paraopeba, o mesmo do crime em Brumadinho, e todas as cidades abaixo de nós serão impactadas também”, conclui.
Para marcar a data, desde o último dia 18, a Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário (RENSER) da Arquidiocese de Belo Horizonte (MG) promove a II Romaria Regional pela Ecologia Integral a Brumadinho (MG). “A ideia é construirmos uma grande rede de romeiros e romeiras em todo o país com panos vermelhos em nossas janelas, mostrando que somos todos irmãos e irmãs em luta por Brumadinho”, afirmaram os organizadores sobre o evento.
Créditos das imagem: Nayara Mara
* Com informações da CNBB