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Memória de bispos acendedores de esperança neste 27 de agosto: Dom Helder, Dom Luciano e Dom Zumbi

27 de agosto de 2021 Igreja no Brasil

O cenário pandêmico e as inúmeras crises que assolam o Brasil faz com que o povo clame aos céus para continuar em sua caminhada na construção do Reino de Deus. Fé e esperança são virtudes que não podem faltar nesse caminho para também alimentar a caridade. E, neste dia 27 de agosto, a Igreja no Brasil recorda a Páscoa de três bispos que marcaram a história recente como verdadeiros artífices do esperançar, por meio de seu testemunho profético.

Dom Helder Pessoa Câmara (1909-1999), Dom Luciano Mendes de Almeida (1930-2006) e Dom José Maria Pires (1919-2017), além de marcarem a história das Igrejas particulares das quais estiveram à frente, também tiveram atuação memorável frente aos desafios sociais brasileiros, como a pobreza e a desigualdade, o racismo, os conflitos de terra, a exclusão e as violações de direitos.

Além desse exemplo de profecia diante da realidade social, os três também buscaram sempre mostrar aos fiéis a importância da fé e da esperança.

Dom Helder Câmara

O cearense conhecido como “Dom da Paz”, nascido em 7 de fevereiro de 1909, quis acender a vela da vida “cem vezes, mil vezes, um milhão de vezes de esperança que ventos perversos e fortes teimam em apagar”. Ele encarnou a “grande e bela profissão” de “acendedor de esperança”. Esperança essa que para Dom Helder “é crer na aventura do amor, jogar nos homens, pular no escuro, confiando em Deus”.

Na celebração dos 22 anos de sua morte, a arquidiocese de Olinda e Recife terá uma missa na catedral metropolitana, em Olinda (PE), às 19h, presidida pelo arcebispo, dom Fernando Saburido. A eucaristia terá transmissão ao vivo pela Rádio Olinda FM 105.3 e pelo canal do YouTube da Arquidiocese.

Ao final da celebração, representantes da Diretoria e Conselho Curador do Instituto Dom Helder Camara (IDHeC) irão entregar oficialmente a dom Fernando os documentos solicitados pelo Vaticano para dar continuidade ao processo de beatificação e canonização do servo de Deus Dom Helder.

Dom Luciano Mendes

Foto: Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana

Secretário-geral, eleito em primeiro turno, e presidente da CNBB por duas ocasiões – entre 1979 e 1995 – o carioca Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, nascido em 5 de outubro de 1930, é lembrado pelo seu amor dedicado a cada pessoa, a escolha pelos mais pobres e pelas crianças, a inteligência.

Certa vez, em entrevista à Rede Vida, destacou que “é preciso descobrir, em cada pessoa aquele aspecto de santidade que reflete o vulto, o rosto, a presença do Cristo”.

E essa busca por Jesus, a relação com Deus, marcam sua história e seu testemunho de santidade. O bispo emérito do Xingu, Dom Erwin Kräutler certa vez comentou: “O bom Deus dotou Dom Luciano com uma rara inteligência, um raciocínio perspicaz, uma memória invejável e uma sabedoria profunda. Inteligência, raciocínio e memória são sempre dons congênitos. A sabedoria de Dom Luciano, porém, foi fruto de sua intensa e ardente experiência de Deus”.

Na noite desta quinta-feira, durante encontro da Escola de Fé e Política Dom Luciano, na Arquidiocese de Mariana (MG), vários agentes de pastoral recordaram momentos com dom Luciano e histórias em que saltava aos olhos seu testemunho evangélico.

O diretor executivo da Fundação Cultural e Educacional da Arquidiocese de Mariana, Cônego Lauro Sérgio Versiani Barbosa, sintetizou as partilhas destacando a “coerência da vida de Dom Luciano que está ligada com a sua experiência de Deus”.

“O que Dom Luciano fez foi realmente a incorporação do seguimento de Jesus Cristo em todas as realidades históricas concretas. É um homem que não tem a ingenuidade, tem uma visão da história crítica, mas percebe a maneira de Jesus salvar o mundo e com essa maneira que ele se identifica através dos exemplos”, disse.

Nesta sexta-feira, a Arquidiocese de Mariana recordará os 15 anos de falecimento do Servo de Deus Dom Luciano Mendes de Almeida. O Arcebispo Metropolitano de Mariana, Dom Airton José dos Santos, presidirá a Santa Missa às 18h30 no Santuário de Nossa Senhora do Carmo, em Mariana (MG), com transmissão pelos canais no YouTube da Arquidiocese e da Faculdade Dom Luciano Mendes (FDLM).

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Dom José Maria Pires

O Dom Pelé ou Dom Zumbi também teve atuação marcante na Igreja ao defender camponeses na Paraíba e lutar contra o racismo estrutural, mesmo dentro das estruturas da Igreja. A articulação dos Bispos Negros teve sua participação. Em 2017, quando faleceu, era o bispo mais idoso do Brasil, com 98 anos.

Nascido no dia 15 de março de 1919, na cidade de Córregos (MG), foi um dos padres conciliares brasileiros no Concílio Vaticano II. Foi bispo de Araçuaí (MG), de 1957 a 1965; e depois, arcebispo da Paraíba, de 1966 a 1995. Foi também membro da Comissão Central da CNBB e Presidente da Comissão Episcopal Regional NE2.

Seu exemplo de fé e esperança para os dias atuais pode ser recordado a partir de um trecho de sua carta pastoral de março de 1976: “quando se cansar a paciência do pobre que está sendo esmagado pelos poderosos, a de Deus também se cansará e Deus virá fazer a justiça que os homens se recusaram a fazer”.

Por ocasião do centenário de seu nascimento, em 2019, o padre Luís Miguel Modino escreveu o artigo “Centenário de Dom José Maria Pires, o bispo da causa negra”, no qual cita um trecho do prefácio escrito por dom Helder Câmara no livro “Do Centro para as Margens” (1987):

“Dom José Maria vai às causas, vai às raízes… E fala claro, sem perder a serenidade, mas chamando as coisas pelos nomes. Quem quiser livrar-se de um Cristianismo desencarnado, quem quiser livrar-se de ensinamentos inodoros, incolores, pregados no vácuo, leia suas páginas”.

Texto e imagens: CNBB

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